Luanda - Tem sido recorrente nas vésperas da eleições o MPLA levantar o fantasma da guerra em Angola através dos discursos dos seus dirigentes e/ou através da exibição de imagens do conflito armado nas estações televisivas sob o seu controlo (TPA e Tv Zimbo). E em função disso o MPLA propaga slogans ou lemas, tais como: Vota na estabilidade; Paz e Desenvolvimento; etc.

Fonte: Club-k.net

Os leigos em Psicologia Social acham sempre que o fantasma de guerra nas vésperas de eleições representa a falta de argumentos por parte do MPLA. SIM e Não!

A ciência mãe da publicidade e da propaganda política é a Psicologia Social, e esta tem como mãe a Psicologia (que tem como objecto de estudo a psique “a mente humana”). Por isso, aquele que pretende manipular as grandes massas a seu favor ou protegê-las das manipulações, tem de estudar com profundidade esta ciência. Aprender a ideologia de um partido político não basta…

O MPLA sempre contratou assessores maquiavélicos para a sua manutenção no poder e, sobretudo, marqueteiros estrangeiros de proa para assessorar as suas campanhas eleitorais. E estes contratados são movidos pelo dinheiro e não pelo humanismo. Embora a primeira experiência da aplicação da Psicologia Social na Publicidade (propaganda) tenha sido para fins maléficos, ou seja, para fazer com que as mulheres começassem também a fumar nos Estados Unidos e América, não é ético usar a ciência para fins que não constroem as sociedades, tais como: construção de bombas nucleares, o uso das neurociências para perpetuar no poder regimes que hostilizam o seu próprio povo, etc.

Vamos ao cerne da questão!

Foi comprovado cientificamente que o MEDO é um dos factores determinantes para a MOBILIZAÇÃO. O nosso subconsciente é movido por medos e reage quase instintivamente para repelir tais medos. Mais de 60% das decisões do ser humano são movidas pelo medo. Mas atenção! A publicidade ou propaganda política não reside em espalhar o medo, mas em espalhar o “antídoto” para o medo.

Por exemplo, vamos ao ginásio ou fazemos dieta por medo (medo de envelhecer cedo, medo de ter um tamanho desagradável, medo de morrer cedo por isso queremos ter uma saúde equilibrada, etc.). Então na construção da publicidade para um ginásio deve se enaltecer a saúde, mas sem deixar de transparecer (nem que seja de forma subliminar) o envelhecimento e a morte prematura que são alguns dos medos que moverão os clientes. É o medo de passar necessidades que faz a mulher escolher como esposo àquele que vai suprir tal carência (seja ela económica, moral, protecção, etc.).

Então na manipulação das grandes massas o que os grandes especialistas em marketing (atenção marketing não é publicar imagens dos comícios ????) fazem é determinar o medo e o consciente colectivos dessas massas, para a partir desses dois factores construir um antídoto. O lema da campanha eleitoral deve ser exactamente o antídoto para este medo colectivo com base no consciente colectivo. E é isso que o MPLA tem feito quando invoca sempre o fantasma da guerra.

O povo viveu e viu como a guerra arrasou as infra-estruturas do país e concomitantemente a sua economia. E é de propósito que o governo do MPLA não se aplica afincadamente na reconstrução e construção de infra-estruturas que teriam alavancado o desenvolvimento do país. E é de propósito que não se ensina nas escolas a verdadeira história de Angola, sobretudo de 1960 a 2022. É mesmo para manter no consciente colectivo das massas o medo do fantasma da guerra, pois o MPLA sempre se arroga de ter pacificado o país…

Há quem diga que uma parte significativa dos eleitores actuais não viu a guerra. Sim, é real! Mas a revivem de forma subliminar através de relatos de pessoas adultas nos seus lares e noutros convívios, veem as marcas e a revivem também através da engenheira social induzida pelo subdesenvolvimento propositado.

Que fazer para salvar o povo angolano dessas manipulações que são usadas para perpetuar o seu sofrimento? Isto requer um estudo profundo! Mas as algumas medidas seriam:

▪︎ Enaltecer a paz social enquanto o MPLA invoca sempre a paz das armas. Pois ausência da paz social tem como consequências directas as convulsões sociais que depois geram guerras. A paz social tem a ver com amor ao próximo, com o direito as 3 refeições diárias, com o direito a assistência médica e medicamentosa de qualidade, educação de qualidade, etc.

▪︎ Contar reiteradas vezes a verdadeira história de Angola, sobretudo de 1960 a 2022, de modo o povo a aferir que culpados somos todos nós, isto para que a balança da culpa não continue a pesar para um só lado.

Ao invés de criarmos engenharias sociais para manter o povo na ignorância com objectivo de explorá-lo levantando sempre o fantasma da guerra; devemos primar por aquelas engenharias que têm como base o amor ao próximo, aquelas que constroem o futuro, aquelas que nos congregam, aquelas engenharias sociais que permitem que todos os filhos de Angola participem na construção do desenvolvimento da sua nação. É nisso que se fundamenta o GIP, o Governo Inclusivo e Participativo que a UNITA vem propondo aos angolanos desde 2017.

Tenho dito!

✍️✍️ZITO PAIVA
Sassonde, 28/07/2022