Luanda - Analistas ouvidos pela DW dizem que primeiros setes dias de campanha "surpreendem pela positiva". No entanto, e como ponto negativo, salientam a troca de acusações entre líderes do MPLA e UNITA.

Fonte: DW

A caminho das eleições gerais de 24 de agosto em Angola fazemos, este domingo (31.07), o balanço daquela que foi a primeira semana de campanha eleitoral.


Concorrem neste pleito, o quinto no país desde a instalação do multipartidarismo em 1992, a Aliança Patriótica Nacional (APN), a Convergência Ampla de Salvação de Angola-Coligação Eleitoral (CASA-CE), a Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA), o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), o Partido Humanista de Angola (PHA), o Partido Nacionalista da Justiça em Angola (P-Njango), o Partido de Renovação Social (PRS) e a UNITA (União Nacional para Independência Total de Angola).


Consumidos sete dos 30 dias de campanha eleitoral estipulados pela lei, o especialista angolano em processos eleitorais e membro do Observatório Eleitoral Angolano, Luís Jimbo, considera que até à data, a campanha eleitoral, que teve início no dia 24 de julho, surpreendeu pela positiva, desde já pelo conteúdo e a qualidade dos programas de Tempo de Antena, emitidos na Rádio Nacional e na Televisão Pública de Angola.


Nas eleições de 2017, lembra Luís Jimbo, os partidos avançaram para campanha eleitoral "sem conteúdo" nos seus espaços de antena. "Desta vez, todos os candidatos se apresentaram com conteúdo", diz.

Já David Boio, professor do Instituto Superior Politécnico Sol Nascente (ISPSN), localizado na província do Huambo, realça a força eleitoral demonstrada pelos principais partidos.

 

As trocas de farpas entre João Lourenço e Adalberto Costa Júnior, diz analista, é um acontecimento que pode gerar violência física entre os apoiantes.


"A primeira coisa a destacar é o facto de ambos os principais partidos, o MPLA e a UNITA, estarem a demonstrar uma grande capacidade de mobilização popular", afirma o também sociólogo, que acrescenta que, principalmente no caso da UNITA, este é um dado importante, pois "dá a ideia ao eleitorado de que há possibilidades e capacidades para mobilizar milhares de pessoas".


Violência verbal

Já entre "os lícitos que marcaram negativamente esta semana das eleições", considera Luís Jimbo, está a violência verbal. As trocas de farpas entre João Lourenço e Adalberto Costa Júnior, diz o analista, é um acontecimento que pode gerar violência física entre os apoiantes.

"A lei proíbe mensagens que incitam a violência. E esta semana terminou com discursos que incitam a violência. Nas suas mensagens, os candidatos da UNITA e do MPLA, Adalberto Costa Júnior e João Lourenço, fizeram acusações diretas, um contra o outro, estão a chamar-se de "cobarde". E outras mensagens que incitam o racismo", nota.

Pequenos partidos poderão ter papel "relevante"

Tirando o MPLA e a UNITA, que claramente estão em vantagens na disputa à Cidade Alta, os restantes e pequenos partidos vão-se impondo na disputa da caça ao voto dos cerca de 14 milhões de eleitores.


Num país onde não são feitas sondagens eleitorais, o professor universitário David Boio não tem dúvidas que o próximo governo, a sair das eleições de 24 de agosto, firmará um pacto político.


"Se o MPLA ou a UNITA ganharem as eleições sem maioria absoluta, vão precisar de outros partidos. Isso é que, na minha perspetiva e nesse contexto, torna esses partidos relevantes", conclui.