Luanda - O Presidente da UNITA, Adalberto Costa Júnior desafiou publicamente o Presidente do MPLA, João Lourenço, para um debate público neste período de campanha eleitoral. Acto continuo — o Presidente do MPLA declinou publicamente o convite do seu principal adversário político.
Fonte: Club-k.net
“ O medo tem alguma utilidade, mas a covardia não”. Mahatma Gandhi
Em face disso, questionamos: o debate público entre candidatos em campanha eleitoral é um acto obrigatório ou é facultativo em democracia?
O Debate “ é um modelo de contestação baseado na argumentação onde duas, ou mais, ideias conflitantes são defendidas ou criticadas com base em argumentos”.
Este mecanismo democrático é usado em várias actividades tais como nas escolas, nas universidades, nos meios de comunicação social (para tratar de variadissimos temas), nas instituições associativas, na política (parlamento e entre candidatos presidenciais, autárquicos, etc), entre outros.
O primeiro debate televisivo entre candidatos ocorreu nas eleições presidenciais americanas de 1960 entre o candidato democrata, J.F. Kennedy e o seu “homólogo” republicano, Richard Nixon.
Depois deste evento mediático, os debates presidenciais passaram a ser um dos pontos altos das eleições presidenciais no chamado “mundo livre”.
Na actualidade, assistimos em todas as democracias (as consolidadas na América do Norte e Europa ou nas emergentes em África, América Latina e Ásia) debates entre candidatos presidenciais.
Não sendo uma obrigatoriedade legal, os debates entre candidatos passou a ser uma praxe - um procedimento incontornável em democracia, sobretudo no período de campanha eleitoral. Podemos dizer, sem pestanejar, que o debates entre candidatos em eleições é uma obrigação democrática.
O debate entre candidatos em campanha eleitoral constitui uma oportunidade para os eleitores conhecerem as suas ideias sobre os grandes temas nacionais e internacionais; esclarecem-se dúvidas, refutam-se ideias e teorias, comprovam-se ou reprovam-se a as capacidades dos competidores políticos, etc.
O formato varia em função da realidade e do grau de democraticidade de cada país, porém, em todos eles há um mediador, debatedores, plateia e com direito a cobertura mediática sobretudo da televisão.
Embora nem sempre cumpram com os objectivos, o debate entre candidatos é hoje um sintoma do nível de democracia de um estado — naqueles em que não há debates o nível de democracia é baixo ou inexistente.
A recusa do Presidente do MPLA em debater com o seu principal opositor é um sinal inequívoco que o estágio da nossa democracia é ainda imberbe.
Urge corrigir essa enormidade — banir de vez da vida pública esse pesado equívoco histórico.
Tratou-se de uma contradição insanável que felizmente será ultrapassada pela “força normativa dos factos” cujo devir está a favor da democracia.
Como dizia Joseph Joubert, “ a meta de uma discussão ou debate não deveria ser a victória, mas o progresso”.
E é disso que precisamos —“progresso” e só o alcançaremos a todos os níveis com homens que saibam o que significa democracia!