Luanda - O Projecto da Juventude da Sapu II, junto ao Campus Universitário, foi construído no âmbito do programa de fomento habitacional do Executivo saído do plano de governo do MPLA para o quinquénio 2008 – 2012.

Fonte: Club-k.net

Trata-se de um projecto com cerca de 160 moradias e o valor de aquisição das mesmas variou entre os 80/82 mil dólares americanos, divididos em três tipologias diferentes (empreiteiro angolano, brasileiro e chinês) e que custaram aos cofres do Estado Angolano cerca de 150 milhões de dólares americanos.


Pela forma como decorreu o processo de aquisição das referidas habitações, adicionado ao custo das habitações e aos requisitos exigidos aos cidadãos que aderiram ao referido projecto, tudo fazia crer que, o “Condomínio da Juventude” era destinada à classe média. Figuras como desportistas (futebolistas, basquetebolistas, andebolistas), músicos, artistas, jornalistas, funcionários públicos, etc., perfilavam na lista de candidatos a moradores do tão esperado condomínio dos sonhos.

Com o Banco de Poupança e Crédito em coordenação com o Ministério da Juventude e Desportos na altura liderado por Gonçalves Muandumba a conduzirem o processo de distribuição das moradias, começamos a sentir os primeiros sinais de que as coisas não iriam terminar da melhor forma. Uma descoordenação total, não havia sintonia entre as listas proveniente do MINJUD e o BPC, haviam pessoas que as tipologias das casas não correspondiam com aquela que constava no contrato, outras que nem sequer constavam da lista do MINJUD, mas conseguiram ter a acesso as casas.

Com a aproximação das eleições de 2012 e as obras ainda a decorrerem, Bento Bento na qualidade de Primeiro Secretário provincial do MPLA em Luanda, visitou o referido projecto e ordenou maior celeridade no processo de entrega das residências aos jovens com o argumento de que as mesmas tinham que ser entregues aos seus legítimos proprietários antes das eleições 2012.


Esta “pressão” exercida para que as residências fossem entreguem nas condições em que se apresentavam, contribuiu para o descalabro de um projecto que tinha tudo para dar certo.


No segundo trimestre de 2012 teve início o processo de entrega das “chaves”. Cada proprietário foi ocupando a sua residência mesmo confrontados com a fraca qualidades das mesmas. Em pouco tempo as residências começaram a apresentar os primeiros sinais de fissuras.


Sem pavimentação do piso, sem uma rede de esgotos, sem um sistema de drenagem, sem saneamento básico, seguiu-se o abandono das obras por parte dos empreiteiros, deixando os novos “Inquilinos do Condomínio” a sua sorte. Depois, seguiram-se as invasões das residências.


Os residentes, por intermédio da sua Comissão de Moradores, desde 2012 que vêm solicitando a intervenção dos órgãos competentes e de todas as entidades envolvidas neste processo, mas sem qualquer sucesso. Não retiram os invasores e nem melhoram as condições do referido projecto.


O tempo foi passando e hoje o Projecto da Juventude que fazia parte de uma estratégia do Executivo que tinha como objectivo albergar jovens que sendo estudantes, poderiam fazer a articulação com o Campus Universitário, está completamente esquecido, sem água a mais de dois anos, sem acessos condignos, falta de iluminação pública e sem saneamento básico. Sempre que chove os moradores não conseguem sair das suas residências.

Depois de tantas súplicas não atendidas por parte das instituições do estado, e um enorme desgaste, de forma desesperada, os moradores que resistem na esperança de dias melhores, clamam por acessos condignos e pedem a intervenção do Governo no sentido de se equacionar a possibilidade de asfaltagem dos principais pontos de acesso durante esta época seca, porque o início da próxima época chuvosa, que se advinha, é encarado como mais um período de sofrimento para estes moradores.

A situação dos moradores desta circuncisão não é fácil. Durante a época de chuvas, a dificuldades de entrar e sair do projecto é gritante porque a ausência de um sistema de drenagem das águas contribui para que as ruas fiquem completamento alagadas.

Quando não há chuvas (como o momento que atravessamos), o sofrimento dos moradores do “Condomínio” da Juventude são as grandes quantidades de areia que provocam o atolamento de viaturas.

Perante este grande nível de insatisfação que habita na mente dos moradores do Projecto da Juventude junto ao Ulengo Center, nas conversas entre os moradores, o desabafo assenta sempre no seguinte: Não vamos sair das nossas casas para votar em ninguém porque nunca quiseram saber de nós.

Perante esta situação, eis a pergunta que não se quer calar: Quem salvará o Projecto da Juventude da Sapu II?

*Mestre em Governação e Gestão Pública e Docente Universitário