Luanda - “ Quando você elimina o impossível, o que restar, não importa o quão improvável, deve ser a verdade”, Arthur Conan Doyle

Fonte: Club-k.net


A maior força política da oposição — UNITA, apresenta -se nestas eleições com um candidato improvável.

 

Adalberto Costa Júnior (adiante ACJ) ultrapassou as barreiras raciais, as armadilhas judiciais e jurídicas, as intrigas partidárias e colou-se com firmeza na liderança do seu partido.

 

Conhecido pela oratória fluida e a postura dialogante, ACJ foge da matriz tradicional da UNITA.


Embora seja quadro antigo do partido do galo negro, ACJ surpreendeu tudo e todos quando antecipou aquilo que muitos julgavam não ser possível numa organização cujo manifesto de criação apela a uma qualquer genuidade africana.

A popularidade de ACJ é inegável e explica -se também pelo crescente desencanto que há da longeva governação do partido no poder e da opacidade e lassidão da sua actual liderança.

ACJ não é apenas o sortudo que aproveita as deixas do adversário incumbente, é também o postulante de um grande partido tradicional que se eleva para abraçar um projecto congregador de várias sensibilidades políticas e sociais.

A Frente Patriótica Unida (FPU), cujo nome e sigla tem sido ofuscadas pela UNITA nesta campanha eleitoral, é uma ideia brilhante mas cuja execução não tem sido muito feliz.

A FPU é uma geringonça que não dá garantias de funcionar como “governo de coligação “ quando os desafios de governação colocarem à prova as qualidades dos seus integrantes.

Por outro lado, ACJ surpreende pela negativa nesta campanha eleitoral ao adoptar uma postura de”trocas de farpas rasantes” nas suas intervenções públicas com o seu mais directo adversário político.

Era suposto fazer diferente e melhor.

Mas não o faz!

Ademais, ACJ não conseguiu escapar à tentação clássica da generalidade dos políticos em campanha eleitoral — promessas irrealistas ou falsas promessas.
O salário mínimo nacional de akz 150 000,00 (cento e cinquenta mil kwnzas) e a Revisão Constitucional estão no top da lista. Se não são impossíveis de as realizar, essas promessas são tecnicamente inviáveis.


ACJ é um epifenónemo que luta incansavelmente para não perder a única brecha que tem para chegar ao poder. Continuar na oposição não é opção para este político que compreendeu que em política o tempo determina o vencedor.


E a um passo de fazer história como o primeiro candidato da oposição a vencer eleições em Angola, ACJ deve falar ao que vem e não tanto dos erros do seu principal adversário. Cansados andamos nós do mais do mesmo— precisamos de um líder diferente. Se for para ser Presidente da República que seja diferente na forma e no conteúdo.