Luanda - O líder da UNITA disse hoje que o partido da oposição em Angola "não tem dinheiro para dar camisolas", rejeitando as acusações de financiamento por corruptos, e afirmou que é o MPLA que incentiva a corrupção com a entrega de contratos aos amigos.

Fonte: Lusa

Oposição contra-ataca e diz que "não tem dinheiro para comprar camisolas"

Adalberto da Costa Júnior respondia assim às acusações do presidente do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), João Lourenço, que se candidata a um segundo mandato na Presidência angolana, discursando perante os seus apoiantes no Dundo, capital da Lunda Norte.

 

"Angola está efetivamente a combater a corrupção", disse João Lourenço num comício em Malanje, considerando "irónico" que alguns dos seus concorrentes digam que o MPLA "não está a fazer nada".

 

"O que é irónico é que esses que defendem esse ponto de vista fizeram um pacto com os corruptos, estão a comer no prato dos corruptos, estão a ser financiados pelos dinheiros saídos de Angola pela porta da corrupção, esses são os seus reais financiadores", sublinhou Lourenço, insinuando que a candidatura do presidente da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) estará a ser financiada por pessoas visadas pela justiça angolana.

 

Na resposta, Adalberto da Costa Júnior ironizou: "Estes que chamam os outros de `marimbondos` quando passam em frente ao espelho veem um `marimbondo` refletido", disse, aludindo à expressão que João Lourenço celebrizou em 2018, numa passagem por Lisboa, pouco tempo depois de ter sido eleito, quando se propôs a combater a corrupção destruindo "o ninho do marimbondo" (espécie de vespas).

 

O presidente da UNITA usou o mau estado das estradas para exemplificar os desvios de dinheiros públicos, sublinhando que aplicaram pouco na obra e o resto foi para o bolso de quem governou.

 

Considerou ainda que as práticas da corrupção pioraram, criticando a contratação simplificada (ajuste direto) e sublinhou que durante os cinco anos de mandato de João Lourenço, 97% dos contratos "foram entregues aos amigos", com parte do dinheiro a ser usado para financiar o MPLA.

 

"Depois dizem que andamos a comer no prato dos `marimbondos`, não pensem que os angolanos andam distraídos", clamou o dirigente da UNITA, realçando que "o maior incentivo à corrupção é a contratação sem concursos públicos".

 

"Agora está a dizer que a UNITA esta financiada pelos `marimbondos`, que a campanha da UNITA está financiada pelos `marimbondos`", disse Adalberto da Costa Júnior no comício, salientando, no entanto, que não tem dinheiro para dar camisolas.

 

O líder da UNITA salientou que o dinheiro da campanha -- recebido inclusivamente através de contas bancárias abertas a apoiantes da sociedade civil - está a ser aplicado na mobilização para o voto e para a segurança do voto, lamentando que a campanha eleitoral seja "completamente desigual" num "país pintado completamente com as cores de um determinado partido", referindo-se ao MPLA, que governa Angola desde 1975.

 

No comício, Adalberto da Costa Júnior voltou a falar do elevado índice de assassinatos naquela província, origem de grande parte dos diamantes de Angola, "uma violência que deve acabar" e que está relacionada com a expropriação das terras por parte das companhias. Insistiu também no mau estado das estradas que ligam as Lundas ao resto do país, criticando a degradação de obras rodoviárias feitas nos últimos anos.