Luanda - A Igreja Católica angolana apelou ao diálogo para que, após as eleições, seja possível "construir a paz e a concórdia". O arcebispo José Manuel Imbamba pediu ainda "reconciliação e unidade" no dia 24.

Fonte: Lusa

O arcebispo, Manuel Imbamba, presidente da conferência Episcopal de Angola, com a conselheira presidencial do MPLA, Fátima Viegas, no final de uma cerimónia de apresentação do programa de governo do MPLA no âmbito da campanha eleitoral para as eleições gerais de Angola, Luanda, Angola, 19 de agosto de 2022. As eleições gerais angolanas, quinto escrutínio da história política do país, estão marcadas para 24 de agosto e contam com candidaturas de oito formações políticas, que estão em campanha eleitoral desde


O líder da Igreja Católica angolana mostrou-se esta sexta-feira confiante na maturidade democrática dos eleitores e pediu aos políticos que promovam o diálogo para que, no dia seguinte às eleições, seja possível “construir a paz e a concórdia”.

No dia seguinte [às eleições de 24 de agosto], continuaremos a ser angolanos, a construir a paz, a construir o amor, a concórdia e a reconciliação. A construir a Angola de todos para todos”, disse o arcebispo José Manuel Imbamba, presidente da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST), em declarações aos jornalistas, no final de uma cerimónia organizada pelo MPLA com confissões religiosas.


Sobre o dia das eleições, o arcebispo de Saurimo que dirige a igreja angolana pediu que a data “seja vivida como um momento de convívio social”, num “espírito de paz, reconciliação, unidade e irmandade” que “esteja acima de outras querelas”.

 

Que no dia 24, o povo angolano demonstre essa maturidade que sempre demonstrou noutros momentos” e que os líderes políticos “deixem todos os ressentimentos, todos os ódios, que não olhem o poder pelo poder, que vivam a paz virada para o progresso do povo angolano”, pediu José Manuel Imbamba.


Na sessão do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), foi apresentado o programa do partido governamental, que dirige os destinos de Angola desde a independência, mas Manuel Imbamba lamentou que este tipo de diálogo institucional não se repita fora dos períodos eleitorais.

[É] uma iniciativa que considero muito oportuna e importante porque tomámos contacto com aquilo que o partido no poder pensa em relação aos próximos cinco anos”, mas “é um diálogo que não deve ser reservado apenas para momentos como estes, perto das eleições”, salientou o prelado.


Para José Manuel Imbamba, “deveria ser um diálogo frequente” para se pensar “os problemas comuns”, e pediu uma mudança estrutural na administração do país.


A reforma do Estado é o caminho para a solução de todos os problemas. Reforma esta que exige primeiro a reforma das próximas pessoas” que devem “incorporar os valores éticos” em “relação aos compromissos sociais, para que verdadeiramente esses compromissos sejam assumidos em nome de Angola e da cidadania e não em nome do partido ou da militância”, explicou, lamentando a partidarização das instituições públicas.


“As instituições ainda têm doenças endémicas que é preciso sanar e essas doenças têm a ver com a própria instrumentalização e politização e todos aqueles vícios que não ajudam a que essas instituições estejam ao serviço da cidadania”, salientou.

Angola vai a votos a 24 de agosto para escolher um novo Presidente da República e novos representantes na Assembleia Nacional.