Lisboa - Uma semana após as eleições o MPLA em Luanda ainda faz balanços e procura encontrar razões que explicam a inesperada derrota no círculo provincial de Luanda.

Fonte: Club-k.net

Para a maioria dos críticos, o MPLA falhou de forma grosseira na elaboração da equipa operativa da campanha, ao confiar ao general Tavares e Leonel da Rocha Pinto missões tão delicadas, como é a mobilização de votos em zonas periféricas e no seio da juventude. O facto é que mem o general Tavares, Leonel da Rocha Pinto, ou a própria vice presidente do MPLA mostraram possuir arcaboiço suficiente para convencer o eleitorado em Luanda a votar no Partido.


Como se não bastasse os acima referidos, os críticos sublinham, ainda, ter sido um erro de palmatória associar à equipa operativa do empresário Tulumba.


O facto é que ao confiar em Tavares, Leonel da Rocha Pinto & companhia, pessoas próximas de João Lourenço, pensou-se que estariam ao altura de substituir o trabalho feito no passado por Kopelipa e Kangamba, duas figuras importantes estratégia do MPLA vencer as eleições.


Existe uma ala no MPLA defende que João Lourenço falhou ao mostrar-se incapaz de manter a mesma equipa responsável pelas brilhantes campanhas do Partido ao tempo de José Eduardo dos Santos. Aliás, os principais estrategas dos vários anos de JES no poder são os generais Kopelipa e Kangamba, sobretudo este último, por ser um dos grandes mobilizadores do MPLA em zonas periféricas.


Está claro que a ausência de Kangamba na campanha do Partido em Luanda influenciou negativamente nos resultados. Basta ver a forma como o MPLA perdeu as eleições em Luanda e em bairros como Palanca, Mabor e outros maioritariamente habitados por angolanos regressados dos Congos. Apesar do Partido ter falhado com Kangamba, ao protagonizar aquele triste episódio no Cunene, com homens do SIC a algemá-lo, Kangamba ainda reúne grande popularidade junto dos jovens. Ainda assim, é visível a grande desmotivação que muitos populares e militantes do MPLA sentiram ao ver alguém a quem sentem muito carinho ser detido e algemado na via pública. Como se não bastasse a humilhação que passou este cabo eleitoral do MPLA, Kangamba viu ainda fechar quase todas as empresas suas que apoiavam os jovens, kinguilas, lavadores de carro, engraxadores entre outros jovens, que ajudava com regularidade.


Perante tal situação, Bento Kangamba foi obrigado a afastar-se do cenário político do MPLA, tendo passado durante a maior parte do tempo no exterior do País a reflectir sobre o seu futuro na política.


Tudo isso pesou na mobilização de votos para o seu MPLA. Pois, quer goste-se ou não de Kangamba, o político goza de grande popularidade junto dos jovens, sobretudo pelo facto de durante quase todos os mandatos de José Eduardo dos Santos ter-se dedicado a apoiar os jovens nos seus projectos, tendo sido, por isso, apelidado de "empresário da juventude".


E só para se ter uma ideia da popularidade de Kangamba, quando foi chamado a aparecer nos últimos dias da campanha de João Lourenço, o povo vibrou com a sua presença e procurava sempre pelo BK.


O empresário habituou assim os populares. Em tempos da Covid-19, muito difíceis a comunidade desfavorecida, Bento Kangamba fez questão de levar ajuda às zonas periféricas, como água e cesta básica. Há quem diga, por isso, que a reviravolta do MPLA nos resultados em alguns distritos de Cacuaco foi graças a estas intervenções de Kangamba, que foi visto a percorrer os bairros mesmo durante as noites, passando a mensagem do Partido e de João Lourenço.


A estratégia da campanha do MPLA em Luanda teve muitos furos abaixo. Houve rios de dinheiros gastos em vão. O Partido gastou dinheiro desnecessário nos últimos dias distribuindo valores aos primeiros secretários dos Comités, que foram usados para nada, pois os beneficiados limitaram-se a gastá-lo para fins alheios à campanha.


A derrota em Cabinda, segundo ainda vozes mais experientes, deveu-se também um pouco a forma como João Lourenço tratou Augusto Tomás, um filho amado dos Cabinda. A prisão de Tomás e todas as incidências do tal processo-crime instaurado ao ex-ministro deixou triste muitos camaradas. Por estas e outras, o Partido só pode queixar-se de si mesmo, por sair rigorosamente derrotado em Luanda.