Luanda - Decorridos oito anos após o fim do conflito armado, conquistamos sim a paz militar que se mantém e se manterá, não obstante o horizonte espelhar-nos um longo caminho a percorrer para alcançarmos a paz dos espíritos, aquela tranquilidade mental dos homens enfim a paz social que muito carecem os cidadãos angolanos.


Fonte: Unitaeuro.org


Também podemos afirmar que a UNITA, apesar das suas limitações, ao longo desses anos de paz, tem dado o seu maior contributo tanto na preservação da paz militar, como na edificação da democracia em Angola que, pelas indicações, tem registado retrocesso especialmente a partir da realização das últimas eleições legislativas (2008). Assim, todos os discursos anteriores aparentemente bonitos e promissores parece terem caído no velho sofisma “ Falar para o inglês ver “.


Como perspectiva, é fundamental o diálogo entre os partidos políticos revestindo a maior responsabilidade ao partido governante. É necessária mais informação sobre os caminhos a seguir para uma verdadeira reconciliação nacional.

 

Precisa-se de uma grande reflexão do partido no poder no sentido de fazer escolhas difíceis, entre unir homens na sua diversidade ou continuar com a política mais expressiva da exclusão, da hegemonia de um só partido e de um só grupo dominante em todos aspectos na vida do país. Assim, é urgente a despartidarização das instituições do Estado e dos homens que o representam no Governo. Momentos há em que não se entende quando é que um governante está a falar em nome do governo ou em nome do seu partido. 

 

Aqui no nosso país, nota-se também muitas vezes que aqueles que não se revêem no partido no poder, particularmente os da UNITA, não são julgados por causa do sue carácter mas sim por causa da sua origem partidária. Daí a designação de proveniente que ainda se sente aqui e acolá  atropelando os pressupostos de uma verdadeira reconciliação nacional.


Olhando especificamente para os acordos do Luena como complemento de Bicesse-Lusaka, assinados em 04 de Abril de 2002, houve compromissos (deveres e obrigações) pelas partes consignatárias, o Governo e a UNITA.  Foi assim que se criou a Comissão Conjunta transformada, com a partida da ONU, em apenas Mecanismo Bilateral entre o Governo e a UNITA.


A UNITA cumpriu com todos os seus deveres, ao contrário do Governo que ainda tem uma boa parte por cumprir ou satisfazer. Tal é o caso de: conclusão do processo de desmobilização dos ex militares, a entrega de residências a UNITA, e também vários projectos para a reinserção social dos ex militares ficaram pendentes.


A última reunião do mecanismo bilateral que devia oficialmente por termo ao mecanismo e consequentemente indicar o órgão e homens que seriam de contacto para a materialização dos pendentes até ao presente momento não se realizou, ficou adiada sine die.


Concluindo, apesar  dos benefícios da paz militar, criou-se uma grande expectativa no cidadão angolano quanto a paz social.


Ernesto Mulato