Luanda - O argumento não é novo, mas na TPA funcionava a preceito. Nomeado por Manuel Rabelais subdirector de Informação encarregue de cobrir a agenda presidencial, Gonçalves Inhanjica está a pagar pelo uso e abuso do recurso que fazia ao argumento de que cumpria ordens superiores. Durante anos, Inhangica impôs-se perante os seus colegas por via do ‹‹contundente›› argumento.
Fonte: Semanario Angolense
À primeira - e na área da Informação da TPA ele enfrentou sempre muitas - evocava o poderoso refrão. «Tenho ordens superiores». Ninguém saiba bem de onde vinham as ditas ordens, mas todos imaginavam que partiam da Presidência da República. Como ninguém estava em condições de as tirar a limpo, Inhanjica tomou o gosto pela artimanha.
Porém e como não há mal que sempre dure, nem bem que nunca acabe, nos últimos dias Gonçalves Inhanjica foi proibido de voltar a evocar ordens superiores como argumento seja lá para que for.
A reunião que a nova ministra da Comunicação Social manteve recentemente com os trabalhadores da Televisão Pública de Angola deu lugar a uma espécie de acareação entre Gonçalves Inhangica e os seus colegas da Direcção de Informação. Ali, o homem das coberturas presidenciais foi abundantemente denunciado pelos seus colegas por evocar frequente e abusivamente a instituição presidencial como estando por detrás de todas as suas opções individuais.
De tão profundas e consistentes, as denúncias levaram o director nacional da Comunicação Social, José Luís de Matos, conhecido pela sua calma, a pôr ali mesmo um fim ao poderoso argumento. «A partir de agora não há mais ordens superiores. Quem transmite as ordens superiores sou eu. Eu é que falo com a ministra, falo com o palácio e transmito as orientações aos directores dos órgãos. Portanto, a partir de agora aqui na TPA ordens superiores só se forem transmitidas por mim».
Gonçalves Inhanjica, dizem várias fontes, não tossiu nem mugiu. Mas os colegas que se sentaram perto detectaram-lhe visíveis sinais de suores frios.Porém, o facto de não ter reagido às denúncias dos seus colegas, primeiro, e à ‹‹sentença›› do director nacional de Informação, depois, não significa que Gonçalves Inhanjica esteja conformado.
Nem por sombras. Sempre que pode – e isso acontece cada vez com mais frequência – dá alfinetadas à nova liderança do Ministério da Comunicação Social.