Luanda - UNITA e parceiros realizaram hoje um ato em Angola, marcado pelo apelo à libertação dos chamados presos políticos. Em discurso, Adalberto Costa Júnior disse que vai "aconselhar" JLo, mas prometeu ano de protestos.


Fonte: DW

Durante o ato convocado este sábado pela União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), Adalberto Costa Júnior, líder do partido, criticou a onda de prisões e intimidações dos críticos da governação.


"Esta semana vimos covardes agredirem senhoras, jovens foram agredidas com ponta pés, cortadas nos braços com o aviso de que é o recado para o 'boss'. [Mas] estas práticas não assustam ninguém", disse o líder do maior partido da oposição angolana.


O presidente da UNITA disse ainda que "o preço do poder não vale tudo, não vale o banho de sangue do povo", em resposta aos que tencionavam ver a UNITA na rua para conquistar as instituições.


Adalberto Costa Júnior discursava hoje no final de uma marcha promovida pela UNITA em prol da "esperança, liberdade e despartidarização das instituições", e reafirmou que o "povo sabe quem venceu as eleições".

Centenas de militantes


Com centenas de militantes, o ato foi marcado pela presença de um forte cordão policial, que se previa acompanhar o curso da marcha. Alguns curiosos e vendedoras também aguardaram expectantes pelo início desta manifestação, convocada pela UNITA e que congrega também o Bloco Democrático, a Frente Patriótica Unida e o PRA-JA Servir Angola.


Sem citar data, o líder opositor também anunciou que o Grupo Parlamentar do seu partido começa a trabalhar nos próximos dias em prol da libertação de ativistas vítimas das prisões arbitrárias. Durante a marcha, os participantes apelaram à libertação dos ativista Luther Campos e Tanaece Neutro, detidos há nove meses; além do líder do Movimento Protetorado Lunda Tchokwe, Zecamutchima e de outros angolanos presos por se oporem ao partido no poder.


As prisões de Luther Campos e Tanaece Neutro, disse Adalberto Costa Júnior, visavam atingir a UNITA. "Temos a obrigação de libertar aqueles jovens que foram vítimas porque nós éramos o alvo que queriam atingir", disse.


"Sabemos que há jovens que foram presos e pressionados a dizer que nós é que andávamos a fazer o apelo de lutas por vias não legais e antidemocráticas [...]. É nossa obrigação sair em defesa destes jovens, cujos processos de acusação demoram uma infinidade".

 

"A justiça é célere, quando é de interesse"


"A justiça é célere quando é de interesse. Quando não é de interesse, os mártires continuam nas cadeias", acrescentou.


Segundo o líder da oposição, há angolanos que estavam a "pedir o derrube das instituições por via não democráticas", um ato pelo qual o galo negro não concorda, disse.


"Apesar de termos a consciência de que na mesma altura que pediam, as instituições estavam totalmente fragilizadas e assustadas. Mesmo assim, entendemos que não devíamos caminhar por esta via. Vamos chegar lá num percurso sem sangue, num percurso de orgulho, todos os juntos ".


Depois de tomar posse no Conselho da República, esta semana, a próxima missão do presidente da UNITA naquele órgão do Estado angolano será pressionar o Presidente João Lourenço a cumprir as promessas eleitorais, disse o político aos seus apoiantes no Largo das Escolas, em Luanda.


"Vou usar, sem limites, os meus poderes"


"Eu vou usar, sem limites, os meus poderes para procurar aconselhar João Lourenço. Userei sem limites a necessidade de irmos ao encontro das nossas promessas eleitorais, de construirmos em conjunto uma Angola cada vez melhor para os angolanos. Não vamos baixar os braços", disse.


Costa Júnior anunciou que nos próximos dias vai solicitar um encontro com o Presidente João Lourenço, afim de abordarem assuntos do país. Como conselheiro de João Lourenço, Adalberto Costa Júnior promete incentivar o chefe de Estado a concretizar o plano da implementação das autarquias.


O também coordenador geral da Frente Patriótica Unida reitera a necessidade das mesmas serem realizadas no próximo ano.


"Só não podemos ter dignidade e desenvolvimento se não quisermos, porque temos um país que tem tudo para ganhar. E vamos usar as instituições, e vamos a pressão democrática da rua para pressionar para a dignidade dos angolanos".


O líder da UNITA anunciou também que, nesta legislatura, o seu partido vai realizar várias manifestações em todo o país, com a finalidade de exigir o cumprimento das leis e a melhoria das condições de vida dos angolanos.