Luanda - Luanda é o maior colégio eleitoral angolano e, até então, considerado como sendo o inexpugnável “santuário político” do MPLA. Mas, ao que tudo indica, já lá vai o tempo em que a capital angolana era politicamente inconquistável. Os tempos, estes, agora são outros.

Fonte: O Kwanza

Os resultados das eleições gerais de 24 de Agosto do presente ano deitaram por terra o “mito” da invencibilidade do MPLA em Luanda, com um copioso, inopinado e acabrunhado malogro sem precedentes na sua história política desde 1992, altura em que se deu o ponta-pé de saída para que o legítimo dono do poder, o povo, pudesse escolher os seus representantes. A data de 24 de Agosto de 2022 entra para História como sendo o dia em que os “nervos de aço” do “Glorioso” ficaram…no chão!

O MPLA (digo eu) adormeceu sobre os louros das alegadas vitórias eleitorais anteriores e não se preparou como era suposto, possível e desejável para as quintas eleições gerais. Subestimou o seu adversário fidagal, a UNITA. E ela soube tirar partido do desdém político de que foi alvo. O MPLA foi negligente e altaneiro como sempre.

O marketing político do “partido rubro-negro”, nestas eleições, deixou muito a desejar. A fronteira entre o do MPLA e o da Aliança Patriótica Nacional (APN), de Quintino Moreira, era bastante ténue.

Para além de estar impreparado para um ano eleitoral em Luanda, o MPLA escolheu mal o seu “timoneiro”. Bento Bento não era a pessoa ideal para dirigir o MPLA no maior colégio eleitoral angolano, tendo em atenção o pleito de 24 de Agosto que se previa renhido. Bento Bento foi repescado por João Lourenço para ser uma espécie de “Cavalo de Tróia”. Mas a emenda saiu pior que o soneto, tendo deixado o presidente do MPLA mui desencantado.

Bento Bento deixou, ainda no tempo de José Eduardo dos Santos, o cargo de 1.º secretário do MPLA e de governador de Luanda, sem honra nem glória. Desde logo, por ter sido o “mastermind” do caso “Cassule e Camulingue”. O então presidente do MPLA protegeu-o, mandando-o para casa ao invés de entrega-lo à Justiça.

As “vergastadas verbais” públicas do empresário e militante do MPLA Henrique Miguel (Riquinho) também contribuíram para que hoje, mais uma vez, Bento Bento saísse de cabeça baixa e com sentido de dever muito mal cumprido.

Riquinho insinuou bastas vezes que Bento Bento era não só ingrato, mas sobretudo um subornado. O País político ouviu e formou a sua opinião sobre o assunto e sobre o visado. O MPLA apercebeu-se, mas nada fez. Resultado: Saiu prejudicado!

É ingénuo quem pensa que os áudios difundidos por Welwitschia (Tschizé) dos Santos não beliscaram a imagem do “Glorioso”. Eles contribuíram sobremaneira para que o cidadão-eleitor formasse a sua opinião. O resultado? Não foi nada bom para o MPLA!

A (má) gestão do dossier referente à morte de José Eduardo dos Santos pelas autoridades angolanas foi determinante para que muitos militantes de proa do MPLA se abstivessem ou votassem na UNITA. Sei disso, porque muitos mo confessaram em conversas informais e descontraídas.

As eleições gerais de 24 de Agosto, em Luanda, foram um duelo entre duas instituições já nossas velhas conhecidas compinchas: O MPLA contra o MPLA!