Luanda - Um grupo de fiscais afectos à Administração do Talatona, em Luanda, são acusados de terem agredido camponesas, na sua maioria idosas, na manhã de quarta-feira, 12, no distrito urbano do Patriota, devido ao litígio que envolve a Cooperativa Lar do Patriota e a associação “Ana Ndengue”.

Fonte: Club-K.net

O conflito entre as parte já dura há mais de vinte anos, cujo desfecho pode acontecer no próximo dia 21 deste mês, quando o Tribunal Provincial de Luanda, segundo apurou o Club-K, poderá decidir em acórdão sobre a titularidade do espaço, num processo corre tramitesdesde 2018.

Na manhã de quarta-feira, 12, os camponeses que alegam ser os legítimos proprietários do terreno de largos hectares numa das zonas mais “cobiçadas” da capital, descrevem que foram surpreendidos por efectivos da Polícia Nacional armados e Fiscais da Administração Municipal deTalatona, que minutos depois, sob proteção de agentes da ordem, começaram a levar o material dos camponeses encontrado no terreno.

O cenário presenciado pelo Club-K no local, foi de muita agitação, em que, os camponeses afirmam terem sofrido violência dos fiscais diante dos efectivos da Polícia, que dizem nada ter feito para travar a fúria dos homens.

Este portal apurou que, os fiscais e a polícia estavam a ser guiados no terreno por um dos filhos do malogrado general “Dinguanza”, um dos interessados no espaço. No referido terreno, foi flagrada a presença do Comandante Municipal da Polícia Nacional do Talatona, subcomissário Joaquim do Rosário, que segundo a denúncia “tem igualmente interesses no terreno, daí a presença constante de patrulhas mandatados por ele em nome do Estado para proteger os seus interesses”, disse a fonte.

Os camponeses apontam o general “Dino Matross” e o comandante de Talatona, Joaquim do Rosário, de serem um dos principais rostos de abusos de poder e de expropriação um espaço de mais de 400 hectares pertencentes à “Ana Ndengue”.

O presidente da associação dos camponeses, Santos Mateus Adão, afirmou que o antigo secretário-geral do MPLA e deputado Dino Matross e o actual comandante municipal de Talatona comissário Joaquim do Rosário, teriam vendido o espaço dos camponeses ao Banco BESA sem o conhecimento dos agricultores.

“Dino Matross vendeu aquele terreno ao Banco BESA por isso que ele não quer largar”, disse e esclarece que a um processo crime no tribunal devido o terreno em litígio, mas o general na reserva em conivência com Joaquim de Rosario, querem apropriar-se do espaço porque sabem que a justiça está a favor dos camponeses.

“O senhor Rosário está se apresentar dentro de Luanda, como o único comandante superior dos demais Comandantes”, acusa.

Santos Mateus Adão apela ao Presidente da República, João Lourenço para que tome medida ao comandante de Talatona por estar em volvidos em quase todos os casos de ocupação de terra na capital.“Se Rosário lhe tomassem medidas isso tudo não podia acontecer”, sublinhou.

“Eu peço ao senhor Presidente da República, João Lourenço para tomarem medidas à essas pessoas, porque segundo ele, são estes dirigentes que estão a manchar a imagem do Chefe de Estado e do país”.

O responsável da associação “Ana Ndengue”, entende que, “em países onde há democracia no verdadeiro sentido a Polícia não se mete em casos de lutas terrenos. É muita corrupção e as forças da ordem que são usados vejam que o povo é capim”.

Segundo o porta-voz da Associação, nesta quarta-feira, os agentes da fiscalização da administração do Talatona e da polícia agrediram velhas e jovens, bem como apreenderam materiais de construção que se encontravam no terreno.

Refere ainda que as forças da fiscalização e da Polícia Nacional sob orientação de Dino Matross e Joaquim do Rosário destruíram e deitaram por terra obras dos camponeses deixando-os ao relento.

De acordo com os camponeses e testemunhados por vários órgãos de comunicação Social, Dino Matross e o comandante do Talatona Joaquim do Rosário orientavam a demolição das obras e acto de espancamentos contra os camponeses dentro de uma viatura.

O Correio da Kianda, contactou o general Dino Matross, que confirmou a existência de um litígio de terra, assegurando que o caso já está em Tribunal.

O antigo dirigente dos camaradas enfatiza que não está envolvido na ocupação de terra.

“O espaço que tem naquelas mediações foi comprado e que existe provavelmente outras pessoas que querem se apropriar dos terrenos dos camponeses e não eu”, esclareceu.

Quando a acusação de ter vendido o espaço de mais de 400 hectares ao BESA, Dino Matross descarta qualquer relação com a empresa.