Luanda - O discurso estado da nação proferido pelo presidente da república João Lourenço, na assembleia nacional, deixou muito a desejar, não é admissível que o presidente minta tanto e desnecessariamente, sobretudo para ser de imediato desmentido. Foi um discurso ensurdecedor, cansativo e descontextualizado da realidade e sem verdade comparativa.

Fonte: Club-k.net

Os que esperavam ouvir de João Lourenço, alguma coisa de real valor, que valorizasse e trouxesse melhorias para a vida precária que os angolanos vivem e apresentasse melhorias no desastrado quadro político-social instituído dos angolanos, na real, ou essas interpostas pessoas são malucas e doidas varridas, ou então vivem num outro planeta onde não exista MPLA. De facto, o que houve na assembleia nacional foi muita leitura e pouca verdade, como se diz na gíria em Portugal, houve muita parra e pouco vinho.


Ouvir João Lourenço discursar, foi doloroso, pareceu até que o presidente do MPLA falava para apenas uma torcida endiabradamente incivilizada e hipócrita. Não se encontrou no discurso qualquer menção dirigida a Angola real e/ou a Angola profunda.


O angolano atento percebeu, que o presidente falava de uma outra Angola, que não era a nossa, muitos pensaram mesmo que o presidente falava da suíça ou de outro qualquer país democrático e economicamente desenvolvido.

Foi um discurso muito sofrido, não apenas para os que se encontravam no plenário, mas, igualmente para o próprio discursante, que sequer percebeu a péssima figura que ali fazia, de facto foi uma cena que roçou o a espectro cinéfilo draconiano.

Sobre direitos e liberdades nada falou, o direito de ir e vir, liberdade de expressão, o direito de exercício de cidadania e tantos outros direitos como os de greve e manifestação ficaram de fora, ou foram subversivamente relegados ao esquecimento propositado, e por isso adormecidos no interior da constituição.

Dias antes da encenação discursiva do presidente, aconteceu a prisão ilegal de um docente, que se manifestou contra a inexistência de carteiras, quadro, giz, coisas elementares para o bom funcionamento da escola, sobretudo, reclamava do precário estado decadente da escola onde é professor.

Para piorar ainda mais o quadro dantesco da situação, a polícia nacional numa atitude claramente antidemocrática, carregou e disparou balas reais sobre as crianças infantis, que se manifestavam contra o estado calamitoso da sua escola.

Enfim, ouvimos em tom distorcido um discurso sem gordura democrática, além de ter sido massudo. O presidente atravessa momentos críticos abaláveis de sobremaneira para o seu estado de saúde aflitivo, e também por o presidente do MPLA se encontrar no lugar onde o povo não o colocou pelo voto popular.

Nada do que o presidente disse se reflete na verdade que o país vive, assim sendo, a partir de agora, faz-se necessário e urgente impor ao regime uma agenda positiva sufragada pela maioria das candidaturas concorrentes no pleito passado de 24 de agosto do ano em curso..

A curto prazo, o país terá que impor ao regime déspota uma agenda que passe pelas eleições autárquicas, essa é a agenda primordial, outro apêndice da agenda, passa pelo fim das perseguições e prisões arbitrárias de pessoas críticas ao regime, principalmente os jovens.

Era suposto o presidente falar do estado da nação, mas o que se assistiu no discurso, foi uma tentativa de vender uma mão cheia de ilusões com a única finalidade de enganar as pessoas que o ouviam dentro e fora da assembleia nacional.

Sobre as eleições autárquicas, o ditador esquivou-se a falar sobre, fugiu das autarquias como o diabo foge da cruz, sequer colocou as autarquias como prioridade relevante, Pois somente com a realização das autarquias se acabaria com o défice democrático, potencializado com nomeações de administradores municipais, distritais e comunais provenientes apenas do MPLA.

Sobre a democratização e pluralismo da imprensa controlada pelo estado, não se falou, também não se referiu sobre a violência gratuita empregue pela polícia nacional, não falou sobre a fome nem do estado de miséria endêmica.

Enfim, o presidente continua igual a si mesmo, longe da realidade e da verdade. Parece até que os angolanos vivem no país das maravilhas, num país livre, justo e democrático, onde o MPLA não seja ou se sinta dono. O regime sitiou o país, criou um tipo de governação verdadeira aberrante, que já dura 47 anos.

Não é admissível continuar-se a viver desse modo, também não é desejo dos angolanos ver o presidente mentir sobre si mesmo a todo momento, é preciso frenar esse devaneio autoritário do presidente e lutar para acabar com o impregnável totalitarismo do regime. É descabido a insistência do presidente continuar a beber conhecimento anômalo de fontes duvidosas, levianas e mentirosas.

Se o país fosse de facto o que o presidente ilusoriamente tenta vender, o seu partido não teria sido derrotado vergonhosamente em Luanda, onde o seu MPLA ganhou apenas no município da Quissama. Na verdade, o país esperou muito mais desse presidente impostor que está aí legalmente imposto pela CNE e TC, sem o voto dos angolanos.

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