Luanda - A Direção Nacional de Direitos Humanos de Angola criticou os tiros feitos pela polícia para dispersar uma manifestação de um professor e alunos para exigir mais carteiras escolares, segundo dirigentes do Movimento Estudantil Angolano (MEA) que reuniram com a instituição.

Fonte: Lusa

Segundo a porta-voz do encontro, Arminda Milena Ernesto, foram abordados vários assuntos, além da detenção de um professor, na semana passada, na sequência da tentativa de uma manifestação, com cerca de 300 alunos, para reivindicar a falta de carteiras suficientes na escola, entretanto, reprimida pela polícia, alegadamente com tiros.

 

A ativista estudantil salientou que foram informados que a Polícia tomou já "alguma providência".

 

"Disse que um dos comandantes já foi despromovido do cargo, dizem que estão a tratar desta situação e estamos aqui à espera, não deu muitos detalhes, mas ele [diretor nacional dos Direitos Humanos] disse que reprova totalmente o ato que se fez na marcha", sublinhou.

 

Arminda Milena Ernesto disse que no encontro foram abordados outros temas, nomeadamente a falta de carteiras nas escolas, os livros gratuitos que são comercializados, a questão do impedimento da entrada de alunos nas salas de aulas devido ao uso de cabelo crespo comprido, os problemas de saneamento nas escolas e o elevado número de crianças fora do sistema de ensino.

 

"O diretor Yannick Bernardo, que foi um dos fundadores do MEA, explicou que desconheciam que há escolas sem carteiras e que os direitos humanos estão a trabalhar para averiguar quais são as escolas que apresentam este tipo de anomalia", frisou.

 

O responsável, prosseguiu a ativista estudantil, aconselhou o MEA a reportar os casos existentes, bem como escrever para os órgãos de direito, concretamente o Ministério da Educação.

 

"Deu-nos alguns contactos, alguns nomes, para quando tivermos algum problema podermos contactar, porque muitas vezes o que falta é o diálogo, a comunicação", adiantou a porta-voz do encontro, salientando que lhes foi solicitada também "calma na abordagem dos assuntos".

 

Arminda Milena Ernesto disse que ficou também a promessa de o MEA ser inserido no Comité de Direitos Humanos, que integra entre várias instituições representantes dos Ministérios da Educação, Saúde, Cultura, Justiça e dos Direitos Humanos, Ordem dos Advogados de Angola, organizações da sociedade civil, igrejas e autoridades tradicionais.