Luanda - Há 23 anos, em dia como hoje, num cenário apocalíptico, a batalha do Andulo atingia o seu ponto critico. Após realizar uma barreira de fogo de artilharia envolvendo todos os meios disponíveis nos contingentes das FAA engajados na " Operação Restauro", o general Simione Mukune inicia destemidamente o avanço em terreno aberto, com tanques e bmp, em direcção à estratégica ponte sobre o rio Membia. O objectivo era a tomar da localidade do Andulo, situada na margem oposta.

Fonte: Club-k.net

TEMPOS DIFÍCEIS FORJAM HOMENS FORTES
HOMENS FORTES CRIAM TEMPOS BONS

A sofrer pressão alta em três direcções simultaneamente, o Alto Comando das forcas da UNITA comeca a encarar a situação com preocupação, após a deserção de altos oficiais, mas esboçaria um derradeiro plano para tentar travar o assalto final contra a o Andulo. Era ali onde se encontrava o seu quartel general e o grosso da Direcção, incluindo o presidente Dr. Jonas Savimbi.


Entretanto, um Comando das FALA faz explodir parte do tabuleiro da ponte, para evitar o avanço dos carros de combate das FAA comandados por Simione. Durante o dia a aviação do governo realiza inúmeros "raids" contra as forcas das FALA e o seu comando escalonados na defesa da sua praça forte no Andulo.

 

Com a coluna em progressão de combate rumo ao rio Membia, o objectivo das FALA, uma vez destruída a ponte, era obrigar Simione a entrar num extenso campo de minas plantado silenciosamente nas margens do Membia, de onde não mais sairiam. Os carros ficariam irremediavelmente atolados nos lamaçais traiçoeiros. Apanhada a progredir em campo aberto seguir-se-ia o verdadeiro caos. No meio do pandemônio que seria o deflagrar das minas accionadas pelos veículos, seriam então alvo de bombardeamento intenso, até lhes estar somente a debandada total e o consequente fracasso da operação.


Meses antes, empregando a mesma táctica, as forcas da UNITA tinham dizimado nas anharas do Chinguar a capacidade combativa de um regimento das FAA que tinha chegado ao Huambo vindo da guerra do Congo e depois receberia ordens para se juntar às tropas do general Simione no Bié. O regimento foi desmantelado e perdeu a sua capacidade de combate, deixando vários homens, tanques e equipamento no terreno.


Ao forçar a marcha em combate em direcção a ponte, Simione Mukune realiza com êxito a manobra de lançamento de duas rampas metálicas do seu equipamento móvel de travessia sobre o tabuleiro danificado.


Havia vários riscos nessa decisão em situação de combate. Ao marcharem lentamente sobre o tabuleiro os tanques estariam momentaneamente à mercê dos mísseis portáteis. Ao conseguirem atingir a outra margem, os dois primeiros carros ficariam igualmente vulneráveis, mas Simione trabalha com rapidez e eficiência, contando com apoio massivo de artilharia plantada na encosta da retaguarda. Tudo que era arma recebeu ordem para abrir fogo e os tanques passaram para a outra margem iniciando a subida para o choque frontal. Com Simione dirigindo a batalha, a partir da torre de um dos tanques, as FAA atingem o topo da subida e começam os combates de rua contra focos de resistência das FALA.


O Andulo estava finalmente nas mãos das FAA e o governo em poucos dias instala a sua administração. A UNITA perdia irremediavelmente o seu exército convencional cuja formação, equipamento e treino tinham consumido todos os seus recursos. Mas Simione cai em combate.


Entre purgas que levaram à morte altos oficiais das FALA, Savimbi fica rodeado com o seu grupo de indefectíveis e preconiza o retorno ao “ Ponto Zero” e à doutrina do “ Guerrilheiro Essencial” .


Reiniciava uma longa marcha para Leste com os sobreviventes dos combates do Andulo e de outras frentes. Estrategicamente a guerra estava perdida, mas o seu líder, ao negar a dura realidade, parecia caminhar para um beco sem saída.

Iniciava, no Leste de Angola, um fatal jogo do gato e o rato.
Em Fevereiro de 2002, o presidente da UNITA tomba em combate e finda a guerra em Angola.