Luanda - Na transversal acrobacia da nossa preciosa vida, no hodierno mundo, somos obrigados a coabitar com seres humanos de diversas geografias, índoles e cultura, fazendo-nos um só ser humano, apesar das diferenças supracitadas.

Fonte: Club-k.net

Desde os primórdios, a troca de relações humanas fez do mundo um lugar para unir os pólos do planeta e acompanhar a sua envergadura, foi de facto o apogeu da evolução humana.

Após 500 anos de escravatura, a África viu-se obrigada a fazer parte de uma cultura que não é originária. Nessa epopeia, viu-se a troca de relações, políticas, sociais, económicas e culturais, tornando-se num continente aculturado. Este todo processo, está ou esteve eivado de seres humanos, seres com sentimentos.

No âmbito das trocas, incluímos as trocas sentimentais que vincularam uma boa parte dos povos, hoje por hoje, temos milhões de africanos cuja existência deve-se a essa troca de sentimentos como resultado.

No período da obtenção das independências, elevou-se a essência da africanidade, independentemente de onde se é, dever-se-ia juntar no movimento para exigir o término da exploração. Nesta tese, um dos principais pensadores do pan-africanismo, Garvey defendia um “fundamentalismo africano” – a ideia de que os descendentes da diáspora negra, filhos e netos de antigos escravizados, deveriam se unir, não importando onde vivessem, para acabar com o colonialismo europeu, tendo isso contribuído para o término da exploração e obtenção das independências, isto a partir dos anos 60.

Após os países africanos conseguirem obter as suas independências, começaram a afirmar-se na arena política internacional, elaborando suas constituições e formas de governar-se. Nesta lógica, exclui-se o não reconhecimento pela existência das relações humanas, onde a maioria das constituições, exigiam para se ascender aos mais alto cargo de cada país, aquele que detenha a originalidade da sua nacionalidade. Essa questão da originalidade de nacionalidade, é totalmente controvérsia onde países como a Zâmbia, teve um caso caricato em que o presidente Frederick Chiluba, líder do Movimento para a Democracia Multipartidária, na altura, derrotou o presidente fundador, Kennedy Kaunda, após a derrota de Kaunda, alterou a constituição, tendo colocado o antigo presidente como não zambiano por que os pais são de origens malauiana. Kaunda perdera a cidadania zambiana em 1999, mas a decisão foi anulada no ano seguinte pelo tribunal zambiano.

Outro caso não isolado, aconteceu recentemente com a ascensão na pole position de Adalberto Costa Júnior, o facto de os seus pais não serem angolanos e deter dupla nacionalidade, o tribunal constitucional angolano, anulou o congresso que outrora o elegeu a presidente da UNITA. Estes casos de bloqueios por questões da originalidade de cidadãos são recorrentes em África, quando se está prestes a derrotar o adversário que se encontra no poder, é uma artimanha quase recorrente usada por parte de todos.

Hoje, a nação que ontem colonizou a República vizinha da Rodésia do Sul, ou melhor, Zâmbia, vê-se com um primeiro ministro de origens indianas/africanas, Rishi Sunak, nasceu em 12 de maio de 1980 em Southampton de pais hindus nascidos na África de ascendência indiana Punjabi, Yashvir e Usha Sunak. Ele é o mais velho de três irmãos. Seu pai nasceu e foi criado na Colônia e Protetorado do Quênia (atual Quênia), enquanto sua mãe nasceu em Tanganyika (que mais tarde se tornou parte da Tanzânia). Seus avós nasceram na província de Punjab, Índia britânica, e migraram da África Oriental com suas famílias para o Reino Unido na década de 1960, assumindo uma posição de grande responsabilidade na nação do monarca Carlos III.

Questionamo-nos, há razões ou não para questionarmos a originalidade de Sunak? Há motivos ou não para destilar-se veneno para com a ascensão de Sunak? o que a ascensão de Sunak nos quer transmitir?

Entendemos que uma boa lição nos está a ser passada, na corrida ao cargo mais importante do Reino Unido, não trocou-se as regras do jogo para impedir a sua ascensão, muito menos impediu-se a sua eleição, entendemos que a falta de democratização das instituições africanas, se não se reformar, continuaremos a ter os mesmo problemas daqui a 100 anos, não se justifica, somos africanos, somos vítima de um período longínquo de exploração, hoje, questionarmo-nos a originalidade de cada um, é digno e justo que cada um tenha a liberdade de escolher quantas as nacionalidades possuir, de tal forma, é obrigatório que todo e qualquer aquele que pretender assumir e/ou exercer funções pública, deva ter exclusivamente uma e única nacionalidade, aliás, sem esquecer o menos importante, os conflitos raciais no mais alto nível tem essa tendência, camuflar-se na discussão da originalidade da nacionalidade como tema de discussão, mas com o fim de atingirmos questões raciais. A África que temos!

País do primeiro mundo, dá-nos a lição e espero que seja um exemplo a seguir no mundo, principalmente em África, onde as pessoas são mais fortes que às instituições ou às leis, um bem haja para África.