Luanda - Pura e simplesmente por ter tentado civicamente aconselhar/sensibilizar/pedir uns agentes da Polícia Nacional em Benguela, para que não levassem algumas bacias com frutas, cobertas com panos africanos, e escondidas sob as escadas do Prédio da Eterna, uma vez que a pobre senhora implorava chorando;

Fonte: Perolas

EIS O RETRATO NA PRIMEIRA PESSOA| ATÉ AO TRIBUNAL...

- foi suficiente para os delinquentes disfarçados em polícia descarregarem sobre mim indefeso toda a pancadaria; não respeitaram sequer a insígnia ANGOP estampada na t-shirt azul turquesa de reportagem que eu vestia; pisaram-na com toda a maldade, deixando as marcas das botas na t-shirt;


- foi suficiente para eu ter sido torturado terrivelmente, em plena hasta pública, algemado ao banco corrido da viatura, pisoteado debaixo do banco da carrinha da Polícia. Eram 17 horas. A pior 17 hora da minha vida. E como se não bastasse, fui asfixiado, por um deles, entre a Masmorra até ao Comando Municipal. Quase morri à brutalidade policial. Por pouco virava mais um George Floyd.


Enquanto eu implorava pela minha vida, o reagente da Polícia Nacional disse alto e bom o comandante Ary nada nos fará. Vamos te matar e pronto. Isto porque eu gritava pelo nome do comandante. Era apenas o instituto de sobrevivência.

Mais um mártir em pleno mês da Liberdade.


Muito obrigado senhores policiais. A vingança não é minha. A vingança pertence a Deus que contemplou seu servo sendo brutalmente maltratado, sujeito às piores sevícias como se de um criminoso se tratasse.
Obrigado a Polícia Nacional pelo excelente trabalho.


Havemos de nos encontrar em Tribunal. Desta vez, a culpa não morrerá solteira. Custe o que tiver que custar.
Obrigado de verdade ao grupo de mulheres zungueiras que se deslocou até a primeira esquadra, entre choros e agradecimentos por ter ajudado a que não perdessem o negócio que leva o pão a mesa lá nos musseques.


Por: José Honório