Lisboa - A empresária angolana Isabel dos Santos disse esta terça-feira em entrevista à TVI/CNN Portugal que não tem dúvidas "que de uma forma ou de outra" vai "contribuir para o futuro político" de Angola. "Eu ambiciono um país diferente", frisou, defendendo que Angola "precisa de um novo futuro político".

Fonte: Lusa

"Acho que nós hoje temos desafios que são outros, que já não são os desafios da independência, já não são os desafios da revolução. Hoje são os desafios da economia, do emprego", salientou, considerando que os atuais partidos políticos angolanos, seja o do poder ou os da oposição, "não estão a olhar para estas questões."

"Não há uma visão. Não há um plano para Angola. Hoje não há visão, não há um plano estratégico de como desenvolver, como tornar Angola competitiva", reiterou.

A sua participação na política angolana está, contudo, condicionada pela "perseguição política" que alega estar a ser alvo pelo atual regime angolano. "Como eu disse há pouco, ocorre uma perseguição política exatamente para me impedir de um dia poder fazer a diferença em Angola", reiterou, destacando que em Angola "a lei não é cumprida".

"Eu vivo num país onde a lei não é cumprida. Vivo numa Angola que não tem um Estado democrático de direito. Vivo numa Angola que viola a Constituição, viola os direitos do cidadão e, portanto, vivo num país em que a lei não é cumprida, portanto, dificilmente num país onde não se cumpre a lei, onde os tribunais não são independentes. Os nossos tribunais não são independentes. Os nossos juízes recebem instruções. Não todos, mas alguns juízes são utilizados pelo sistema para fazer cumprir uma agenda política do poder político", acusou, sem dar detalhes.

Isabel dos Santos acredita que a situação que descreve vai mudar. "Eu acredito que vai mudar. E vai mudar. A história diz-nos que todos os regimes que não entenderam que é necessário, que era necessária a mudança e que era necessário atender as aspirações das novas gerações todos fracassam", referiu.


Nesse sentido, Isabel dos Santos acredita que as gerações mais novas de Angola "vão obrigar a uma mudança do regime." "A nova geração que quer uma outra Angola, que quer outras coisas para Angola, que tem outras ambições e que ambicionam ver uma Angola diferente, eles vão fazer a mudança, sem dúvida", declarou.