Luanda - Embora as redes sociais sejam hodiernamente um meio de divulgação massiva de fake news, muitas vezes deparamo-nos com informações de utilidade pública confiáveis e que nos ajudam a reflectir o continente africano, sobretudo o seu não desenvolvimento. Foi neste itinerário que demo-nos de cara com a triste história de "um menino mensageiro moçambicano e africano" Valter Danone.

Fonte: Club-k.net

De dizer que o mesmo é um humorista que tem procurado passar não só piadas sem nexos, mas um conjunto de piadas que denunciam muitas más práticas levadas à cabo pelo seu governo, numa exímia criatividade, tal como manda o cânone Grego da dramaturgia, o menino moçambicano de seis anos procura trazer à tona diversas temáticas sociais numa boa dose de humor.

Através dos jornais dos nossos irmãos do Índico, tomamos conhecimento que mensageiro e a sua equipa estão a ser julgados por por crime de calúnia e difamação contra o Estado moçambicano. Tudo por causa de mais um episódio reflexivo posto a circular nas redes sociais e na página do neto no Youtube, onde aparece um menor “sentado” ao volante, encenando uma condução, quando outros dois interpretando o papel de agentes reguladores de trânsito interpelam o condutor e pedem iogurte como condição para anular uma multa de 50 mil meticais (USD 790) por múltiplas infracçōes da viatura. O Ministério Público interpreta como “vulgarização” dos agentes reguladores de trânsito, e “ofensa e banalização” ao Estado moçambicano.

Ao nos depararmos com um processo dessa natureza, ficamos horripilantes, pois percebemos que se está diante de um Estado fracassado e corrupto. O vídeo de Valter Danone e a sua equipa, expõe a verdade crónica da polícia de trânsito, o artista, encenou a situação para chamar atenção a quem de direito visando pôr fim à extorsão que os automobilistas têm sido vítima.

O Estado sentiu-se vulgarizado? Ofendido? Banalizado? Então que provasse aos milhares de moçambicanos que o menino VALTER estava a ultrajar contra eles e que a polícia de trânsito não age deste modo quando o automobilista infringe a lei.

Prendê-lo, julgá-lo e condená-lo, de certeza que, estar-se-ia a criar condições perfeitas para o fomento da corrupção no sector, a criação do clima de medo para quem tenta denunciar actos de corrupção e um estado protecionista aos corruptos. Será essa a função do Estado moçambicano (angolano) e dos outros países africanos ? De certeza que não.

A constituição da República de Moçambique no seu artigo 249 (Princípios fundamentais) 1. A Administração Pública serve o interesse público e na sua actuação respeita os direitos e liberdades fundamentais dos cidadãos. 2. Os órgãos da Administração Pública obedecem à Constituição e à lei e atuam com respeito pelos princípios da igualdade, da imparcialidade, da ética e da justiça.

Ao detê-lo, julgá-lo e quase certo condená-lo, viola-se claramente a constituição e a carta magna dos povos no seu artigo 19° onde: todo o indivíduo tem direito à liberdade de opinião e de expressão, o que implica o direito de não ser inquietado pelas suas opiniões e o de procurar receber e difundir, sem consideração de fronteiras, informações e idéias por qualquer meio de expressão.

Com este processo , admiti-se claramente a violação da criatividade artística, um princípio previsto na constituição de Moçambique.

Hoje é a criança Danone, amanhã quem será? O Estado continuará a cobrir o sol com a peneira ou é oportuno trabalhar no sentido de extirpar o mal enraizado na corporação? Hoje Moçambique está nos noticiários do mundo, graças a corrupção protegida pelo ministério público, ainda assim, procura responsabilizar quem ajudou a difundi-la no mais alto nível de audiência pública no sentido de o resolver. É triste.

Uma pena aos nossos irmãos do Índico, reconhecemos aqui em Angola que somos filhos de mesma mãe e padecemos dos mesmos problemas por isso nos compadecemos. Mensageiro DANONE, seja forte, a sua mensagem chegou onde deveria ter chegado.

Ao Estado que nada fez para extirpá-la no seio da corporação e hoje com vergonha quer correr atrás do prejuízo, já é tarde, todos vimos e ouvimos, estamos juntos e um até já.