Luanda - Como forma de luta democrática, a greve é uma arma legal, prevista pela Constituição e a lei, visando essencialmente chamar a atenção de quem de direito a encarar com olhos de ver a real situação do trabalhador. Quem despreza uma greve, quem não sente nada por uma reclamação, quem não resolve os problemas mínimos dos funcionários – está sujeito ao fracasso.

Fonte: Club-k.net


Não há país nenhum no mundo que avance sem o diálogo franco e honesto com os trabalhadores. A honestidade é a chave que resolve diferendos. Por isso, nenhum servidor público honesto deveria achar que os grevistas são meros coitados e se continuarem com as reclamações, as Direções Provinciais vão operar os devidos descontos nos seus salários. Isso, apenas, demonstra insensibilidade e desconhecimento do real papel de um servo do povo – Deixem de prender as pessoas pelo estômago.


A diferença abismal de Ordenados praticados na Função Pública ou em Empresas Públicas mobiliza qualquer pessoa de bem a condoer-se com a situação. Há Ordenados, pagos pelo Estado angolano, equivalentes a mais de 100 mil kwanzas por dia. E há professores a ganhar menos de 100 mil kwanzas por mês. Por que o mesmo Estado oferece regalias para uns, e não dá condições mínimas de trabalho para outros? Enquanto o país não tiver condições para distribuir melhor a renda nacional, o Estado não pode se dar ao luxo de dar luxo àqueles que tiveram a sorte de ir trabalhar para Empresas Públicas ou outras Entidades Públicas que garantem Ordenados acima de um milhão de kwanzas e com direito à clínica, a carros caros, a subsídios superiores ao salário de um professor, etc. Se, afinal, o Estado tem dinheiro para pagar bem a alguns, então tem de atender aos professores.


Os professores estão a pedir tão pouco, e esse tal pouco lhes é negado. Eles não estão a pedir salas com ar condicionado ou ginásio nas escolas, ou milhões para comprar papel higiénico; os professores não estão a pedir computadores e internet nas escolas – para facilitar a investigação e, consequentemente, melhorar a qualidade de Ensino; os professores não estão a pedir para se reduzir o número de alunos na sala de aulas e terem direito a carteiras; os professores não estão a pedir luxo, nem lexus; eles clamam pelo mínimo – querem água nas casas de banho, querem luz, querem um salário que lhes chegue ao final do mês. Eles estão a lutar pela sua dignidade. Esta luta é também para os alunos.


O professor não pode continuar a ser visto como um mendigo, um coitadinho, um desprezado e o excluído. A missão do professor é nobre. É das mãos do professor que se constrói a Nação. Os países que apostaram na educação começaram por valorizar o professor, dando um salário digno e condigno.


Tenho a absoluta certeza de que, se o Presidente João Manuel Gonçalves Lourenço – JLO, receber as reclamações dos professores, vai encontrar a melhor forma de as resolver – para fazer jus ao slogan: JLO, está a falar e está a Fazer!


A Luta continua, a vitória é certa! E unidos, venceremos!
Luanda, 09 de Dezembro de 2022.
Gerson Prata