Luanda - Sete jornalistas foram detidos quando cobriam a manifestação de uma família que protestava contra a prisão de um jovem. Detenções ocorrem a pouco mais de uma semana de uma marcha contra as intimidações à imprensa.

Fonte: DW

A detenção ocorreu esta quinta-feira (08.12) de manhã. Sete jornalistas ficaram sob custódia do Serviço de Investigação Criminal (SIC) durante três horas. O grupo estava a cobrir a manifestação de uma família que exigia a libertação de um jovem que terá sido detido de forma arbitrária.

 

O diretor do jornal "Hora H", Escrivão José, diz que os repórteres, de diferentes órgãos, foram agredidos pelos agentes do SIC.

 

"Quando chegámos ao SIC, encontrámos o pessoal que estava a organizar a manifestação, e de repente apareceu a mãe do jovem que estava detido. A senhora começou a explicar o que se passou e, de repente, apareceram efetivos do SIC, que pensaram que estávamos a filmar as instalações. Agrediram os colegas, recolheram todos os que estavam lá e os que foram nos acompanhar", relatou Escrivão José em declarações à DW.

 

Um mal-entendido?

Os jornalistas foram, entretanto, libertados. Segundo Escrivão José, os agentes do SIC explicaram que terá havido um mal-entendido. Mas ele não se conforma: "Detiveram-nos no pleno exercício da nossa profissão", denuncia.

 

"É triste ver os órgãos de segurança, que podiam proteger os cidadãos, a serem os mesmos que nos agrediram. Não violámos a lei. Infelizmente, fomos recebidos com brutalidade por parte dos efetivos do SIC", acrescenta.

 

Joaquim Paulo, repórter do site "Factos Diários", conta que ficou ferido devido às agressões: "Estou com ferimentos nos lábios e com a cara inflamada".

 

O Sindicato dos Jornalistas Angolanos (SJA) promete pronunciar-se sobre o caso assim que obtiver mais detalhes sobre as causas da detenção e agressões aos seus filiados. O SIC também não comenta o sucedido.

 

O caso acontece numa altura em que o SJA prepara uma marcha pacífica de repúdio às intimidações aos profissionais do setor, marcada para 17 de dezembro. Em menos de duas semanas, a sede do sindicato foi assaltada duas vezes.