Luanda - O presidente da UNITA, Adalberto Costa Júnior, acredita que, se houver algum referendo popular a propósito duma eventual revisão pontual da constituição, para um hipotético aumento do número de mandatos presidenciais, limitados a dois actualmente, quase nenhum angolano se manifestará a favor dessa intenção estapafúrdia. «Posso apostar que 99,9 por cento dos angolanos estarão contra essa ideia», disse, mais ou menos assim, o também líder da frente patriótica unida, em entrevista à Rádio Essencial, ao cair da noite desta terça-feira. Durante a conversa com o jornalista Edno Pimentel, que às vezes, muitas, cortava indevida ou subtilmente o raciocínio do homem, ACJ sublinhou que, em contrapartida, a próxima revisão da constituição deve ter como objectivo fundamental a reforma do estado, que implique desde já o fim da possiblidade do presidente do partido no poder vir a ser igualmente o presidente da república, como está a acontecer com João Lourenço, algo de que resulta enormes prejuízos ao desenvolvimento harmonioso que o país deveria ter.

Fonte: Club-k.net


O chefe da oposição político-parlamentar angolana manifestou-se totalmente aberto a um convite para eventuais conversações para a revisão constitucional, que será de resto apanágio do seu partido, como gaba.


Correndo rumores de que o MPLA, que não mais tem maioria suficiente para modificar a constituição a solo, terá já preparado um plano para ir buscar «quórum» entre os noventa deputados inscritos na assembleia nacional pelo Galo Negro, com alguns milhões de dólares para os aliciamentos da ordem, foi perguntado a Adalberto Costa Júnior se isso não o preocupava. Ele disse que não, embora o risco esteja presente, em razão do nunca desprezível império das liberdades e vontades individuais. «Nós na frente patriótica unida estamos bem», garantiu, aproveitando para satirizar com o ensaio de «lebeldia» que Francisco Viana protagonizou logo na tomada de posse.


Sobre o projecto dos quinhentos e tais municípios, ele disse que não passará duma mera manobra dilatória, com o fito último de se retardar a realização das eleições autárquicas.


Se não estiver enganado, acho que a estação recupera este seu espaço de entrevistas no dia seguinte a partir das nove horas.


Nota: João Lourenço já deixou escapar que não tenciona pugnar por um terceiro mandato. No entanto, como os políticos trocam as tintas facilmente, resta saber se será palavra para cumprir ou se imitará José Eduardo dos Santos, num folhetim em que ele próprio acabou apanhando por tabela.