Luanda - O analista politico Walter Ferreira destaca o envio a Angola de uma delegação norte americana interpretada como a provável ponte “para aferir o grau do aprofundamento das relações e a abertura de uma nova página nas respectivas relações entre os Estados”. Em exclusivo ao Club-K, Ferreira explica a viragem que as autoridades angolanas efectuaram de Moscovo a Washington que no seu ponto de se enquadra no posicionamento dos Estados consoante os seus interesses.

Fonte: Club-k.net

Club-K: Um dos elementos que os lideres africanos colocaram na mesa durante a cimeira EUA-África foi a reforma da ONU que compulsionaria a entrada de países africanos e latinos para o conselho de segurança. Que benefícios teria Angola estando neste órgão?

Walter Ferreira - Em primeiro lugar gostaria de salientar a importância da realização desta Cimeira EUA/ África. A importância que me refiro deriva da aproximação dos EUA e da administração do Presidente Joe Biden ao continente africano. Por este motivo, foi um facto relevante a presença do Presidente João Lourenço na Cimeira. O comunicado dos serviços de apoio ao Presidente da república não informaram na sua nota de imprensa sobre a possibilidade de uma audiência privada entre os dois Estadistas, Biden e Loureço.


O PR de Angola manifestou interesse de ter uma cooperação com os EUA no sentido de as FAA passarem estar municiadas com armas americanas. Até que ponto este pedido representa o distanciamento de Angola para com a Rússia que ate pouco tempo era o principal fornecedor de armas para Angola?!

É um indicador claro da alteração da cooperação estratégica tradicional entre Angola e a Rússia atendendo o factor a história que caracteriza essa relação, de recordar que em 2018, na cimeira de Sochi o Presidente João Lourenço havia manifestado a intenção de montagem de uma indústria bélica para montagem de armamentos com apoio técnico-militar da Rússia, a posição tomada pública pelo presidente junto de Antony Blinken Secretário de estado dos Estados Unidos, demonstrou a alteração do realinhamento estratégico, outro elemento que pode ser equacionado, é o facto de Angola votar a favor da condenação da anexação das 4 províncias Ucranianas pela Rússia na Assembleia Geral da ONU, mas essa posição deve ser encarada de forma natural, os Estados no sistema internacional se posicionam consoante os seus interesses e o realismo político nos remete a lembrar que nas Relações Internacionais não existe amizades permanentes mas sim interesses.


Que balanço se pode fazer da visita do PR aos Estados Unidos?

Balanço positivo por ter sido possível levar os instrumentos fundamentais da política externa de Angola: Diplomacia económica e Diplomacia Preventiva. Diplomacia econômica porque o presidente manteve contactos com grupos empresariais americano no sentido de apresentar aos mesmos que o país está aberto ao investimento estrangeiro americano é que o ambiente de negócio em Angola hoje é mais favorável para o investimento, diplomacia preventiva porque aproveitou a margem da cimeira para promover uma reunião de alto nível dos chefes dos Estados e de governos que fazem fronteira com a RDC no sentido de aferir o grau de execução do roteiro de paz de Luanda e as possíveis soluções adicionas, agora só os resultados que poderão produzir permitirá aferir se fomos bem sucedidos.

 

A congressista democrática Karen Bass escreveu a Biden para que receba JL em Maio de 2023 por ocasião dos 30 anos das relações diplomáticas entre os dois países. Será este pedido indicador de que Luanda se incompleta na sua participação na cimeira EUA - África e este pedido da congressista em conjunto com os lobistas da Patton serve para reparar a não recepção em separado com Biden para com o líder angolano conforme constatado?

Desde a chegada do Presidente João Lourenço ao poder é notável as deligencias feitas pelas as autoridades angolanas no sentido de promoverem um encontro entre os presidentes Joe Biden e João Lourenço, esse provavelmente encontro tem um simbolismo político, mas mais do que isso, é a “chancela” do governo americano que reconhece e apoia as reformas que estão a ser postas em marcha pelo governo angolano, desde a segurança, combate a corrupção, direitos humanos e meio ambiente, entre outras matérias que seja de interesse dos estados, para lembrar pela primeira vez na história das eleições angolanas, o governo americano enviou uma delegação no sentido de assistir o a cerimónia de investidura do presidente, dito de outro modo, o provável encontro, permitia aferir o grau do aprofundamento das relações e a abertura de uma nova página nas respectivas relações entre os Estados.