Luanda - Na véspera da chegada das tropas governamentai às portas do Andulo e Bailundo, Jonas Malheiro Savimbi decide telefonar a BBC de Londres e á Voz da América (VOA), para falar de suas apreensões, projectos, bem como advertir Luanda, enviando assim um claro sinal de que nada estava perdido. Será que o mais velho (MV), como era respeitosamente tratado, se salvaria desta? Eis a seguir, alguns estratos da conversa que o veterano das guerras africanas teve com João Van-Dúnem, então jornalista sénior, na altura ao serviço da BBC de Londres:

Fonte: Club-k.net

" ... Os angolanos podem se entender, Angola é para toda a gente, agora só a mania de Luanda, que só o importante é o do Norte, não pôde ser, eu não aceito. Nunca na minha vida eu disse que ia matar o Presidente José Eduardo dos Santos. Nunca! Mas ele quer me matar. Não aceito. Mas também você não mata um político antigo". Indagado por João Van-Dúnem se estaria disposto a um frente á frente com José Eduardo dos Santos, Savimbi defende-se dizendo: " Mas também em 1991/92 quando estávamos a ganhar, fomos pressionados pelos americanos e pela África do Sul para o compromisso, mas quando em 94 estamos fracos já não aceitaram falar assim. Agora estamos fortes e vão levar ". Sobre as sanções que acabavam de ser aprovadas pelo Conselho de Segurança da ONU, o líder da UNITA, diria: “Dizem que com o Fowler, aquele que é da Comissão das Sanções, que aqui não entra combustível não entram munições. Ele vai se enganar, vai se enganar... Se eu for trabalhar para a Pátria, vamos vencer, e haverá vergonha, daqui há 2 meses haverá vergonha".

O Impacto da Entrevista nas hostes de Luanda


O impacto e a dimensão desta entrevista provocou mal estar nas hostes do poder em Angola, cuja reação transmitiu um sério aviso preventivo, quanto ao significado e valor da chamada "imprensa independente/privada". A Rádio Ecclesia (Emissora Católica), decide retransmitir a referida entrevista, pisando assim nas malhas armadilhadas e há muito preparadas pelos serviços de inteligência. Os veteranos Paulo Julião e Emanuel da Mata, então editores do Programa da Manhã, no qual foi retransmitido essa estrondosa entrevista de Jonas Savimbi, que reaparece para quebrar o silêncio depois de prolongada ausência nas mídias, foram as principais vítimas. Mesmo Reginaldo Silva, quém deverá ter facilitado as coisas à Ecclésia, também não escapou: “Eu tenho sido envolvido por ter sido a pessoa que deu a cassete [à Ecclésia] com a entrevista com Jonas Savimbi”, confirmaria o também veterano jornalista em entrevista à emissão matinal do “Londres última Hora” da BBC do dia 9.08.1999, para adiantar que “Como consequência disso, os equipamentos que serviram de meios de transmissão da entrevista foram confiscados e as emissões da rádio, foram suspensas temporáriamente”, rematou. (Cap. XIX, pág.159 -161).


”Cuba nunca quis pôr as suas tropas no encalço de Savimbi”, Norberto Fuentes


Para a edição Nr. 5 de "A História registou", siga o depoimento de Norberto Fuentes, ex- membro dos serviços secretos cubanos, actualmente jornalista investigativo e escritor, a residir nos Estados Unidos da América. (Estratos da obra: ANGOLA - Caminhos e Desafios da Reconciliação e da Reconstrução, a ser lançado no próximo dia 04 de Março em Colônia/ Alemanha).