Luanda - ‘‘Eu acredito em uma coisa - que apenas uma vida vivida para os outros é uma vida que vale a pena ser vivida.’’ ~ Albert Einstein (1879-1955)

1. O QUE É CIDADANIA?


De modo genérico, cidadão e cidadania geralmente estão relacionados ao indivíduo que pertencente a uma comunidade e que possui determinados direitos e deveres, que variam de cada sociedade.


Segundo Costa e Ianni, no book intitulado «O conceito de cidadania», a cidadania, particularmente na modernidade, diz respeito ao direito de usufruir um mundo privado, por meio da garantia da liberdade individual e da possibilidade de escolher um representante na política ou no governo, para ser mais preciso, através de voto no pleito eleitoral. Ensuma, cidadania pode ser entendida basicamente como o status daqueles que são membros de uma comunidade e são por ela reconhecidos.


Já a palavra cidadão deriva do latim ‘‘civitas’’ (cidade) e o seu conceito remonta à antiguidade. Na civilização grega, por exemplo, o termo adquiriu os significados de liberdade e igualdade. O filósofo Aristóteles, no seu livro «A política», definiu o que é ser cidadão e quem poderia usufruir desse status. Para ele, ser cidadão significava ser titular de um poder público e participar das decisões coletivas da pólis (cidade).


2. QUAL É A DIFERENÇA ENTRE CIDADÃO E INDIVÍDUO?

Concordo com a máxima de Tocqueville, de que há uma diferença entre cidadão e indivíduo. Enquanto que o “cidadão” é uma pessoa que tende a buscar seu próprio bem-estar através do bem-estar da cidade (o bem-estar de todos), diz ele, o indivíduo é uma pessoa que tende a ser morno, cético ou prudente em relação à “causa comum”, ao “bem comum”, à “boa sociedade” ou à “sociedade justa”, ou seja, busca simplesmente o seu bem-estar. Não pensa no bem estar comum. Portanto, para Tocqueville o indivíduo é o pior inimigo do cidadão.

Então, quem você é, um cidadão ou meramente um indivíduo? Espero que cada um reflita nessa frase!


3. QUAL A POSSÍVEL CAUSA DA INDEFERENÇA DA MAIOR PARTE DAS PESSOAS EM RELAÇÃO AOS PROBLEMAS SOCIAIS?


Bem, há várias prováveis causas da indeferença da maior parte das pessoas em relação aos problemas sociais, dentre elas os excessos de actividade e informação, a busca incessante por bens, maioritária e meramente, materiais (degradando assim vida à mera agitação, como bem observou Hannah Arendt no seu livro «Victa activa») e, por conseguinte, a ausência do vazio e do silêncio que, segundo Han, condiciona a existência da Filosofia e da arte e, consequentemente, a ausência da contemplação e do espanto pela beleza do mundo.


Como era na fábrica fordista, as actividades humanas estão sendo reduzidas a movimentos simples, rotineiros e predeterminados, destinados a serem obedientes e mecanicamente seguidos.


A respeito da importância do silêncio, Sertillanges em sua obra clássica intitulada «A vida intelectual», nos diz; ‘‘ora, essa verdade de nossa eternidade, que domina nosso presente e prevê nosso porvir, é-nos revelada tão somente no silêncio da alma, silêncio dos vãos pensamentos que levam ao ‘divertimento’ pueril e dissipador; silêncio dos barulhos de chamada que as paixões desordenadas não se cansam de fazer-nos escutar’’.


A sobeja preocupação por sobreviver, que actualmente consiste, em última instância, na satisfação das necessidades maioritariamente materiais (como, por exemplo, ter iphone ou uma casa moderna), vem substituindo cada vez mais a preocupação pelo bem viver. Nas palavras de Pondé; ‘‘a preocupação com a administração da vida, que caracteriza a sociedade actual, distancia o homem da reflexão moral. Faz ele preocupar-se apenas com a eficácia (com o sucesso), isto é, numa linguagem terra-a-terra, preocupar-se apenas em brilhar.


Preocupação essa que afecta a estrutura da atenção humana, aproximando cada vez mais a vida humana da vida selvagem.


Como Han, na sua obra «Sociedade do cansaço» esclarece; ‘‘a técnica temporal e de atenção multitasking (multitarefa) não representa nenhum progresso civilizatório. A multitarefa não é uma capacidade para a qual só seria capaz o homem na sociedade trabalhista e de informação pós-moderna. Trata-se antes de um retrocesso. A multitarefa está amplamente disseminada entre os animais em estado selvagem. Trata-se de uma técnica de atenção, indispensável para sobreviver na vida selvagem. Pois, um animal ocupado no exercício da mastigação de sua comida tem de ocupar-se ao mesmo tempo também com outras atividades. Deve cuidar para que, ao comer, ele próprio não acabe comido. Ao mesmo tempo tem de vigiar sua prole e manter o olho em seu(sua) parceiro(a). Na vida selvagem, o animal está obrigado a dividir sua atenção em diversas atividades. Por isso, não é capaz de aprofundamento contemplativo – nem no comer nem no copular [..]’’.


A outra provável causa é a individualização, que parece corroer e desintegrar gradualmente a cidadania.


Estamos mais preocupados com questões individuais do que com questões públicas ou sociais. Problemas individuais (como, por exemplo, traição numa relação de famosos ou separação entre famosos) preenchem o espaço público como seus únicos ocupantes legítimos, sem deixar espaço para questões públicas.


Até pensamos mui e somos mui críticos; porém, a nossa crítica é, nas palavras de Bauman, “desdentada”, incapaz de afetar a agenda estabelecida para nossas escolhas na “políticavida”.


Ele explica isso através do funcionamento de acampamento. Ele diz; ‘‘o tipo de “hospitalidade à crítica” característico da sociedade moderna em sua forma presente pode ser aproximada do padrão do acampamento. O lugar está aberto a quem quer que venha com seu trailer e dinheiro suficiente para o aluguel; os hóspedes vêm e vão; nenhum deles presta muita atenção a como o lugar é gerido, desde que haja espaço suficiente para estacionar o trailer, as tomadas elétricas e encanamentos estejam em ordem e os donos dos trailers vizinhos não façam muito barulho e mantenham baixo o som de suas TVs portáteis e aparelhos de som depois de escurecer [,..] O que os motoristas querem dos administradores do lugar não é muito mais do que ser deixados à vontade. Em troca, não pretendem desafiar a autoridade dos administradores e pagam o aluguel no prazo [...] Tendem a ser inflexíveis quando defendem seus direitos aos serviços prometidos, mas em geral querem seguir seu caminho [...] Ocasionalmente podem reivindicar melhores serviços; se forem bastante incisivos, vociferantes e resolutos, podem até obtê-los. Se se sentirem prejudicados, podem reclamar e cobrar o que lhes é devido — mas nunca lhes ocorreria questionar e negociar a filosofia administrativa do lugar, e muito menos assumir a responsabilidade pelo gerenciamento do mesmo. Podem, no máximo, anotar mentalmente que não devem nunca mais usar o lugar novamente e nem recomendá-lo a seus amigos. E quando vão embora [...] o lugar fica como era antes de sua chegada, sem ser afetado pelos ocupantes anteriores e esperando por outros no futuro; embora, se algumas queixas continuarem a ser feitas por grupos sucessivos de hóspedes, os serviços oferecidos possam vir a ser modificados para impedir que as queixas sejam novamente manifestadas no futuro’’. Por isso Margaret Thatcher declarou que não existe essa coisa de sociedade. ‘‘As perspectivas de que os atores individualizados sejam ‘reacomodados’ no corpo republicano dos cidadãos são nebulosas. O que os leva a aventurar-se no palco público não é tanto a busca de causas comuns e de meios de negociar o sentido do bem comum e dos princípios da vida em comum quanto a necessidade desesperada de ‘fazer parte da rede’, disse o Bauman”.


Uma outra provável é o estimulo constante do público a ser complacente na mediocridade, feitos principalmente através da mídia, por parte dos governos, como Noam Chomsky argumentou em «Dez estratégias de manipulação». Promover ao público a achar que é moda, apenas uma questão de diversão e felicidade, ser estúpido, vulgar e inculto.


Concernente a isso, de igual modo argumentou Günther Anders, em «A obsolescência do homem». Ele disse; ‘‘vamos ocupar as mentes com o que é fútil e lúdico. É bom com conversa fiada e música incessante, evitar que a mente se interrogue, pense, reflita’’.


Uma povo estúpido e, naturalmente, ignorante é uma benção para a elite governante, principalmente ditadora. Essa benção pode ser vista no livro «A revolução dos bichos», de George Orwell, onde por não serem inteligentes e por não saberem ler em condições, os bichos, como Quitéria (cavalo) e Maricota (cabra), tinham dificuldade em protestar contra uma violação de alguns dos princípios do Animalismo (0s 7 mandamentos por eles estabelecidos) pela qual a Granja dos Bichos deveria ser regida. Porém, pior do que esses são a Mimosa, que preocupa-se apenas com a beleza, e Benjamim (burro), que sabia ler em condições mas recusava-se a ler pelos outros, isto é, a esclarecer a lei a eles. E quando mesmo finalmente aceitou fazê-lo já era tarde, já se tinha mudado a lei (os mandamentos). Não sejamos o Benjamim!


Outra provável causa é o medo. Porém, quando agir é necessário temos de nos vestir de coragem. Como o filósofo Schelling (1775), na sua obra «Investigações filosóficas sobre a essência da liberdade humana» disse; ‘‘uma vida com coragem pode der mais bela’’.
Uma outra provável causa, por parte dos religiosos, é o radicalismo religioso que há em certos religiosos. No caso de alguns cristãos, por exemplo, devido a má interpretação de algumas passagens bíblicas (como, por exemplo, ‘amizade com o mundo é inimizade com Deus’ e ‘o meu reino não é daqui’). Participar pelo bem-estar da sociedade não é pecado, pelo contrário. Na Bíblia encontramos passagens que respaldam isso, como, por exemplo, ‘‘Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte’ ‘(Mateus 5:14); ‘‘[...] Então ele lhes disse: Dai pois a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus’’ (Mateus 22:21).


‘‘Se você estudar a história, verá que os cristãos que mais trabalharam por este mundo eram exatamente os que mais pensavam no outro mundo. Os apóstolos, que desencadearam a conversão do Império Romano, os grandes homens que erigiram a Idade Média, os protestantes ingleses que aboliram o tráfico de escravos [...]’’. ~ C.S. Lewis

4. POR QUE PENSAR A SOCIEDADE?


‘‘Nenhuma sociedade que esquece a arte de questionar pode esperar encontrar respostas para os problemas que a afligem’’. ~ Zygmunt Bauman (1925-2017)


Pensar a sociedade não se trata de viajar na mayonese e sim de uma necessidade, face aos contínuos problemas existentes no decorrer da história humana.


E tal como Byung-Chul Han disse mui bem; ‘‘embora o futuro do mundo não dependa do pensamento, mas do poder das pessoas que agem, o pensamento não seria irrelevante para o futuro das pessoas, pois, dentre as atividades da vita activa, o pensamento seria a mais ativa atividade, superando todas as outras atividades quanto à pura atuação.

Já não há problema(s) social(ais)?

Já há um consenso sobre o real sentido da vida?

Já se sabe como realmente é o universo?

Já se sabe o segredo da felicidade [como fazer para obtê-la] ou há já um consenso sobre?

Se não, por que viver indiferente a tais coisas, se são elas as principais coisas que levaram os inventores e descobridores do passado a inventarem e descobrirem coisas novas, que em mui nos beneficiam hoje?


Pensar é, além de necessário, mui prazeroso e sublime. Como Sertillanges falou; ‘‘é no pensamento criador que jaz nosso ser verdadeiro e nosso eu na forma autêntica’’.


Portanto, se pensar é em si necessário e maravilhoso, pensar a sociedade em que vivemos chega a ser melhor ainda, nos ajudando a enxergar problemas existentes e suas possíveis soluções. Han deixa mais claro isso dizendo que; ‘‘quem se entedia no andar e não tolera estar entediado, ficará andando a esmo inquieto, irá se debater ou se afundará nesta ou naquela atividade. Mas quem é tolerante com o tédio, depois de um tempo irá reconhecer que possivelmente é o próprio andar que o entedia. Assim, ele será impulsionado a procurar um movimento totalmente novo’’.


Ao abandonar a reflexão crítica profunda sobre a vida caminharemos, nas palavras de Sertillanges, sem saber nem quem somos, nem para onde deveras queremos ir, nem como se caminha.


A causa final de um homem (todas as suas acções), disse Aristóteles, deve ser direcionada ao bem (eudamonia, palavra grega que significa felicidade).


Quem sabe, indagou-se Bauman, não seria um remédio manter-se, como no passado, ombro a ombro e marchar unidos? Quem sabe se, caso os poderes individuais, tão frágeis e impotentes isoladamente, fossem condensados em posições e ações coletivas, poderíamos realizar em conjunto o que ninguém poderia realizar sozinho? Quem sabe?


A vida humana culmina numa hiperatividade mortal se se eliminar completamente a contemplação, como demonstrado nas palavras de Nietzsche; “por falta de repouso, nossa civilização caminha para uma nova barbárie.


Um tipo de viver onde preocupa-se mais por polêmicas de famosos e nossos caprichos egoístas, nos alerta Richard Sennett, só pode criar “comunidades” tão frágeis e transitórias como emoções esparsas e fugidias, saltando constantemente de um objetivo a outro na busca sempre inconclusiva de um porto seguro: comunidades de temores, ansiedades e ódios compartilhados.


Alguns dos mui e graves problemas existentes são:

a) Improdutividade intelectual – o número de estudantes do ensino superior com problemas de leitura e interpretação de textos é grande, segundo algumas fontes;

b) Depressões – os excessos de tarefa, informação e positividade estão a deixar os homens depressivos;


c) Epidemias neuronais – hoje grande parte da população mundial sofre com transtornos mentais. Só no Brasil, por exemplo, diz-se que 86% da polução sofre com algum transtorno mental;


d) Alto índice de suicídio – há mui gente, em todo planeta, principalmente nos países mais
desenvolvidos, tirando sua própria vida. A frequência com que isso acontece é simplesmente assustadora;


e) Crise ambiental – concernente a isto, por exemplo, só para ter a noção da gravidade disto, o cientista génio Stephen Hawking, estimou que num período de apenas 100 anos o planeta terra será inabitável para os humanos. Segundo uma reportagem na Euronews, o planeta perdeu 69% dos animais selvagens em apenas 50 anos.


f) Desumanização - frieza nos relacionamentos familiares, amorosos e amistosos e, por conseguinte, relacionamentos frágeis (pessoas iniciando um relacionamento hoje e terminando amanhã), fazem parte do panorama actual.


Todos esses problemas, assim como outros (como, por exemplo, morte em hospitais por negligência ou por falta de condições), são tão reais quanto graves, sobre os quais devemos reflectir, claro, com intuito de solucioná-los (pelo menos os passíveis de serem solucionados)!


Não vamos esperar acontecer algo como consequência de um problema social quando podemos evitar. Não vamos esperar ver nosso parente morrer por negligência médica ou por falta de condições para nos preocuparmos. Tem se dito que a prevenção é o melhor remédio.
5. QUAL A POSSÍVEL SOLUÇÃO PARA A RESSUREIÇÃO DA CIDADANIA?

‘‘Se tudo é construído, toda desconstrução é racionalmente permitida’’.
~ Luiz Felipe Pondé


A probabilidade de se reverter a situação é simplesmente escassa, uma questão de milagre, para ser mais preciso. Algumas mentes como Bauman não creem que há alguma chance de disso acontecer. Tal como defende no seu livro ‘‘Modernidade líquida»; ‘‘a individualização chegou para ficar; toda elaboração sobre os meios de enfrentar seu impacto sobre o modo como levamos nossas vidas deve partir do reconhecimento desse fato’’.


Ele nos alerta; ‘‘não se engane: a individualização é uma fatalidade, não uma escolha. Na terra da liberdade individual de escolher, a opção de escapar à individualização e de se recusar a participar do jogo da individualização está decididamente fora da jogada. E prossegue; ‘‘há colapso gradual e o rápido declínio da antiga ilusão moderna: da crença de que há um fim do caminho em que andamos, um Estado de perfeição a ser atingido amanhã, no próximo ano ou no próximo milênio, algum tipo de sociedade boa, de sociedade justa e sem conflitos em todos ou alguns de seus aspectos postulados: do firme equilíbrio entre oferta e procura e a satisfação de todas as necessidades; da ordem perfeita, em que tudo é colocado no lugar certo’’.


Assim como Bauman, mentes que não acreditavam numa possível reviravolta são Ulrich Beck e Elisabeth Beck-Gernsheim, que apresentaram processo de individualização como uma história em curso e infindável, com seus distintos estágios.


Uma das principais coisas que torna essa reversão mui difícil é que as pessoas pós-modernas, avessas a tudo que é relacionado a estresse e dor, não querem mudar. Como, segundo Bauman, Lion Feuchtwanger numa versão apócrifa da Odisséia (Odisseu e os porcos: aquele desconforto cultural) propôs que os marinheiros enfeitiçados por Circe e transformados em porcos gostaram de sua nova condição e resistiram desesperadamente aos esforços de Ulisses para quebrar o encanto e trazê-los de volta à forma humana. Ele prossegue, quando informados por Ulisses de que ele tinha encontrado as ervas mágicas capazes de desfazer a maldição e de que logo seriam humanos novamente, fugiram numa velocidade que seu zeloso salvador não pôde acompanhar.


Outras mentes, pelo contrário, acreditam que sim, como é o caso de Fiódor Dostoiévski (escritor russo do século 19) e Luiz Pondé (filósofo brasileiro), que acreditam que a beleza (o espanto) salvará o mundo.


Eu não creio que esse problema possa ser totalmente solucionado, isto é, não vejo uma solução para o problema, mas que podemos fazer alguma coisa para melhorar, por mais pouco que seja. A Bíblia, por exemplo, diz claramente que o pecado permanecerá até o fim dom mundo, e não só, que piorará com o passar do tempo; e ainda assim ela nos chama a sermos a luz do mundo e instigar as pessoas a abandonarem o pecado.


Eu creio que algumas possíveis soluções seriam; sermos cidadãos, participarmos na sociedade de maneira activa (‘se você quer mudar o mundo, comece por você mesmo’’, disse Mahatma Gandhi), instigar as pessoas a tal coisa e a leitura através da fala e de actividades, se evitar meios onde reina a estupidez (pois a quantidade tem força, como nos informou o escritor brasileiro Nelson Rodrigues; ‘os idiotas vão tomar conta do mundo; não pela capacidade, mas pela quantidade. Eles são muitos’).


Ler é mui saudável. Ajuda-nos a beber de experiências de pessoas com mui mais experiências que nós. Como descrevia René Descartes (dos séculos 16 e 17, pai da filosofia moderna) “ler um bom livro é como conversar com as melhores mentes do passado”.


Sócrates, no livro «A república», em resposta ao pedido de Céfalo para passar a visitá-lo mais vezes para conversarem, disse; ‘‘em verdade, Céfalo, eu aprecio conversar com os velhos. Penso que devemos aprender com eles, pois são pessoas que nos antecederam num caminho que também iremos trilhar [...]’’


Tal como Aristóteles deixou claro, para melhor participar na sociedade (na sua estrutura e funcionalidade, etc.) é necessário ser uma pessoa instruída.


6. CUIDADOS A SE TER


Fronêses (prudência ou sabedoria), nos informou Aristóteles, é a maior de todas virtudes. É necessário ter mui calma nisso.


Primeiro, quanto ao beber de pessoas mais experientes, é necessário se ter cuidado com quem seguir, pois mui gente é inteligente e entregue a causa, mais é arrogante e radical, o que chega a ser mui perigoso. Não siga pessoas arrogantes, por mais inteligentes que elas sejam.


Segundo, quanto a luta pelo bem estar comum, é necessário ter cuidado para, na linguagem de Luiz Ponde, não viajar na maionese, podendo na boa intenção prejudicar gravemente o mundo, tal como aconteceu com algumas mentes do passado, principalmente do século 19 e 20, como Adolfo Hitler.


Terceiro, ter um equilíbrio entre a victa activa e victa contemplactiva. Nesse contexto, os extremos não são bons, nem uma vida na total indiferença e nem uma voltada apenas para pensar a sociedade, em ambos os casos é reduzir a vida. Precisamos, e mui mesmo, também de momentos prazer, claro, desde que não prejudicam a nossa saúde, como, por exemplo, fumar e consumir bebidas alcóolicas, que matam lentamente o organismo. A vida é só uma, como se tem dito!


Temos um mundo lindo para cuidar e desfrutar, na praia, no abraço verdadeiro, num sorriso sincero, num amor puro, etc.


A vida é mui maravilhosa, como Zygmunt Bauman nos disse; ‘‘a vida é muito maior que a soma de seus momentos’’.

Luanda, aos 10 de Dezembro de 2022

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