Luanda - Com o surgimento da globalização tudo ficou mais interligado e unificado em todos os âmbitos e dimensões, tanto a nível político, diplomático, cultural, social, estratégico-militar, quanto à nivel econômico-comercial, e desde então, os Estados são obrigados a cooperar entre si e a criar normas internacionais para melhor relacionarem-se, sem deixar de lado as suas diferenças e seus vastos interesses nacionais.

Fonte: Club-k.net

A globalização trouxe mudanças significativas nas tratativas de cooperação econômico-internacional, os governos tudo fazem para influenciar grandes actores e parceiros globais para assinarem e ratificarem acordos vantajosos recíprocos nas suas trocas comerciais bilaterais ou multilaterais com organismos regionais, internacionais e transnacionais no âmbito econômico, comercial e cooperação ao desenvolvimento.

Nas relações internacionais os Estados apesar das suas soberanias e autonomias são estreitamente interdependentes entre si, isto é uma das características da globalização, esta interligação constante e permanente, sobretudo na área econômica obriga os Chefes de Estado, Chefes de governo junto dos seus departamentos competentes a traçar programas e projectos estatais que permitem o crescimento do País em várias direcções essenciais dentro do Aparelho do Estado.


Segundo o diplomata de carreira Paulo de Almeida a economia internacional é um “sistema articulado de economias nacionais intercambiando bens, serviços, capitais e tecnologia, em um contexto dinâmico de assimetrias estruturais que passou por diversas fases ao longo do século XX, tais como: saltos tecnológicos, mudanças de padrões monetários, crises financeiras, anos de crescimento sustentado seguidos de conjunturas de estagnação, surtos de liberalização alternando com impulsos de protecionismo comercial, incorporação de novos actores econômicos e preservação de velhas desigualdades estruturais, fases de fechamento e de abertura aos movimentos de pessoas e aos fluxos de capitais, redistribuição dos fluxos de renda na direcção de novos centros de acumulação e confirmação de antigos mecanismos de concentração e de acumulação, enfim, uma gama variada de tendências e de ciclos tão diversos quanto os processos políticos que marcaram um século ao mesmo tempo destruidor e criador”.

A economia internacional ganhou e continua ganhando destaque por causa da presença das Multinacionais. As empresas Multinacionais também conhecidas como empresas transnacionais ou empresas globalizadas representam um complexo de empresas nacionais interligadas entre si, subordinadas a um controle central unificado e obedecendo a uma estratégia global; ou seja são empresas que actuam além e através das fronteiras estatais. Na visão de Maria Forjaz essas corporações são “entidades que transcendem as fronteiras dos Estados nacionais e sua lógica de operação e suas estratégias não estão condicionadas por razões de Estado, mas sim pela busca de mercados atraentes e melhores condições de investimento, estejam elas onde estiverem. O fluxo contínuo do capital financeiro igualmente não respeita as fronteiras nacionais, e os Estados não têm mais condições de controlá-los, assim como a rede global das comunicações está acima das possibilidades de gestão local”.

Falar de empresas transnacionais é o mesmo que falar de globalização, de crescimento e de desenvolvimento porque estas grandes corporações são os actuais motores da globalização e de tudo que se chama modernização ou inovação.

A presença das Multinacionais num determinado Estado proporcionam vantagens ao mesmo tempo desvantagens. As vantagens é que essas corporações globais através dos seus investimentos multimilionários, bilionários e trilionários, possibilitam a empregabilidade de centenas de milhares de cidadãos nacionais; permitem o crescimento econômico interno; contribuem para o melhoramento das infrastruturas públicas; permitem também a entrada de capital estrangeiro no País ou seja divisas internacionais: dólar, euro, yuan, yen; libra; atracção turística; baixo preço dos produtos; melhormento dos recursos humanos; melhor capacidade de gestão, etc.

São as Multinacionais que fazem a economia internacional e a economia dos Estados funcionar. A economia internacional por intermédio das Multinacionais impõe relações econômicas entre os países. Esta interdependência directa ou indirectamente é fundamental e crucial para o bem-estar econômico das Nações, sobretudo para aquelas Nações que estão em fase de crescimento ou em via de desenvolvimento.

Há sempre ganhos (pouco ou muito) que provêm destas grandes empresas a favor dos interesses nacionais e de governo, agora, se esses ganhos são ou não bem alocados pelos dirigentes estatais para a resolução dos problemas público-sociais é um assunto ou interpretação mais política que econômica.

A economia internacional é sinônimo de comércio internacional; economia mundial; finanças internacionais; e relações econômicas internacionais. Tudo isso são movidos pelas Multinacionais, tudo isso estão sob o domínio e supervisão das corporações econômicas globais, que traçam e projectam suas dinâmicas empresariais em direcção ao lucro e controle de bens e serviços naquilo que são as suas áreas de actuação e de produção entorno do comércio internacional.


Quanto as desvantagens das Multinacionais, estas corporações globais estão mais preocupadas com os lucros. Para as transnacionais o mercado mundial é que está no centro das decisões das empresas, para as quais os mercados nacionais são menos importantes. Por outra essas corporações tendem também a apropriar-se dos recursos naturais, minerais e dos demais benesses concedidas pelos governos nacionais e que transferem as riquezas obtidas para as verdadeiras pátrias das empresas.

As Multinacionais (implicitamente e explicitamente) chegam a superar a grandeza dos Estados e de seus respectivos governos. Os políticos e dirigentes de uma Nação em muitas das ocasiões sentem-se obrigados ou pressionados a criarem leis a favor destas grandes empresas ou revogar certas leis internas para permitir a presença ou o bom funcionamentos destas no País. Em casos “extremos” estas corporações politicamente podem exercer influências e poderes de persuasão e de dissuasão contra Chefes de Estado e de Governo, e quando nada disso funciona, surgem em muitas das circunstâncias desestabilizações econômicas e financeiras, descontentamento social e revoltas populares, outras vezes acontecem golpes de Estado ou mudanças de presidentes, entre outros actos inconstitucionais dentro do «status quo».

Perante a presença das Multinacionais há quem defenda o conceito de justiça, ou seja, muitos são de ideia de que as Multinacionais deveriam ter também a missão ou função de promover a justiça nos Estados onde actuam. A justiça é dar ao outro o que realmente lhe pertence, na visão de John Rawls a justiça é a primeira virtude das instituições sociais, Rawls defende que todos merecem iguais oportunidades dentro do Estado. Para ele “cada pessoa deve ter um direito igual ao mais abrangente sistema total de liberdades básicas iguais que seja compatível com um sistema semelhante de liberdades para todos. Quanto à questões econômicas, John Rawls diz que as desigualdades econômicas e sociais devem ser ordenadas de tal modo que, ao mesmo tempo: tragam o maior benefício possível para os menos favorecidos, obedecendo às restrições do princípio da poupança justa; e que sejam vinculadas a cargos e posições abertos a todos em condições de igualdade equitativa de oportunidades”.

Independentemente das reflexões, análises e posições de muitos pensadores, académicos e pesquisadores sobre questões acima referidas, não é responsabilidade das Multinacionais promover a justiça social, isso é função dos Estados e dos seus respectivos governos, as Multinacionais são corporações prevalentemente econômicas e comerciais, estas corporações vivem de compras e vendas, vivem de produção e de lucros, não são organizações de matriz solidária, política ou diplomática, portanto, a questão da justiça nestas corporações passa por promoções profissionais dos próprios funcionários, salários igualitários entre homens e mulheres com mesmas especialidades, grau profissional, mérito e carreira na organização, não um tipo de justiça como sugere e descreve John Rawls, que hipotiza uma sociedade “perfeita” ou ideal.

Efectivamente as Multinacionais podem ser consideradas também como grupos de pressão, grupos de interesses e grupos de poder, na visão do pesquisador José Faria estas organizações empresariais “pressionam os governos a melhorar e ampliar as condições de competitividade sistêmica, detêm poder substancial de influência na formação, implementação e execução de políticas públicas, estas entidades corporativas transnacionais reivindicam a abertura comercial, a desregulamentação dos mercados, a adopção de programas de desestatização, a flexibilização da legislação trabalhista e a implementação de outros projectos de deslegalização e desconstitucionalização”.

Portanto, a economia internacional e o comércio internacional na prática são basicamente frutos do trabalho árduo das Multinacionais, estas empresas globalizadas são tantas e diferenciadas, tais como: Multinacionais dos petrólios e gás; Multinacionais da tecnologia; Multinacionais ligadas à finanças; Multinacionais das armas (indústrias bélicas); Multinacionais ligada à exploração mineral e natural; Multinacionais do entrentenimento (indústria musical e outras artes); Multinacionais de produção alimentar, etc, tudo isso fazem mover a economia internacional na qual os Estados fazem parte, mas o verdadeiro poder ou actores da comunidade internacional são as Multinacionais, que controlam praticamente as decisões comerciais e econômicas globais, de consequência condicionam o andamento da política internacional.

As Multinacionais são actores internacionais não estatais, essas corporações globais “tomaram de assalto” a economia mundial, controlam praticamente tudo: controlam institucionais internacionais; controlam governos; controlam empresas filiares, sucursais e não só, quando seus interesses vitais estão em risco podem financiar conflitos: conflitos étnico-tribais, conflitos estatais ou interstatais, conflitos regionais e internacionais; financiam candidatos para cargos presidenciais, assim como também podem remover dirigentes através de golpes institucionais ou golpes parlamentares como impeachment, processos judiciais “fabricados” ou golpes de Estado.

Conselheiro de Segurança Nacional

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Por: Leonardo Quarenta

Ph.D em Direito Constitucional e Internacional

Mestrado em Relações Internacionais, Diplomacia, Mediação e Gestão de Crises

Master em Jurista Internacional de Empresas

Master em Management das Organizações do Terço Sector e das Empresas Sociais