Luanda - O líder do Movimento do Protectorado da Lunda Tchokwe, José Mateus Zecamutchima foi libertado na sexta-feira. A informação foi confirmada à RFI pelo seu advogado, Salvador Freire, e pelo secretário-geral do Movimento do Protectorado da Lunda Tchokwe, Fiel Muaco.

Fonte: RFI

O líder do Movimento do Protectorado da Lunda Tchokwe, José Mateus Zecamutchima, foi libertado na sexta-feira, na sequência da Lei da Amnistia.

 

O responsável do Movimento do Protectorado da Lunda Tchokwe estava preso há mais de 20 meses numa das cadeias da província de Benguela, no sul de Angola. Ele tinha sido condenado a quatro anos de prisão por "associação criminosa" e "incitação à rebelião" depois de uma manifestação que degenerou em confrontos na vila mineira de Cafunfo, na Lunda Norte, a 30 de Janeiro de 2021. Os confrontos provocaram a morte de seis indivíduos, segundo as autoridades, e mais de 30, de acordo com a oposição e activistas. Na altura, a igreja católica angolana denunciou o "grave massacre" de manifestantes defensores da causa do Protectorado Português da Lunda de Tchokwe.

 

Fiel Muaco, secretário-geral do Movimento do Protectorado da Lunda Tchokwe, disse à RFI que José Mateus Zecamutchima já se encontra no seio da família.

 

“Sim, confirmo. Ele teve liberdade anteontem, sexta-feira, e hoje já está connosco aqui. Mesmo o crime que ele foi condenado, foi uma condenação injusta”, explicou Fiel Muaco, secretário-geral do Movimento do Protectorado da Lunda Tchokwe.


Contactado pela RFI, também o advogado de José Mateus Zecamutchima, Salvador Freire, confirmou que “foi na sexta-feira que ele teve a liberdade” e considerou que foi reposta justiça.

 

“Representa aquela pretensão que eu tinha, na qualidade de advogado do Zecamutchima, que o Zecamutchima não participou nessa manifestação [30 de Janeiro de 2021]; não foi uma manifestação violenta como alegavam pois não se utilizaram meios contundentes como eles disseram. Aliás, os próprios agentes dos serviços criminais, agentes da polícia nacional, confirmaram junto do tribunal que o Zecamutchima não esteve presente nessa manifestação. Não se utilizaram armas como eles acusaram. Posto isto, representa, para mim, aquilo que nós viemos a dizer: que o Zecamutchima era inocente”, descreveu Salvador Freire.

 

Questionado pela RFI sobre o rumo das manifestações em Angola, depois de o Presidente João Lourenço ter dito à RFI, esta semana, que “em Angola não existe repressão, a prova é que todos os sábados há manifestações”, Salvador Freire disse acreditar que “o Presidente não vê ou não é informado daquilo que tem acontecido no território angolano”.

 

“De facto, têm existido manifestações e essas manifestações têm sido reprimidas pela polícia nacional de forma violenta. Tem havido mortes em algumas manifestações, há feridos e, como tal, acredito que o que o Presidente disse não corresponde com a realidade que tem acontecido no nosso território nacional. É verdade que tem havido manifestações todas as semanas, mas essas manifestações têm sido fortemente reprimidas pela polícia, os activistas são levados de uma localidade para a outra e muitos deles são espancados e detidos pelo simples facto de tentarem realizar uma manifestação”, acrescentou o advogado.