Lisboa - A Direcção Nacional de Investigação e Acção Penal (DNIAP) da PGR emitiu um mandado de buscas e apreensão contra Joel Leonardo, mas este obstaculizou os trabalhos dos técnicos, sob alegação de que, para o seu nível — qualidade de presidente do Supremo —, o documento teria de estar assinado pelo próprio procurador-geral, Hélder Fernando Pitta Gróz, invocando equiparação da hierarquia.

Fonte: Club-k.net

PRESIDENTE DO SUPREMO PÔS-SE EM FUGA

As buscas aconteceram por volta das 10h00 da manhã de de sexta-feira, 10, quando uma equipa da PGR realizou uma visita surpresa à sede do Tribunal Supremo, a fim de realizar buscas e apreensões.



Joel Leonardo, que deixou de comparecer nas instalações da instituição desde o passado dia 27 de Fevereiro, não se encontrava presente. Os técnicos da PGR apresentaram-se ao secretário-geral do Tribunal Supremo, Altino Kapala Kayela, e este, por sua vez, pediu que lhe apresentassem a cópia do competente mandado de buscas e apreensão, documento este que lhe foi prontamente entregue.

 

Notabilizado como um dos homens da alta confiança de Joel Leonardo, o secretário-geral Altino Kapala Kayela, daí há instantes, pediu aos técnicos da PGR que lhe dessem um minuto. E, logo a seguir, meteu-se em fuga, abandonado a sede do tribunal, sem que ninguém tivesse se apercebido. Somente depois de dez minutos depois é que os magistrados da PGR notaram que o mesmo já não se encontrava nas instalações.


De acordo com fontes do Club-K, Altino Kapala Kayela, ao sair da sede do TS, foi ao encontro de Joel Leonardo, que se encontrava na sede do Conselho Superior da Magistratura Judicial (CSMJ), ao lado da antiga Assembleia Nacional.

 

Chegado à sede do CSMJ, Altino Kayela alertou a Joel Leonardo que deveria preparar-se, já que havia uma equipa de busca da PGR a realizar visitas surpresas, com a missão de inspecionar o seu gabinete.

 

É nesse momento em que Jeol Leonardo e Altino Kapala Kayela deram instruções aos funcionários desta repartição, em caso dos técnicos da PGR ali chegarem, a não prestarem quaisquer informações relacionadas com o presidente do CSMJ.

 

Enquanto isso, a equipa da PGR, que estava na sede do Supremo, ao aperceber-se que o secretário-geral Altino Kapala Kayela havia fugido, rumou igualmente para a sede do CSMJ, onde Joel Leonardo se encontrava.

 

Nesta sede, apresentaram-se explicando-se que estavam a realizar buscas no âmbito financeiro. A equipa de Joel Leonardo que os recebeu exigiu a apresentação de um documento da PGR a autorizar investigação a um juiz superior.

 

Os técnicos do CSMJ fizeram questão de informar aos técnicos em serviço que o documento devia estar assinado pelo próprio Hélder Fernando Pitta Gróz, tendo em conta o estatuto de Joel Leonardo, que goza de fórum especial.

 

Os técnicos da PGR queriam saber qual das salas do referido edifício era o gabinete de Joel Leonardo, mas não foram correspondidos, já que os funcionários alegaram que não podiam prestar tais informações, temendo que fossem depois penalizados pelo juiz.

 

No decorrer dos trabalhos, os magistrados da PGR selaram algumas salas como a da contabilidade e do secretário executivo do CSMJ, para que ninguém entre, enquanto decorrem as buscas até aos próximos dias. Entretanto, os técnicos da PGR ficaram sem saber qual era exactamente o gabinete de trabalho de Joel Leonardo, uma vez que os funcionários foram instruídos a não informar. Ao total selaram quatro gabinetes destas instalações onde funciona o CSMJ. 

 

Joel Leonardo, por sua vez, abandonou o edifício discretamente, assim que Altino Kapala Kayela o avisou que a PGR estava à sua procura. Segundo apurou o Club-K, o presidente do Supremo telefonou, logo a seguir, para os seus ‘testas de ferro’, informando-os de que todos devessem ir ao seu encontro na sua residência, sita no condomínio Boavida, ao bairro Benfica, para uma reunião de emergência.

 

“Ao que se assistiu ontem foi algo lamentável, pois o Dr. Joel Leonardo deve adoptar uma postura mais responsável e não fugir da justiça”, desabafou uma fonte do Club-K, lembrando que todos têm o dever de cooperar com a justiça, quando confrontados nestas situações.