Luanda - Estou atônito em relação à indiferença de membros do MPLA com capacacidade intelectual e legitimidade histórica face ao rumo que este partido e o País estão a tomar.

Fonte: Club-k.net

O partido no poder tem, sem margens para dúvidas, insignes juristas. Mas eles estão permanentemente indiferentes às constantes violações da Constituição vigente.


O Presidente João Lourenço “estupra”, quotidianamente, o estatuto jurídico-político do País e a plêiade de juristas ao “serviço” do MPLA nada diz. Raul Araújo, há poucas semanas, foi uma excepção à cultura política dessa geração de juristas membros do MPLA.


O silêncio dos juristas do MPLA ante à deriva autoritária de João Lourenço prejudica quer a imagem do partido no poder, bem como Angola e aos angolanos.


Será que João Lourenço usa o aparelho securitário para intimidar os seus camaradas, incluindo os juristas?


É muito estranho que no MPLA - destaque-se aqui a coragem de Boavida Neto e Marcolino Moco - os militantes do partido no poder não saiam em socorro do povo e do País.


Quando eu era bambino e “militante” da OPA costumava ouvir dizer que o MPLA era o fiel intérprete da vontade do povo e o mais importante era resolver os problemas do povo!


Faz-me espécie saber que hoje o MPLA é incapaz de interpretar que há uma pobreza franciscana que grassa pelo País e sentir que a paciência do povo está no seu limite.


Pasmo fico quando percebo que, afinal, há muito que o MPLA colocou de lado a máxima segundo a qual “O Mais Importante É Resolver Os Problemas do Povo(sic!)”. Hoje o lema é: “O mais importante é manter e consolidar o dinheiro roubado pelos militantes do MPLA "protegidos" de João Lourenço, uma minoria, que tem tido carta branca para acumular ilicitamente riqueza!”


O que se passa, afinal, com o MPLA que não se opõe às práticas jurídicas e políticas erráticas de João Lourenço, que não quer garantir o funcionamento autónomo do poder judiciário?


A paciência do povo está a chegar ao seu limite. O dia que o povo sair em massa às ruas para colocar um ponto final ao que o MPLA não quer fazer, auguro, pois, que os efectivos da Polícia Nacional e das FAA se abstenham de carregar ou disparar contra os cidadãos oprimidos e que pacificamente exijam o fim do regime autoritário, agora, imposto por João Lourenço.


O País vai esperar que estas duas instituições, a Polícia Nacional e as FAA, tenham um comportamento republicano e pro-liberdade quando um dia destes - que não se quer muito tardio - o povo entender, soberana e espontaneamente, fazer aquilo que o MPLA se recusa a fazer por ele.


Post Scriptum: Sou contrário à insurreições não pacíficas ou “putsch” de qualquer ordem. Que fique claro! Sou filho, também, de uma vítima do 27 de Maio de 1977. Para que conste!