Luanda - O jornalista e activista Rafael Marques foi recebido esta quinta-feira no Departamento de Estado por Susan Page, sub-secretária de estado adjunta para África, apurou o Semanário Angolense junto de fonte diplomática.


Fonte: SA


Rafael Marques e a sua anfitriã falaram sobre a situação política e económica bem como a questão da corrupção em Angola. Rafael Marques visita os Estados Unidos desde domingo passado. Rafael Marques tem em andamento um levantamento que mostra como a criação de uma classe empresarial nacional resultou na concentração de bens e fundos nas mãos de um grupo muitíssimo restrito de angolanos, na apropriação indevida de bens públicos, e na promiscuidade de servidores públicos, entre os quais ministros, deputados e assistentes do presidente da República.

O relatório anual da Human Rights Watch publicado esta semana diz que o governo angolano não tem feito o suficiente para travar a corrupção e a gestão danosa que afectam o país. Sugere que as medidas de combate à corrupção anunciadas pelas autoridades não têm produzido os efeitos esperados.


A Human Rights Watch diz igualmente que embora Angola seja o maior produtor de petróleo de África, milhões de angolanos continuam com o acesso limitado a serviços básicos e sociais.

A questão da corrupção levou Rafael Marques ao Banco Mundial onde conversou com Wiiliam King Mills, assessor principal da vice-presidente da instituição. Rafael Marques tinha agendada para ontem, sexta-feira, já com esta edição a caminho da impressão, uma intervenção no Conselho para Relações Externas, órgão independente de análise e consulta sobre política externa.


Princeton Lyman, antigo embaixador dos EUA na Nigéria e na África do Sul, deveria moderar o debate. Estava previsto que ao lado de Rafael Marques estivesse Nuhu Ribadu, antigo chefe da comissão anti-corrupção da Nigéria.


Rafael Marques está nos Estados Unidos da América a convite da Train Foundation, uma organização sedeada em Nova Iorque. A Train Foundation distinguiu-o em 2006 com o prémio de «coragem civil» e um cheque de 50 mil dólares. ■


Quem é a figura?


Rafael Marques de Morais é um jornalista e pesquisador angolano, com especial interesse sobre a economia política de Angola e os direitos humanos. Em 2000, recebeu o distinto Percy Qoboza Award [Prémio Percy Qoboza para a Coragem Exemplar] da Associação Nacional dos Jornalistas Negros dos Estados Unidos da América. Em 2006 venceu o Civil Courage Prize [Prémio de Coragem Civil] da Train Foundation (EUA) pelas suas actividades em prol dos direitos humanos.


Tem vários relatórios publicados sobre a violação dos direitos humanos no sector diamantífero em Angola, incluindo A Colheita da Fome nas Áreas Diamantíferas (2008), Operação Kissonde: Os Diamantes da Miséria e da Humilhação (2006), e Lundas: As Pedras da Morte (2005), em co-autoria com Rui Campos.


Malanjino, Rafael é Mestre em Estudos Africanos pela Universidade de Oxford. É formado em Antropologia e Jornalismo na Goldsmith, Universidade de Londres.