Lisboa - O presidente do Tribunal Supremo, Joel Leonardo, autorizou pagamentos a favor de uma empresa familiar, para prestação de serviços de jardinagens no edifício que acolhe a 1.ª, 2.ª e 3.ª secções da Sala do Cível e Administrativo, sito na Rua Amílcar Cabral, no distrito urbano da Maianga. Porém, acontece que o referido edifício nunca teve jardim.

Fonte: Club-k.net

Empresa familiar de Joel Leonardo factura com trabalhos não prestados

Documentos consultados pelo Club-K indicam que, no dia 29 de Abril de 2022, foi remetida ao Cofre Geral dos Tribunais a factura n.º 68, para se efectuar o pagamento mensal de Kz 1. 453. 925,00 (um milhão, quatrocentos e cinquenta e três mil e novecentos e vinte e cinco kwanzas) a favor da IMPORLAB – Prestação de Serviços, conforme consta no recibo n.º 25.

 

No referido documento, o Cofre Geral dos Tribunais alega que o valor corresponde ao pagamento da prestação de serviços de jardinagens ao conhecido Edifício da Teixeira Duarte, onde estão ocupados dois andares pelo tribunal.


O Edifício da Teixeira Duarte, para um melhor esclarecimento, é o que fica colado à antiga sede da Comissão Nacional Eleitoral (CNE). Ou seja, não tem, nem ao lado, nem mesmo no seu interior, nenhum jardim, facto que tem levantado suspeitas de que o juiz Joel Leonardo terá usado este mecanismo para desviar fundos públicos, cometendo os crimes de peculato e de lavagem de dinheiro.

A IMPORLAB está legalizada em nome de Silvano António Manuel, o sobrinho de Joel Leonardo que está detido na Comarca de Viana, após tentar extorquir o ex-ministro Augusto da Silva Tomás.


A IMPORLAB é, entretanto, controlada por Vanúr de Abreu Isaú Leonardo, filho de Joel Leonardo. E todos os meses são realizados pagamentos à IMPORLAB por trabalhos que a empresa não tem prestado.


Para além da simulação dos serviços de jardinagem, o Cofre Geral dos Tribunais faz outros pagamentos mensais de Kz 1. 453. 925,00 (um milhão, quatrocentos e cinquenta e três mil e novecentos e vinte e cinco kwanzas), alegando ser para o fornecimento de material de limpeza para a 3.ª Secção da Sala do Cível e Administrativo.

Faz ainda pagamento na mesma quantia e propósito para alegados serviços prestados à 2.ª Secção da Sala do Cível e Administrativo.


No total, a IMPORLAB, uma empresa familiar de Joel Leonardo, recebe, todos os meses, cerca de 4 361 775 (quatro milhões, trezentos e sessenta e um mil e setecentos e setenta e cinco kwanzas) — cerca de 8 500 dólares norte-americanos — para prestação de serviços no Edifício da Teixeira Duarte.

 

Apesar de ser um negócio da ‘família Joel Leonardo’, fontes consultadas garantiram ao Club-K que os pagamentos não são postos em marcha sem o conhecimento de Sebastião Jorge Bessa, o presidente da Comarca de Luanda, e tido como estando a partilhar de interesses comuns com o presidente do Tribunal Supremo.