Luanda - A Autoridade Nacional de Inspecção Económica e Segurança Alimentar (ANIESA), órgão superintendido pelo Ministério da Indústria e Comércio, suspendeu na segunda-feira, 17, nos municípios de Cacuaco e Viana, em Luanda, três empresas pela produção, de forma inapropriada, de bebidas alcoólicas (whisky’s, gin’s e aguardentes) em pacotinhos.

Fonte: Imparcialpress.net

Em declarações ao Imparcial Press, o porta-voz da operação, Epifânio Joaquim, alertou que a ANIESA, enquanto entidade competente, procederá o encerramento de todas as fábricas de bebidas espirituosas que estiverem a labutar fora dos marcos legais e, consequentemente, instruirá processos administrativos e judiciais junto da Direcção de Investigação de Ilícitos Penais (DIIP) e da Procuradoria Geral da República, para pôr fim a este mal visível aos olhos de todos.

 

“Não haverá pedagogia. Por isso, aconselhamos a todos os operadores económicos que ainda insistem em praticar actos que colocam em causa a saúde pública e a subverter a economia angolana a mudar de postura”, assegurou o inspector, deixando claro que “a ANIESA não terá contemplações e nem tão-pouco será benevolente com os prevaricadores. Desta feita, vão receber do Estado uma resposta à medida da gravidade da sua acção ilícita”.

 

Nas três empresas suspensas, – nomeadamente: Twalis - Prestação de Serviços (SU), Lda., Unique Beverages, SA e Kicando - Indústria de bebidas Lda. – os efectivos da ANIESA, da Inspecção Geral do Trabalho (IGT) e da DIIP encontraram irregularidades graves e arrepiantes que, ironicamente, deixa de boca-aberta até o próprio diabo.

Twalis - Prestação de Serviços (SU), Lda.

 

Infelizmente quem consome as bebidas alcoólicas de marcas (Simba – Gin, Simba Café, Simba Whisky e Simba Pastis) produzida por esta empresa, sugerimos que procure já, com urgência, um médico. Pois, o que esta empresa produz esta longe de ser denominada “bebida”, ou seja, numa linguagem popular, é um “veneno” puro, daqueles que mata mesmo.

 

Esta empresa – localizada em Cacuaco – realiza(va) as suas actividades ilícitas no interior de um antigo armazém sem mínimas condições. Os trabalhadores (homens e mulheres que ganham apenas mil kwanzas/dia) são obrigados a exercerem as suas actividades em condições desumanas.

 

No espaço (fechado a sete chaves) onde são produzidos estas supostas “bebidas espirituosas” de qualidade duvidosa, a temperatura libertadas pelas incansáveis máquinas de enchimentos (com fios descarnados), um autêntico perigo de morte, auxilia acima de 35.º grau.

 

Os efectivos da ANIESA, IGT e DIIP não tiveram muito trabalho para encontrar as irregularidades, pois estavam tão visíveis que até um cego consegue enxecar.

A saber:

A falta de Letreiro de identificação da empresa;


A falta de Asseio e Higiene em toda extensão da empresa;

O mau acondicionamento dos produtos;

Má arrumação dos produtos acabados;

A falta de facturas de aquisição da matéria-prima contendo vermes (bichos);

A falta do Plano De Gestão de Resíduos;

a falta de Licença Ambiental de Operação e de Instalação dos equipamentos fabris;

A falta de exames laboratoriais do produto acabado.

Já na empresa Unique Beverages, SA. – que tem no seu portefólio as bebidas ‘Kizomba’, ‘Café Rum’, ‘Real Bull’, ‘Real Bull Força’, ‘Doctor Gin’, ‘Indica Tangawisi’, ‘Indica Red’ e Havelock Água Tónica – também foi o mesmo.

No local, os inspectores da ANIESA notaram inúmeras irregularidades preocupantes, a saber:

A falta de Asseio e Higiene em toda extensão da zona fabril.


A má arrumação das caixas para o empacotamento e em contacto com o pavimento;

O mau acondicionamento dos produtos;

Matéria-prima expirada no laboratório e nos contentores de frios, tais como: reagentes de calibração do PH, vencidos desde 2021; 20 tambores de tropical de 220kg, vencidos desde 2022;

O derrame de combustível no pavimento;

Exposição da matéria-prima inflamável ao sol;

Mistura de produtos expirados.

A falta de um laboratório credenciado para avaliação da conformidade dos produtos.

Por fim, no Kicando - Indústria de Bebidas, Lda. os inspectores notaram as seguintes irregularidades, a saber:

A falta de higiene na zona de produção, manutenção e transformação dos produtos e canas de açúcar.

A falta das datas de produção nos Whiskys.

200 saquetas de bebidas sem-número de lote.

As sarjetas entupidas, com águas paradas na zona de produção.

Na zona de manutenção foram encontrados 21 sacos de fuba de bombo, de 25kg, expirados desde 2019;

Foram ainda encontrados 16 bidões de “aditivo” para o espumante e outros de uso alimentar, com a data de validade vencida há sete anos.

A lavagem de cápsulas sujas, ou seja, já usadas em abundância para serem reaproveitadas.

A falta de um laboratório credenciado para avaliação da conformidade dos produtos.

No final, a ANIESA não teve outra opção senão mesmo suspender – nos marcos das leis – as actividades destas referidas empresas e, no que lhe concerne, o DIIP procedeu à detenção dos responsáveis para prestarem declarações.

 

No final, o inspector Epifânio Joaquim revelou ao Imparcial Press que a ANIESA se mostra preocupada com o índice elevado de marcas de bebidas alcoólicas (espirituosas) que têm surgido, nos últimos tempos, no mercado angolano. “Pela fácil transportação e um preço ínfimo a todos os bolsos”, disse.

 

“Logo, está aqui subjacente um enorme problema de saúde pública, tendo em conta os efeitos nocivos, advindo do consumo desenfreado dos consumidores em geral. Muita dessas bebidas são produzidas em condições precárias de higiene e má conservação”, realçou.

 

Segundo o mesmo, as referidas bebidas são produzidas – na maior parte das vezes – com matéria-prima expiradas e em abundância, porém são armazenadas em lugares impróprios, no claro atentado à saúde dos consumidores.

 

“Tal situação remete-nos a pensar no seguinte: se a bebida alcoólica no seu consumo normal já altera, por completo, o estado psicoemocional e comportamental do consumidor, agora imaginemos o consumo excessivo da bebida alcoólica com matéria-prima expirada e com o rótulo em língua estrangeira. As consequências são piores”, salientou o nosso interlocutor.

 

Epifânio Joaquim revelou ao Imparcial Press que a maioria das empresas de bebidas espirituosas não apresentam o certificado que atesta a qualidade dos produtos. “Obviamente, isso é um atentado a saúde do consumidor final e estamos diante de empresas homicidas”.