Luanda – A edição da 6ª Expo-Indústria que terá lugar no próximo ano (2024) poderá contar com a participação de 500 expositores, ou seja, mais de dobro em relação à presente edição, a previsão é do Secretário de Estado para a Indústria, Ivan do Prado.

Fonte: Club-k.net

Nesta 5ª edição da Expo-Indústria/2023 participa(ra)m 238 expositores nacionais e estrangeiros, sendo que as empresas angolanas destacaram-se nos sectores do agronegócio, artesanato, banca e seguros , comércio e distribuição, construção civil , indústria e petróleo e gás.



O dirigente manifestou essa intenção, no final da gala de premiação das melhores industriais que expuseram na 5ª edição da Expo-Indústria, na Zona Económica Especial, em Luanda, onde indicou também que se pretende, no próximo evento, maior representação do sector alimentar, visto que o Executivo está focado na auto suficiência alimentar.


O secretário de Estado sublinhou que o Executivo trabalha para alcançar a auto suficiência alimentar porque nenhum país é soberano se depender 100 % da importação dos seus alimentos, pelo que há vários programas em execução ligados ao sector alimentar.


A 5ª edição da Expo-indústria/2023, iniciada a 29 de Março, com término previsto para 1 de Abril, na Zona Económica Especial (ZEE) Luanda-Bengo, decorre numa aérea de dois mil metros quadrados de exposição e conta com 238 expositores entre nacionais e internacionais.

Entre os principais sectores em exposição, destaca-se a construção civil com 22%, comércio e distribuição (12%), os sectores têxteis e restauração com 11% cada, artesanato (10%), petróleo e gás e o agronegócio com 8%, respectivamente, sendo a banca e seguros, a indústria mobiliária com cinco por cento cada.

Expo-Indústria/2023: retrospectiva

O ministro do Planeamento e Economia (MEP), Mário Caetano João, informou que o país vai realizar, este ano, vários eventos económicos, depois da Expo-Indústria/2023, no quadro da promoção dos produtores "made in Angola".

Trata-se de eventos ligados à indústria textil denominado "Angola Fashion Summer", previsto para este mês (Abril) e o Fórum das "Energias Renováveis", este para o mês seguinte, Maio.

Falando à margem da Expo-Indústria/2023, aberta esta quinta-feira, o governante também apontou, entre outros eventos, a FILDA/2023, a maior montra económica do país, agendada para este semestre.

Para Mário Caetano, o MEP não está a olhar apenas para o sector secundário, mas também para a produção nacional, “porque é somente com o sector primário, que o país poderá ter indústrias”.

Diamantino Azevedo - Expo exibe potencial

No mesmo evento, o ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás considerou o certame [Expo-Indústria/2023], como sendo importante para toda economia do país, visto que expõe o potencial da indústria extractiva.

Diamantino Azevedo que falava à margem da inauguração da Expo-Indústria/2023, sublinhou que o evento mostra o tecido empresarial industrial do país, com realce para o sector dos recursos minerais, incluindo o de petróleo e gás.

O governante disse, na altura, que a Expo “vai contribuir para melhoria da qualidade de vida da população. Vimos aqui algumas empresas que estão a expor os seus produtos baseados em recursos minerais. É um momento oportuno para o sector”.

Enquanto não foi proposta uma exposição específica para sector, empresas do ramo têm marcado presença em vários eventos que são promovidos quer a nível interno quer a nível externo.

Grupo Carrinho

A 5ª Edição da Expo-Indústria/2023 serviu para o Grupo Carrinho apresentar o seu Complexo Industrial, com capacidade de produzir 2.4 milhões de toneladas de diversos produtos.

Segundo o responsável de Marketing e Comunicação do Grupo Carrinho, Yuri Rodrigues, o referido complexo que processa arroz, trigo, milho e refina de óleo, para além da produção de outros bens de consumo, a empresa pretende ser 100% nacional.

Yuri sublinhou que a indústria do grupo faz toda a parte da produção, processamento das matérias-primas, acabamento dos produtos, que depois são comercializados, através da Carrinho Comércio, por via das suas lojas “Bem Baratos”.

Recuperação da economia

O presidente da Associação Industrial de Angola (AIA) considerou a 5ª Edição da Expo-Indústria/2023 como a mostra do regresso da força das empresas, rumo à recuperação da economia nacional, após a paralisação devido à pandemia da Covid-19.

José Severino sublinhou ser necessário continuar a apoiar eventos desta natureza que permitam divulgar o potencial industrial nacional, acreditando numa mudança de cenário, depois de a economia angolana ter registado um crescimento, em função dos programas criados pelo Governo.

Entre os programas, destacou o Plano Nacional de Fomento de Produção de Grãos (Planagrão) e o Plano Nacional de Fomento das Pescas (Planapesca). “E nós também, com a nossa contribuição, defendemos o relançamento da produção de café em sete províncias, multiplicação da produção de Cacau, Dendém, Caju e Amendoim, porque são produtos com grande procura e que podem diversificar as exportações”, reforçou.

José Severino diz que o país precisa de ganhar, outra vez, dentro de 5 anos, a posição no ranking internacional do café, “que era de 230 mil toneladas e hoje só estamos a produzir 2,5%”.

Acrescentou que a AIA está a trabalhar com o Banco Nacional de Angola - BNA para arranjar financiamento para a produção de algodão, “porque temos três maiores empreendimentos têxteis de África, África Têxteis, SATEC e a Textang II, que precisam de algodão e ainda trabalham na base de importação. Precisamos muito de algodão”.

Investimento estrangeiro

O director nacional do Ministério da Indústria, César Lopes da Cruz, considerou a Expo-indústria/2023 ser um chamariz para atracção de mais investimentos nacional e estrangeiro.

O responsável, que falava sobre a importância da Expo-indústria/2023, referiu que o evento, para além de atrair investidores, serve para mostrar aos consumidores nacionais que muitos produtos que estão nas lojas, e de boa qualidade, são feitos em Angola (Made in Angola).

Já há muitos produtos, acrescentou, desde as massas-alimentar, os sumos, óleo alimentar, bebidas espirituosas, refrigerantes, entre outros, mas o grande desafio continua ser a produção primária, seja garantir matéria-prima de qualidade e insumos para a indústria.

Quanto à questão ligada ao financiamento do sector industrial, afirmou que actualmente está melhor relativamente há cinco anos, pois a banca já dá mais abertura e o ministério ainda assim continua a prestar atenção a essas questões.

Tendo em conta a estabilidade do sector, vão se fazendo estudos aprofundados de alguns produtos alimentares, particularmente, a mandioca que já tem estudos muito avançados e o relatório vai apresentar detalhes sobre a sua cadeia de valor (espécies existentes, quais as industrialmente mais indicadas).

Depois de finalizado e aprovado este projecto, disse, o ministério vai criar um programa específico para apoio às iniciativas privadas que surjam para investir neste segmento, sendo que o estudo é uma parceria entre a FAO e o Ministério do Comércio e Indústria.

Para si, este estudo também vai acautelar as falhas apresentadas por muitas empresas quando vão solicitar financiamento.“Muitas delas não têm um estudo de viabilidade do seu negócio ou área de actuação, e com ele e o projecto de apoio às pequenas, micros e médias empresas e o fundo de garantia, estes constrangimentos serão mitigados”.

O director nacional do Ministério da Indústria e Comércio defendeu ainda a aposta dos fazendeiros e industriais no negócio da silvicultura, por ser uma sucursal que evita e combate à desflorestação que acaba matando as espécies naturais.

Para si, esta forma de plantio de árvores faz com que o industrial plante a espécie que lhe interessa e interessa ao mercado nacional e internacional, bem como explora e transforma a madeira, sem agredir o meio ambiente, incentivando assim a economia verde.

Com este processo massificado, acrescentou, o país terá uma exploração de madeira de forma ecológica, controlada e sustentada, com o produtor a plantar as suas árvores para garantir o comércio da madeira, sem desflorestar e contribuir no crescimento da economia do país.

Financiamento

O presidente do Conselho da Administração do Fundo de Garantia de Crédito (FGC), Luzayadio Simba, informou terem disponibilizado 25 milhões de dólares de garantias para empresas sediadas na Zona Económica Especial (ZEE).

A informação foi avançada, após a assinatura de um acordo entre o FGC e a direcção da ZEE, que teve lugar no quadro da 9ª edição da Expo – Indústrias, onde o responsável referiu que a rubrica vai servir, sobretudo, para aproximar financiadores e produtores.

No quadro das garantias disponibilizadas pelo Fundo, os bancos comerciais concederam crédito na ordem de 50 milhões de dólares norte-americanos às referidas empresas.

“Este acordo visa sobretudo facilitar as empresas que operam na Zona Económica Especial a terem acesso ao financiamento e, desta forma, poderem aumentar a sua capacidade de produção”, asseverou.

Maior aposta na transformação digital

O director da Cegid Primavera para a região Ibérica, América Latina & África Lusófona, Santiago Solanas, defendeu que as empresas devem emigrar para o digital, para permitir optimizar e automatizar o processo de produção, principalmente no sector industrial.

Santiago que abordou sobre “O futuro da digitalização da Indústria em Angola”, salientou que a digitalização permite conhecer o sector e melhorar a capacidade produtiva da empresa.

“Nota-se muitos empresários com vontade de aplicar as tecnologias. É o momento oportuno para o país e as empresas migrarem. A tecnologia pode ajudar a reduzir o impacto ambiental. O futuro da digitalização angolana é brilhante”, reforçou.

De acordo com Santiago Solanas, a Cegid Primavera disponibiliza uma vasta gama de soluções para o mercado da África lusófona, que engloba a gestão de facturação, contabilidade e software de planeamento de recursos empresariais (ERP), com forte utilização por parte dos profissionais dos sectores da Indústria, Mineiro, Produção, Transportes e Logística e Construção.

Para o empresário, a digitalização nas empresas é uma realidade, sendo que a aceleração do processo de transformação digital mostrou que o desenvolvimento da tecnologia é a condição básica para que empresas se mantenham competitivas.

Por seu turno, o empresário José Simões disse ser necessário acompanhar a nova dinâmica que o Governo vai introduzindo para digitalização. Na visão do empresário, é necessário ajudar as empresas a ter ferramentas que possam monitorizar os seus processos produtivos, tendo processos mais simples do que complexos.

Já o responsável da indústria do Grupo Carrinho, Joaquim Coimbra, destaca a aposta em tecnologia de ponta para poder garantir que os produtos “saiam com qualidade e de forma mais rápida para o consumidor final”.

“A mudança digital é muito importante porque o industrial não pode perder tempo para ir atrás de coisas pequenas que poderia ter resolvido num clique, podendo ter a percepção que necessito para que se tenha aquilo que se necessita para produção, permitindo ter mais autonomia e eficiência nos nossos processos”, enfatizou.

Silvicultura

Os especialistas do Instituto de Desenvolvimento Florestal (IDF) e do Ministério da Indústria e Comércio defendem o fomento da silvicultura como via para agregar valor à cadeia de exploração da madeira e mitigar a desflorestação.

De acordo com com a engenheira industrial madeireira do IDF, Cristina Tumba, que falava sobre a cadeia de valores da madeira, na 5ª edição da Expo-Indústria, a prioridade neste subsector da indústria deve ser integrada e coordenada com o objectivo de melhor servir o cidadão e proporcionar um ambiente saudável ao negócio.

Para si, o incentivo à silvicultura deve ser um facto, apesar dos 70 milhões de hectares de floresta nativa existente no país, com áreas férteis que correspondem a 55,6 % da superfície do país, com o fim de reforçar os 54 mil hectares de florestas plantadas (era de 148 mil hectares, antes da independência).

De acordo com a engenheira, para além dos benefícios ecológicos e sociais, a cadeia de valor da madeira e a própria floresta são multifacetadas, pois fornecem os produtos madeireiros e os não madeireiros.

Por outro lado, disse, a madeira também pode ser processada e transformá-la em painéis usados em mobiliário de escritórios e ainda a possibilidade de se filtrar os resíduos de madeiras para o fabrico de brinquedos, para biomassa, entre outros.