Luanda - O perfil do Facebook ‘O MPLA é o Povo – o Povo é o MPLA’ anunciou, nesta segunda-feira, 3, uma recompensa em valor pecuniário na ordem dos 4.200.000,00kz (quatro milhões e duzentos mil kwanzas), destinado a gratificar quem tiver ou venha a ter domínio de informações que possam levar as autoridades policiais ao bunker onde se encontra refugiado o músico e activista social Nelson Dembo ‘Gangsta’.

Fonte: ISTO È NOTICIA

“Não é [bluff]. Quem souber da localização do Gangsta, por favor, informe à Polícia [Nacional] e, em contrapartida, o Estado vai te recompensar com mais de 4 milhões de kwanzas”, escreve o perfil, acrescentando que “Gangsta é fugitivo da justiça”.

 

Segundo o referido perfil, Nelson Dembo “é um criminoso, com vários crimes graves, inclusive um de violação de menor, um de ultraje à figura do Presidente da República, entre outros”.

 

“Ele apresentava-se regularmente à PGR [Procuradoria-Geral da República] sob termo de identidade e residência, mas tão-logo surgiram mais denúncias de cidadãos contra ele sobre vários crimes, apercebendo-se da gravidade… deixou de apresentar-se à justiça e, com a ajuda da UNITA, fugiu em parte incerta”, lê-se na publicação.

 

Mais abaixo, já na secção dos comentários, a mesma publicação dá ainda nota de que o activista teria violado também uma menor de idade e que a mesma estaria disposta a testemunhar no tribunal. “Violação de menor de idade dá 12 anos de prisão. Vai mais os crimes de ultraje contra a imagem do PR e desonra aos símbolos nacionais, Gangsta77 terá um cúmulo [jurídico] de 20 a 25 anos de prisão”, comenta a publicação.

 

Entretanto, a resposta à publicação e ao lançamento da referida recompensa pela ‘captura’ do músico e activista social não se fez esperar, e veio do rapper angolano Flagelo Urbano, que, recorrendo a uma velha história contada pelo MPLA, através dos manuais escolares, usou o exemplo de Augusto Ngangula para expressar aquilo que seria a posição a adoptar pelo povo para quem foi lançado o apelo de denúncia.

 

“O povo não vai dizer o local onde o Gangsta77 está escondido, porque estamos a seguir o grande exemplo de Augusto Ngangula, que preferiu morrer a dizer onde ficavam as bases dos guerrilheiros [do MPLA]”, reagiu Flagelo Urbano, numa publicação que muito rapidamente se tornou viral nas redes sociais de partilha de informação como o WhatsApp.

 

Gangsta, que está em local incerto há pouco mais de mês e meio, deixou de comparecer na PGR, em Outubro do ano passado, para assinar as notificações sobre a medida de coacção que lhe foi aplicada — termo de identidade e residência — por um juiz do Ministério Público.

 

Alegando não ser obrigado a cumprir “leis injustas”, o activista garantiu recentemente, numa entrevista ao portal Club-K, que está no país e que tem recebido o apoio suficiente para se manter onde está a salvo das garras do Serviço de Investigação Criminal (SIC), que tem a sua cabeça prémio em todos os postos fronteiriços do país.

 

Gangsta foi o ‘mentor’ da última paralisação do país, a 31 de Março, quando apelou aos angolanos a ficarem em casa a reflectirem o país. O resultado foi parcialmente conseguido, uma vez que, pelo menos a nível de Luanda, registou-se uma cidade capital com características incomuns: pouco trânsito, lojas fechadas, mercados encerrados, ruas completamente vazias, entre outros.

 

O activista é arguido de um processo-crime, pelo qual está acusado da alegada prática de crimes contra a segurança do Estado, de incentivo à rebelião e de ultraje contra os órgãos de soberania, entre outros.