Luanda - PAZ, um vocábulo monossilábico, mas com um significado indiscutivelmente forte.

Fonte: Club-k.net

1. Começo por afirmar que 21 (vinte e um) anos de Paz militar na história de um país, não deixam de ter a sua importância, pois, calaram-se as armas e os morteiros justificados por uma guerra longa, sangrenta, devastadora (se é que as guerras entre irmãos são logicamente justificáveis); mas, não se calaram as almas dilaceradas e trespassadas de dor. Os angolanos têm preservado esta Paz, conseguida à custa de imensas vidas humanas.


2. No entanto, se tivermos em conta o facto que “A Paz de todas as coisas é a tranquilidade da ordem, e esta é a disposição dos seres iguais e desiguais”, segundo o grande teórico e filósofo Santo Agostinho, chegaremos à conclusão que é necessário trabalharmos imenso, para que a Paz passe de nominal e relativa a material e efectiva.


3. Considero o tema da Paz como uma espiral ou mesmo um círculo que só tem princípio, mas sem um fim à vista. Isto, porque quando embarcamos na carruagem da Paz, a tendência é de continuar a viagem, irmos avançando e em cada estação ou apeadeiro, estamos desejosos de ver embarcar outros passageiros como por exemplo: a liberdade, a justiça, a segurança, a riqueza e o bem estar, enfim, uma série de parentes e vizinhos da Paz, sem os quais ela viveria triste e isolada.


4. Não acredito que a Paz que temos hoje seja a desejável, muito menos a possível; acredito sim, haver ainda armas bem patentes e potentes no íntimo dos angolanos, muitas delas, clamando em silêncio. É imperioso desarmarmos, também, as nossas mentes, os nossos corações e as nossas consciências para alcançarmos a Paz das almas, a Paz interior, a Paz dos espíritos, a Paz dos estômagos, enfim, aquela Paz Plena que permite nos exprimirmos livremente e andarmos à vontade no nosso país, sem temermos pelas nossas vidas.


5. Não nos acomodemos, pois quem se acomoda aprende a contentar-se com pouco ou quase nada; não nos conformemos, porque o conformismo, até prova do contrário, é inimigo da mudança; sejamos resilientes, sem, no entanto, fazermos da resiliência, um modo de vida sistemático; esta deverá servir apenas como uma ponte que nos permitirá passar para a outra margem da PAZ PLENA. Nós, enquanto cidadãos comuns, podemos fazer muito mais e melhor, apoiando-nos mutuamente no que for necessário, para avançarmos com esta nobre tarefa de contribuir para a construção de um país melhor para todos. Afinal de contas, não é preciso ser um expert, para descobrir que todos, somos poucos, para alcançarmos esta grande missão.


6. Entretanto, não nos esqueçamos que o Estado tem as suas responsabilidades a cumprir, para que todos os condimentos da Paz, ora enunciados, sejam devidamente cumpridos. Não é um favor que faz aos cidadãos; apenas estará a cumprir uma das suas funções obrigatórias: implementar os valores sociais básicos, criando condições para servir o soberano que é o POVO.


A todos, desejo uma Santa Páscoa, e que Cristo renasça em cada angolano.

Por Alice Sapalalo Chivemba

Luanda, aos 04 de Abril de 2023