Luanda - O mundo continua a observar a recuperação das interrupções da pandemia do COVID-19, mecanismos de enfrentamento, como o aumento do uso de gabinetes remotos ou virtuais, mercados online e governança eletrônica, tornou-se paradigma. Embora estas novas normas de trabalho apresente oportunidades para renovar as economias e simplificar a prestação de serviços públicos, o número de exposição ao ciber crime tende a aumentar gradualmente.

Fonte: Club-k.net


No ano de 2022 muitos países africanos surpreenderam-se com o aumento de ameaças digitais e atividades cibernéticas maliciosas, publicados pela empresa norte-americana Symantec. Os resultados deste relatório incluem sabotagem de infraestruturas criticas, perdas por fraude digital e fluxos financeiros ilícitos e violações de segurança nacional envolvendo espionagem e roubo de informações de inteligência.


O compromisso para lidar com vulnerabilidades do mundo cibernético requer uma entrega maior por parte das entidades competentes. Isso requer salvaguardas de políticas executáveis, abordagens de prevenção e gestão de riscos, treinamento competente de especialistas, acompanhadas de boas práticas de tecnologias e infraestrutura competentes que possam proteger o ambiente cibernético, bem como ativos dos usuários finais individuais e corporativos.


O aumento do uso da Internet e os avanços na tecnologia digital estão cada vez mais a alterar o cenário dos conflitos, da concorrência e da cooperação no continente Africano. Desta forma, tal como acontece a nível global, a disseminação de informação, comunicações e tecnologias relacionadas está a mudar e amplificar a natureza dos desafios e ameaças à segurança nacional. Porem, nota-se claramente que estas ameaças são exploradas por um vasto leque de atores, que variam significativamente nas suas capacidades e intenções, desde hackers solitários, passando por complexas empresas criminosas cibernéticas, até estados nações. O nosso ponto de vista visa expandir a compreensão dos principais desafios que a tecnologia digital coloca à segurança nacional aos países Africanos e Angola em particular, como as ameaças cibernéticas podem evoluir na próxima década e como os atores locais, nacionais, regionais e internacionais do sector da segurança podem responder eficazmente a estas ameaças crescentes.


• Espionagem. O modus, operandos no ciberespaço mudou drasticamente, os métodos e os meios através dos quais os estados recolhem informações uns sobre os outros e sobre os seus cidadãos. Tem sido evidente que as maiores preocupações sobre a espionagem cibernética (Cybint) em África se tenham centrado em torno da China principalmente, as capacidades de espionagem e vigilância estão a difundir-se rapidamente por todo o continente.


• Invasão de infraestruturas críticas. As redes governamentais, sistemas militares, bancos e indústrias de telecomunicações de África são consideradas vulneráveis aos ciberataques que procuram desativa-los ou destruí-los. Embora os hackers dos estados nações (nation states) ou as redes criminosas sejam uma preocupação, os riscos de sabotagem cibernética resultantes de um acidente ou negligência são também elevados.


• Crime organizado. A expansão do ciberespaço está a proporcionar a grupos com conhecimentos técnicos novas oportunidades de negócio e novos meios para roubar, transferir ou extorquir recursos. As taxas crescentes de penetração da Internet em África levaram a novos tipos de atividades criminosas ciberdependentes, tais como a sabotagem de correio eletrónico empresarial ou esquemas românticos, assim como transformaram as dinâmicas de financiamento e de mercado das redes mais tradicionais de crime organizado.


• Táticas e estratégias militares. Embora o efeito mais imediato da propagação do ciberespaço tenha sido a transformação de meios não violentos de ação encoberta e de política coerciva, as capacidades de vigilância reforçadas e as tecnologias emergentes, como os drones, estão a fazer sentir a sua presença no campo de batalha Africano.


Em formato de sugestão, para melhorar a resiliência nos países africanos, os estados devem definir com urgência planos de resposta a incidente a serem implantados no caso de um ataque de grande vergadura à sua infraestrutura crítica. Esses planos devem descrever quais ações imediatas em todo o país seriam tomadas, bem como alternativas de recuo digital, para garantir que o governo e as organizações ainda possam operar mesmo com uma perda repentina de ferramentas e redes digitais.


Os estados africanos, as instituições e a sociedade civil devem não apenas demonstrar o seu compromisso com a segurança cibernética, mas também trabalhar em estreita colaboração e parceria para o objetivo comum de proteger cidadãos, empresas e organizações na era digital. Isso será imperativo para evitar ataques cibernéticos mais prejudiciais, que logo após a pandemia do (COVID-19) podem ter impactos devastadores. Os desafios da segurança cibernética atualmente não estão apenas restritos aos serviços de defesa e segurança, eh também uma responsabilidade para todos os sectores públicos e privados.


Por este motivo deve-se primeiramente identificar e descrever quais são as infraestruturas critica nacionais e quantas são igualmente, e posteriormente imputar responsabilidades acrescidas aos sectores responsáveis para a proteção das mesmas, para o funcionamento de uma sociedade e economia merecedora de proteção especial para a segurança nacional.

Por Jacinto Marques
Mestre em Seguranca Cibernetica, Ethical Hacker(EC-Council), Certified Information Security Manager(ISACA).