Lisboa - O Presidente da República e líder do MPLA João Manuel Gonçalves Lourenço, convocou para esta segunda-feira, 10, em Luanda, a cúpula restrita do seu partido para uma abordagem sobre a situação no aparelho de justiça em Angola. Foram convocados a Vice-Presidente da República, a vice-Presidente do MPLA, a Presidente do Parlamento, e o ministro da justiça Marcy Lopes que regressou de Portugal neste final de semana. O Procurador Geral da República, Hélder Fernando Pitta Gróz e o Presidente do Tribunal Supremo, Joel Leonardo foram também convidados.

Fonte: Club-k.net

Governador de Benguela intercede por perdão para Joel Leonardo 

A convocatória foi feita a esta cúpula, uma semana depois de João Lourenço, ter recebido da PGR, um relatório confidencial de 11 paginas intitulado “ponto de situação”, em que o Estadista é posto ocorrente do processo 9240/2023 que investiga actos de corrupção no Tribunal Supremo.


No passado dia 23 de março durante na tomada de posse de novos juízes designados ao Tribunal Supremo, o PR falou sobre alguma suspeição que paira sobre o órgão dirigido por Joel Leonardo revelando que o Ministério Público estava a trabalhar no apuramento da verdade dos factos.


“Aguardemos com serenidade o andamento do trabalho em curso que está sendo realizado pela Procuradoria-Geral da República”, pediu o Presidente alertando que “do juiz conselheiro de um tribunal espera-se sempre um comportamento exemplar perante o trabalho que realiza e na sua postura na sociedade”.


No seguimento de denuncias de má gestão e corrupção no Tribunal Supremo, o Chefe de Estado João Manuel Gonçalves Lourenço, teria inicialmente adoptado uma postura de tolerância para com Joel Leonardo, na sequencia de pedidos do seu amigo pessoal Luís Manuel da Fonseca Nunes, Governador da Província de Benguela.


Não está claro se Joel Leonardo pediu a Luís Nunes para intervir a seu favor junto do PR, ou se o governador de Benguela agiu por iniciativa própria em solidariedade da ligação que os unes desde a Huíla, terra natal de ambos.


Há informações de que João Lourenço terá se sentido tocado ao ler o relatório da PGR indicando que o desvio avultadas somas do erário público. Joel Leonardo segundo o documento que o PR leu, desviou 267 milhões de kwanzas de receitas do tesouro num período de três mês; 30 milhões de kwanzas transferidos da conta do Tribunal Supremo para a sua própria domiciliada no BPC e a favor de um primo Isidro Coutinho; 2 milhões de kwanzas desviados para taxas de condomínios para o condômino vila mar do grupo Vida Nova; 122 milhões de kwanzas gastos em transferências para empresas da esposa, do sobrinho que simulavam trabalhos de jardinagens e de limpeza no tribunal.


De acordo com cálculos, Joel Leonardo desviou mais de 400 milhões de kwanzas do erário publico cometendo crime de peculato, abuso de poder, enriquecimento sem causa, e associação criminosa , previsto e punido pelo artigo 296 do código penal de Angola.