Luanda - O secretário-geral do Sindicato dos Professores do Ensino Superior (SINPES) foi alvo, na pretérita segunda-feira, 10, de um sinistro recado por parte de indivíduos que podem ser facilmente identificados (escalpelizarei sobre isso mais adiante) e responsabilizados criminalmente se houver vontade política.

Fonte: Club-k.net

O recado a Eduardo Peres Alberto resumiu-se à vandalização da sua casa e disseram que da próxima vez vão tirar as vidas dos dependentes do Secretário-geral do SINPES e, apesar de não o terem dito, do “enfant terrible” que por estes dias também tem tirado o sono ao Governo do Presidente João Lourenço.


Diante disso, a minha modesta pena não pode deixar de deslizar sobre o branco papel para exprimir a minha negra indignação.


O meu estado de alma não mo permite. Tenho o direito de me indignar quando diante de relatos de actos que visam infundir o medo entre todos aquele que tentam fazer jus à sua condição de cidadãos e às leis vigentes. Penso que ainda tenho o direito de me indignar. Portanto, deem-me licença para tentar dissecar os factos ocorridos:


1 - Se os indivíduos (ainda) não identificados que vandalizaram a casa de Eduardo Peres Alberto exigiram o levantamento da greve, significa que podem ser facilmente identificados. Não é difícil concluir a mando de quem agiram e por que.


2 - Os actos dos mandantes e dos mandados que agiram contra o patrimônio e a família de Eduardo Peres Alberto representam a expressão da mais alta cobardia do Executivo angolano, que, de 2017 para cá, tem a selvajaria como nota principal da sua pauta governativa.


3 - Actos desta natureza só são passíveis de acontecerem em Estados autoritários ou ditatoriais, tal como Angola se tem transformado nos últimos seis anos para cá, de forma silente, mas, acima de tudo, violenta.


4 - A greve é um instrumento de luta política que tem acolhimento no Ordenamento Jurídico angolano, que visa reivindicar melhores condições de trabalho e de remuneração. Onde está, afinal, a falha ou o pecado capital de Eduardo Peres Alberto, que representa a vontade dos colegas filiados no Sindicato dos Professores do Ensino Superior?


5. Sirvo-me da presente para manifestar o meu profundo repúdio a esta vil perseguição de que estão a ser vítimas os sindicalistas angolanos, em particular a que foi feita recentemente contra Eduardo Peres Alberto. Auguro, pois, que o líder sindical não se deixe intimidar com ameaças ou retaliações. Que estas ameaças e retaliações lhe deem guita para continuar firme na defesa dos direitos dos professores do Ensino Superior. E que os membros do Sindicato dos Profesdores do Ensino Superior se mantenham unidos e incorruptíveis!


6. A prática sistemática de perseguição contra cidadãos que tentam erguer as suas vozes, arrimados na Constituição e nas demais leis ordinárias vigentes, deveria levar a Administração Lourenço a ganhar coragem e declarar Angola como um Estado ditatorial ou policial. É por isso que Angola tem um lugar cativo em todos os relatórios de escrutínio de abusos contra Direitos Humanos.


7. São vários os absurdos cometidos pela Administração Lourenço que sugerem que Angola caminha (ou já é) uma ditadura. Disso é exemplo o facto, verbis gratia, de, hoje, o SIC prender primeiro e investigar depois. Já o fazia antes. Hoje o faz abertamente e sem constragimentos. A PGR, esta, fica caladinha ante os excessos cometidos pelos agentes do SIC.


8. Quando se chega ao cúmulo de ameaçar de morte a filha de Eduardo Peres Alberto pelo facto deste liderar uma accao sindical, fica confirmado que a Administração Lourenço legitimou o terrorismo de Estado.


9. As acções antissindicais sempre foram práticas recorrentes do Governo angolano, com destaque, agora, para Administração Lourenço.


10. O acto de terrorismo de Estado contra a residência de Eduardo Peres Alberto aconteceu no pretérito dia dez e às dez horas. E aqui também deixo lavrado em dez pontos a minha indignação, por um lado, contra esta condenável prática e, por outro lado, a minha inteira e incondicional solidariedade para com todos os sindicalistas angolanos. Sindicalistas de toda Angola, uni-vos!