Luanda - Os investigadores do “Caso BNA” continuam a trabalhar na descoberta de novos integrantes da rede de funcionários e demais pessoas implicadas no desfalque do banco central angolano.

Fonte: O Pais


Fontes policiais disseram a este semanário que as diligências investigativas chegaram até a um funcionário bancário do sector de tecnologias de informação do BNA como uma das pessoas que contribuiu para que o dinheiro desaparecesse do banco sem deixar qualquer rasto.

 

Segundo a fonte, o referido funcionário, já sob custódia das autoridades, teve como missão desorientar a posição das câmaras de vigilância de modo que não focassem as actividades nos sectores sensíveis do banco.


Contudo, adianta a mesma fonte, terá cometido um erro fatal ao se ter esquecido de mudar o posicionamento de uma destas câmaras que o filmou enquanto surripiava os cofres do Banco Nacional de Angola.

 

A fonte não precisou os montantes encontrados na sua posse, mas adiantou que tinha o dinheiro enterrado em sua casa algures no bairro Neves Bendinha.

 

Um segundo volume de elevada quantia monetária em Kwanzas e em dólares foi desenterrado em Catete, na província do Bengo onde o havia enterrado.

Primeiro grupo de detidos aspiravam responder em liberdade


Entretanto, O PAÍS também apurou que foi vetada a possibilidade de serem mandados em liberdade sete implicados neste caso, mas, e segundo a fonte, esta pretensão foi posta de parte depois que os investigadores efectuaram uma acareação entre todos os detidos.

 

Entre os beneficiários desta liberdade estaria, conforme avançou a fonte, o oficial superior da Polícia Nacional e outros seis implicados neste processo e que foram detidos na primeira onda de prisões assim que foram conhecidos os meandros da trama contra o Banco Nacional de Angola. Presume-se que os detidos teriam querido se ver livres do sistema de encarceramento mais apertado da Cadeia da Comarca de Luanda para onde foram transferidos alguns dos implicados neste processo.

 

Antes de serem encaminhados para ali, os detidos no âmbito do “Caso BNA” estavam encarcerados nas instalações da Procuradoria e do supremo Tribunal Militar.

 

Neste momento, o processo continua em aberto e a Procuradoria Geral da República fez publicar esta quarta-feira nas páginas do único diário do país, o Jornal de Angola, um mandado de captura contra o também funcionário do Banco Nacional de Angola, Manuel Gomes Teca.


Versa o mandado de captura que Teca é acusado de crime de peculato e a sua ligação a este caso pode ser aferida com o facto do departamento da PGR que o pretende preso ser o mesmo a que está incumbida a responsabilidade de investigar e instruir o processo, o departamento de investigação e acção penal da Procuradoria Geral da República.

 

Uma fonte do Banco Nacional de Angola admitiu que as detenções possam continuar porquanto até hoje continuam a ser convocados funcionários implicados para responderem na Direcção Nacional de Investigação Criminal, de onde já não saem caso se confirme a sua participação na fraude, evitando deste modo a exposição perante os outros colegas.

 

Na área de recontagem, o sector sensível do banco, onde muitos funcionários abusaram da confiança que lhes havia sido depositada, várias pessoas continuam a ser requisitadas para serem investigadas.


Informações dos últimos dias do mês de Março dão conta da prisão de um funcionário com quem foram encontrados 230 sacos cheios de dinheiro em notas de dois mil Kwanzas das que estariam destinadas para o processo de queima.

 

O PAÍS tentou, sem sucesso, ouvir a Procuradoria Geral da República para conferir o montante recuperado até ao momento com mais esta diligência, mas não foi bem sucedido.

Por altura do primeiro pronunciamento público do Procurador Geral da República, João Maria de Sousa, dizia-se que pouco mais de 90 por cento do dinheiro desviado já estavam de volta aos cofres do Banco Nacional de Angola, havendo 15 milhões de dólares depositados em bancos no estrangeiro, mas que já tinham sido accionados mecanismos de cooperação com a Interpol para reaver os valores.

 

Os rostos do processo

 

Mesmo depois do procurador João Maria de Sousa ter garantido em entrevista à rádio pública a 3 do passado mês de Fevereiro, a divulgação dos nomes dos implicados no processo, continua por se saber oficialmente quem é quem.

 

Apesar de o processo investigativo continuar pela magnitude da fraude e a extensa rede de envolvidos, parece haver já informação bastante que permita inclusivé formular uma acusação formal e tornar público os seus nomes.

 

Esta mudez em relação ao assunto tem dado azo a comentários sobre as reais possibilidades deste processo chegar até ao fim, insinuando o envolvimento de pessoas sobre as quais seria escusado divulgar o seu engajamento.

 


A este respeito, os nomes e as fotos divulgadas são encontradas nas páginas do único diário do país, onde são mencionadas as profissões e local de trabalho, além da aposição do nome do procurador que está a conduzir o processo de investigação.

 

Foram conhecidos por esta via os nomes de Francisco mangumbal, Sérgio Joaquim José Manuel Raul António, Eduardo Francisco e Francisco de Carvalho. Manuel Gomes Tomás foi o último a ser procurado através de uma mandado de captura assinado a 8 do corrente mês pelo adjunto do procurador Domingos Baxe.

 

Nos últimos tempos notou-se a estratificação e decantação dos envolvidos em três níveis convencionados como sendo os do peixe miúdo e graúdo, respectivamente numa alusão clara à condição social dos implicados.

 

Além dos trabalhadores bancários de nível básico alguns, também foram detidos também são dados como envolvidos, empresários, oficiais superiores da Polícia entre outras franjas da sociedade angolana.