Luanda - A recente falência do Banco Americano Silicon Valley Bank (SVB) ocorreu devido à subida das taxas de juro no mercado americano que afectou negativamente a sua rentabilidade, quando os seus depositantes retiraram cerca de 42 biliões de USD, que impactaram na continuidade das operações bancárias, sendo que os órgãos reguladores americanos já tomaram intervenções para conter potenciais riscos sistêmicos.

Fonte: Kesongo

Este registo, entre outros, irão permitir a observância de novas regras prudenciais de controlo e procedimentos que visam recuperar os níveis de confiança do sector financeiro internacional, porque hoje verifica-se que as medidas não são suficientes para atenuar os riscos de falência de alguns bancos e, deste modo, causar uma nova crise financeira. Portanto, os bancos centrais em todo o mundo estão atentos e preocupados com o comportamento das finanças internacionais dos últimos tempos que exigirá, certamente, uma resposta robusta em termos políticas monetárias.

 

Recentemente, o Comité de Política Monetária do Banco Nacional de Angola (BNA) reduziu a taxa básica de juro de referência de 18% para 17%. De igual forma, reduziu a taxa de juro de facilidade permanente de cedência de liquidez de 18% para 17%, assim como a taxa de juro de facilidade permanente de absorção de liquidez de 14% para 13,5%. Foi uma medida em resposta à estabilidade e melhoria das condições de preços e podemos considerar que esta acção irá melhorar as condições ao processo de concessão de crédito à economia real. Portanto, as taxas de juro de referência do banco central é um tema de extrema importância para a economia nacional, na medida que afecta, positivamente, toda a actividade económica, afigurando-se como o ponto de partida para qualquer operação no campo das actividades financeiras.

 

É expectável que, com esta redução das taxas de juros no mercado, se verifique maior circulação de moeda na economia e, por outro lado, o custo do crédito torna-se mais barato, quer no mercado interbancário, quer para o cliente final, sendo que esta situação irá gerar uma aceleração da actividade económica "aquecimento”, facilitando aos agentes económicos o acesso a empréstimos e financiamentos e, desta forma, a classe empresarial terá oportunidades para realizar novos projectos de investimentos e atracção de investimento estrangeiro, uma vez que a taxa de juro também é um dos critérios qualitativos de ambiente de negócios.

 

Repare que os bancos comerciais estão confinados às taxas definidas pelo banco central para realizarem as suas operações e as taxas de juro mais baixas no mercado interbancário traduzem-se em maior confiança no mercado para potenciais agentes investidores, quer nacionais, quer estrangeiros, oportunidades de negócio para as PME (Pequenas e Médias Empresas), visto que estamos perante um novo ciclo económico que se manifesta com sinais de melhoria em alguns sectores de actividade económica, mas que ainda não se fazem sentir de forma a evidenciar a diversificação da economia de forma consistente e sustentável.

 

Ainda no âmbito das medidas de controlo, confiança e credibilidade do mercado nacional, o BNA anunciou que, até ao final do corrente mês, os bancos Keve e BNI deverão reforçar uma reserva de 1,00% do seu activo junto do banco central. No entanto, existem outras instituições financeiras notificadas a cumprir o mesmo procedimento de reforçar os fundos próprios, de modo a reduzir as fragilidades do sistema financeiro nacional, procedimento este que permite fortalecer as posições de solvabilidade destas instituições, uma vez que transacionam com outros bancos, incluindo instituições não bancárias, sob pena de ocorrência de riscos sistémicos e contágio ao sistema financeiro nacional.

 

O risco sistémico é um tema de extrema importância da agenda internacional, uma vez que o sentimento de crise de confiança no sector financeiro não se circunscreveu apenas aos EUA, como também a outras geografias, como o caso do banco europeu Credit Suisse, que no mês passado registou um arrombo financeiro de cerca de 8 mil milhões de dólares e foi obrigado a vender ao gigante UBS (União de Bancos Suíços) cerca de 3,2 mil milhões de euros, numa operação com o propósito de garantir a estabilidade financeira e o seu contágio na economia internacional. Mais uma vez, a palavra de ordem continua a ser o controlo, confiança e estabilidade do sistema financeiro, de forma a tranquilizar os mercados e a contaminação na zona euro.

 

A modernização e sofisticação dos mercado têm um alcance e dimensão extraordinariamente maior pelo número de intervenientes e operações transaccionais que o comporta, o que, de certa forma, atenua o efeito de recessão de qualquer crise financeira, visto que o registo de potencial crise dos bancos na europa pode ser facilmente resolvida com injecção de capital provenientes de outras zonas, o que era impensável há décadas.


* Economista