Luanda - Balanço do Serviço de Proteção Civil e Bombeiros aponta para seis mortos, dois desaparecidos e quase 5.300 famílias afetadas pelas chuvas torrenciais dos últimos dias em Angola. Precipitação deve continuar.

Fonte: Lusa

As últimas chuvas que caíram sobre a província angolana de Luanda provocaram seis mortos, cinco feridos, dois desaparecidos e a inundação de mais de 5.000 residências, anunciou esta sexta-feira (21.04) o Serviço de Proteção Civil e Bombeiros.

Segundo o porta-voz do Serviço de Proteção Civil e Bombeiros de Luanda, Faustino Minguês, as mortes foram registadas nos municípios de Belas (2), Talatona (2) e Viana (1), os mais atingidos pela intempérie.


Faustino Minguês disse que 5.197 habitações ficaram inundadas, 27 outras destruídas, afetando 5.294 famílias, que perfaz o total de 26.120 pessoas.

Os dados referentes às chuvas que caíram na quarta e na quinta-feira sobre a capital angolana, Luanda, indicam também a queda de 32 árvores, a inundação de oito escolas, de três postos de saúde e a destruição de dois postos de eletricidade de média tensão.

"As atualizações continuarão a ser feitas porque até ao preciso momento estamos ainda no terreno a trabalhar e esses números poderão sofrer alteração em função do trabalho que ainda está a ser feito", disse Faustino Minguês.


Estradas intransitáveis e cortes de energia

Na quarta e na quinta-feira, as chuvas deixaram vias intransitáveis, inundações, casas alagadas e carros a circular por estradas transformadas em rios na capital angolana.

Logo pela manhã, as principais vias de acesso ao centro da cidade entupiram-se de carros, com trânsito a intensificar-se sem possibilidade de fazer desvios. Outros luandenses sofreram com as dificuldades em arranjar transporte para ir trabalhar, com muitos a desistirem e a regressar a casa, enquanto outros optaram por ir a pé.

Noutros pontos, como na estrada de Kimbango para o Golf 2, a circulação estava ainda mais complicada devido a uma ponte que colapsou com a força das enxurradas.

A vila de Viana, na periferia de Luanda, foi das mais afetadas pelo temporal e em muitas áreas a grande concentração de lixo dificultou o escoamento das águas que avançaram sobre milhares de habitações.

Vários bairros ficaram também sem energia, devido à interrupção no fornecimento da Empresa Nacional de Distribuição de Eletricidade (ENDE), com a chuva a causar inundações de instalações elétricas e quedas de postes.

Os alagamentos chegaram até zonas consideradas nobres como Talatona, bairro suburbano de Luanda onde se localizam boa parte das empresas e vários condomínios luxuosos, onde muitas viaturas se encontravam quase submersas.


Precipitação deve continuar

Na chamada "Lagoa do Coelho", uma bacia de retenção na Estalagem (Viana), várias pessoas, sem outra possibilidade de passagem, atravessavam com água quase pela cintura ou criavam jangadas improvisadas para passar à força de remadas.

Citado pelo Novo Jornal, o administrador municipal de Viana, Demétrio de Sepúlveda, alerta que a bacia de retenção do Coelho, no bairro KM 9A, poderá transbordar, caso as chuvas regressem nas próximas horas - uma forte possibilidade, segundo uma fonte do instituto meteorológico angolano citada pela agência de notícias Lusa.

As chuvas em Luanda duplicaram este ano comparativamente a igual período anterior e a capital angolana deve continuar a registar forte precipitação nos próximos dias, por vezes acompanhada de ventos fortes e trovoadas, de acordo com Gomes Muanza, coordenador do departamento de Vigilância Meteorológica do Instituto Nacional de Meteorologia (INAMET) de Angola.


Namibe também contabiliza danos

No município de Moçâmedes, capital da província do Namibe, várias famílias ficaram sem casa devido às inundações, segundo o correspondente da DW no local, Adilson Liapupula.

No bairro dos Eucaliptos, um dos mais afetados pelas chuvas, a Escola 4 de Agosto foi obrigada a suspender as aulas, depois de a água ter invadido as salas.

O mercado dos Eucaliptos, o segundo maior mercado informal e mais populoso, também não foi poupado. Vendedoras pedem agora à administração municipal uma intervenção no local para melhorar as condições de trabalho.

Há registo de estragos também no setor da saúde, com o posto médico inundado, criando muitos constrangimentos aos moradores do Bairro dos Eucaliptos e Forte Santa Rita. Neste momento, está apenas a funcionar o serviço de urgência.