Luanda - Makivakila Cláudio é um ancião, contabilista e professor universitário para quem o semanário “Valor Económico” abriu, recentemente, as suas páginas para expor as suas ideias.

Fonte: Club-k.net

Makivakila Cláudio lançou um desafio à jovem que foi lançada para o Governo por Archer Mangueira e, desde 2017, alegadamente “protegida” do director dos Serviços de Inteligência e Segurança do Estado (SINSE): Vera Daves, auxiliar do Titular do Poder Executivo no departamento de Finanças do Governo.

 

Foi a ela a quem o entrevistado lançou o desafio. Mas - no meu entender - o verdadeiro destinatário deveria ser o Titular do Poder Executivo.

 

Makivakila Cláudio lançou o seu desafio nos seguintes termos: “Desafio a ministra das Finanças a cortar todas as mordomias aos ministros e a pagar-lhes apenas os salários”. Palavra de ancião; ouvimos, sim, senhor com a atenção e o respeito que se impõe.

 

Não conheço Makivakila Cláudio. Nunca o vi. Nem magro, nem gordo. Nem alto, nem baixo. Todavia, penso que o seu desafio faz sentido.

 

No lugar de Makikavila Cláudio, a minha aguilhoada não ficaria pelo corte das prebendas, mordomias e subsídios apenas aos ministros. Ela seria extensiva a governadores provinciais e aos seus vices, administradores municipais, administradores de empresas públicas.

 

O repto teria de abranger todos os cargos de confiança política. Nem que isso significasse acabar, de uma vez por todas, com a prática do “The Job for te Boys” no partido.

 

Adiante. O desafio foi lançado. Mas tenho a “certeza matemática” que vai ser ignorado com sucesso por falta de vontade política.

 

O desafio apresentado por Makivakila Cláudio só faria sentido num País onde o Presidente da República se importasse com o povo e os auxiliares desse tivessem responsabilidade e sentido de Estado.

 

Em Angola não faz sentido este tipo de desafios e Makivakila Cláudio arricas-se a ver o seu nome no “índex” por ter ousado por em causa o privilégio dos Servidores Públicos do momento.

 

Todavia, compreendo e apoio incondicionalmente o pensamento de Makivakila Cláudio. Ou não fosse ele avisado e oportuno. Mau grado caírem em ouvidos moucos.

 

Não sou apologista da teoria que sustenta a política de “privilégios para uns, sacrifício para a maioria”, como ocorre em Angola.

 

Houvesse coragem política para se responder ao desafio de Makivakila Cláudio, os jovens que se acotovelam nas fileiras dos partidos para serem ministros, governadores, administradores municipais e de empresas públicas seria mais curta.

 

Só iria querer ser ministro, governador, administrador municipal ou de empresas públicas quem, de facto, tivesse vontade e vocação de servir o povo e não a avidez de se servir, abotoando-se do orçamento posto à disposição do seu departamento.

 

Houvesse vontade política de se pagar melhor os técnicos do que aos ministros, governadores, administradores municipais e de empresas públicas, o número de jovens capazes de “matarem e esfolarem” para terem uma oportunidade de estarem no Governo, para também abiscoitar dinheiros públicos, não seria tão grande.

 

Se o desafio de Makivakila Cláudio fosse aceite e posto em prática, os partidos estariam às moscas, porque a oportunidade e desejo de muitos serem ministros e similares seria “uma em mil”.

 

Mas não; estão lá à espera da sua vez. Conhecem como o Sistema funciona. Há que conjugar o Verbo Esperar no Presente do Indicativo nas fileiras do partido para a qualquer momento ser catapultado para o cargo de ministro. Pois, afinal de contas, é como ministro - esta é a lógica em Angola - que se vive bem e se tem a oportunidade de fazer a vida.

 

É a oportunidade que se tem de possuir e vender cabritos sem nunca ter tido cabras. Pois é!