Luanda - O Relatório dos Repórteres Sem Fronteiras divulgado nesta quarta-feira (3/5), Dia Mundial da liberdade de imprensa, elegeu a Rádio Ecclesia (Emissora Católica de Angola) e a MFM como sendo os únicos órgãos de comunicação social independentes em Angola.

*Anastácio Sasembele
Fonte: Eclesia

O Relatório indica para a predominância da imprensa pública no País, sendo que das cerca de 120 estações de rádio, apenas vinte são privadas, duas das quais são consideradas independentes: a Rádio Ecclesia, ligada à Igreja Católica, e a Rádio MFM.


A indicação das duas estações radiofónicas privadas mereceu reacções a exemplo do Secretário-geral do Sindicato dos Jornalistas Angolanos, Teixeira Cândido, que diz ser justo o reconhecimento.


Da mesma visão partilha o presidente do MISA-ANGOLA, o jornalista André Mussamo.


No relatório, os Repórteres Sem Fronteiras, entre várias abordagens, garantem que, em Angola, ainda é comum que jornalistas sejam alvo de processos e, às vezes, condenações muito pesadas quando realizam investigações que abordam assuntos sobre a governação e matérias judiciais.


O Relatório lembra que nos últimos anos, vários jornalistas foram agredidos ou presos por breves períodos.


Nesta 21.ª edição do 'ranking', Angola perde 26 lugares, ocupando a centésima vigésima quinta posição.


Para sustentar os estudos realizados, a Repórteres sem Fronteiras indica que existem três canais de TV públicos e alguns privados. Em 2020, os dois veículos privados TV Zimbo e Palanca TV passaram a ser controlados pelo Governo.


E dos muitos jornais privados que surgiram com o advento da política multipartidária em 1992, apenas quatro ainda existem em versão impressa.


Quanto ao contexto político, a referida organização internacional diz que depois de uma aparente abertura em 2017, o Presidente da República de Angola João Lourenço limitou suas trocas com os meios de comunicação, reduzidas a uma colectiva de imprensa em formato muito restritivo: cinco meios de comunicação convidados, com direito a duas perguntas cada e nenhuma pergunta complementar. O acesso à informações públicas e fontes governamentais é difícil, diz o documento, e a censura e a autocensura continuam presentes.