Luanda - Gilson da Silva Moreira, mais conhecido por "Tanaice Neutro" é um jovem músico angolano. Tem 34 anos. Cansado dos desequilíbrios e da desigualdade que grassa em Angola, tornou-se ativista de direitos humanos, falando e cantando publicamente sobre as dificuldades que ele, a sua família e a generalidade da população em angola, vivem todos os dias naquele país.

Fonte: TSF

Ele expressa-se artisticamente sobre esses problemas sociais que afetam os angolanos: a pobreza, a desigualdade, a má governação, a corrupção, o difícil acesso aos serviços de saúde, até as dificuldades de levantar o pouco dinheiro que têm numa caixa multibanco, para pelo Natal por exemplo, comprar algo para a família. É isto mesmo que ele diz num dos seus últimos vídeos em dezembro de 2021.


Na sua própria música, ele canta a pobreza, a doença, a exclusão e a fome em Angola.

Luanda - Uma das suas canções chama-se mesmo "Protesto" e descreve os desafios com que o povo angolano se defronta e as razões por detrás da onda de ativismo pela liberdade e pela justiça que é crescente entre os jovens. É na rua em manifestações, nas suas redes sociais e na sua música que se faz ouvir e incomoda os poderes instalados.

Em janeiro de 2022 foi preso.

Em outubro de 2022, 10 meses depois, foi-lhe dada uma sentença suspensa de prisão de um 1 ano e 3 meses pela prática do crime de ultraje ao Estado por ter insultado o presidente angolano.


A sentença foi lida pelo juiz em Luanda e aí dada a ordem de libertação de Gilson Moreira. O ministério público, descontente e como é de seu direito, interpôs recurso.

Em vez de aguardar em liberdade - espantemo-nos - o jovem continuou preso, como que preventivamente - enquanto decorre o recurso e já ultrapassando qualquer prazo legal de prisão preventiva em Angola.


O jovem continua preso até hoje. Um ano e 5 meses. Já cumpriu mais tempo preso que a própria pena de prisão suspensa a que foi condenado definia.
Está doente, sem acesso a cuidados médicos adequados, longe da sua família e da sua esposa.


Sete meses depois da decisão de libertação, o ativista continua preso.


A Amnistia Internacional tem percebido um padrão, de novo crescente, de ativistas e defensores de direitos humanos que estão a ser visados e perseguidos pelas autoridades angolanas, por expressarem livremente as suas opiniões. O jovem Tanaice Neutro é apenas um de muitos.


A organização tem a decorrer uma ação urgente que apela ao ministro da Justiça e dos Direitos Humanos em Angola que faça cumprir a ordem do tribunal e o liberte imediatamente tal como assegure a anulação da sua condenação pois ela resulta apenas do exercício do seu direito de liberdade de expressão.


Ser ministro de Justiça e Direitos Humanos num país onde há prisioneiros de consciência, não faz qualquer sentido. Aqui fica também o meu apelo, Sr. Ministro Marcy Cláudio Lopes: Liberte Gilson da Silva Moreira. Deixe-o continuar a cantar aquilo que o seu governo e o de João Lourenço deviam fazer e implementar.