Luanda - Uma suposta manifestação contra a atual direção da UNITA está convocada para o dia 31 de maio para exigir a destituição de Adalberto Costa Júnior. O que tem o partido a dizer também sobre o aumento das críticas ao líder?

Fonte: DW

O porta-voz do Galo Negro garante à DW que não reconhece como verdadeiros militantes os indivíduos que exigem a destituição do atual Presidente, Adalberto Costa Júnior. "Eles são tudo, menos militantes da UNITA", afirma Marcial Dachala, em entrevista à DW África.

 

DW África: Como encara as notícias que dão conta da contestação interna, no seio da UNITA, contra o atual presidente?

Marcial Dachala (MD): O direito à manifestação é um direito consagrado na Constituição. Agora, dizer que militantes do nosso partido vão-se manifestar para pedir a demissão de quem quer que seja - há que dizer que essas pessoas não são militantes. Os militantes exprimem as suas opiniões nos órgãos dos partidos. Ir para a rua pedir qualquer coisa, que normalmente se pede dentro do partido é uma coisa que, em inglês, se apelida de 'troublemaker', um fazedor de desordem e confusão. Por cá usa-se o termo 'arruaceiro'...

 

DW África: Se a UNITA não os reconhece como militantes do partido, no seu entender, de onde vêm essas críticas?

MD: Adalberto Costa Júnior incomoda o establishment angolano, razão pela qual ele já foi alvo de uma impugnação por parte de um órgão jurídico de alta responsabilidade. Portanto, os seus adversários não desistem. Adalberto Costa Júnior, que é tido como portador das esperanças dos angolanos em geral, incomoda o establishment. Ponto final. Logo, todas as manobras e tentativas de o prejudicar vão continuar a acontecer. Mas ele está preparado e, com ele, estamos todos nós, dentro da UNITA.


DW África: Os organizadores da manifestação falam de falta de espaço para críticas dentro da UNITA. Como reage a isso?

MD: Isso é para rir. Isso é mesmo para rir! Se há uma personalidade verdadeiramente democrata, na política angola, essa pessoa é o Engenheiro Adalberto Costa Júnior. Portanto, essas acusações não correspondem à verdade. Eu sou membro de vários órgãos do partido e sei como, internamente, a democracia é cultivada no dia a dia, entre nós. Portanto todos esses que gritam, fora das instituições, não são aceites. Porque dentro do partido dialoga-se, não se grita. Portanto, de certeza absoluta, que essas vozes roucas, velhas corujas, são vozes montadas por alguém, pertencente a determinados círculos...

 

DW África: Os organizadores da manifestação acusam também, em declarações à imprensa angolana, Adalberto Costa Júnior de receber financiamento de Isabel dos Santos...

MD: Quem diz isso é tão mentiroso, quanto ele respira. Ele mente, como ele respira...

 

DW África: Teme que estas críticas à liderança de Adalberto Costa Júnior possam criar instabilidade dentro do partido UNITA?

MD: Afeta o partido, fortalecendo na sua vocação de criar cada vez mais unidade e cada vez mais coesão interna. Afeta, portanto, pela positiva. Porque as crises aprofundam as convicções e a entrega daqueles que são verdadeiramente membros e militantes da UNITA. Há momentos em que é necessário expurgar os elementos malévolos e os elementos que não estão ao serviço do partido, mas sim ao serviço de outros interesses.