Lisboa – A reunião que o Presidente da República, João Lourenço teve recentemente com as chefias militares na província do Cuando Cubango, foi assinalada com um episódio constrangedor em que o alto mandaria, ao ouvir coisas que não queria, ordenou a retirada da maioria dos presentes ficando apenas um grupo restrito de oficiais.

Fonte: Club-k.net

Realizada na Cidade de Menongue, para onde se deslocou para testemunhar manobras militares, o episódio constrangedor aconteceu no momento em que o novo Chefe de Estado Maior General das FAA, Altino Carlos José dos Santos apresentava um relatório sobre a situação do exercito, cujo teor deixou o Chefe de Estado completamente surpreendido. Quando a alta patente apresentava o ponto de situação do défice de logística, e situações que tem perigado a pontualidade dos salários dos militares, o Presidente ordenou que a sala fosse esvaziada ficando apenas algumas figuras chaves.

 

“Na reunião com as chefias militares, o Chefe do Estado-Maior General das FAA, General de Aviação Altino Carlos José dos Santos fez um “ponto da situação” empolgante e muto detalhado. Descreveu de maneira profunda, exaustiva e claríssima o panorama na sociedade castrense”, lê-se num artigo sobre o mesmo tema de autoria do jornalista Artur Queiroz, antigo assessor da Inteligência Militar, até 2016.

 

Apesar de receber periodicamente relatórios sobre a situação do exercito angolano, o Presidente João Lourenço, segundo fontes do Club-K, ficou surpreendido com o conteúdo das preocupações que o general Altino dos Santos estava a apresentar. Para os presentes, ficou notado que o Presidente não tem lido os relatórios sobre os problemas do exercito que o CEMGFAA lhe faz chegar regularmente ao gabinete. Assim que regressou a Luanda, os soldados começaram a receber os salários que estavam em atraso.

 

Desde 2008, que os soldados das FAA, não registravam atrasos de salários, e graves problemas de logística como agora. Para Artur Queiroz, o Presidente angolano ficou mal na fita, relatando que “No Cuando Cubango fizeram um truque que já não se usa. Os militares receberam os salários no dia em que o comandante-em-chefe chegou ao local das manobras. Coisas destas são escusadas e mostram um nível político muito baixinho”.

 

“As condições da tropa dentro e fora dos quartéis são péssimas. Até este momento os salários ainda não foram pagos! Salários em atraso é uma constante que começa a cansar”, escreveu o jornalista lamentando que o Presidente João Lourenço, naquela ocasião de comandante-em-chefe, não manifestou nenhuma “palavra de solidariedade. Nem uma promessa de que se vai bater por mudanças”.

 

A surpresa com que o Chefe de Estado se deparou com o relatório das FAA que lhe foi apresentado no Cuando Cubango, faz paralelismo com alertas de vários analistas reiterando que João Lourenço não lê os documentos que chegam no seu gabinete resultando em erros como os de nomear dirigentes falecidos.

 

Devido a alegada desatenção de Lourenço - em não ler os documentos - um ministro junto a presidência Adão de Almeida que por força do decreto 180/A-20, o representa junto dos tribunais – induz-lhe aos sucessivos erros como notou o jornalista Jorge Eurico num dos seus escritos.

 

“Por isso é da mais elementar justiça dizer, com todos as vogais e consoantes, que Adão de Almeida tem responsabilidades na baderna em que se transformaram os tribunais e os órgãos de Justiça na sua generalidade, nestes dias de uma Angola sem alento e de remotas esperanças”, escreveu o profissional da comunicação social.

 

Para Eurico, o ministro Adão de Almeida “poderia aconselhar, com acuidade, responsabilidade e a necessária competência, sem promover apenas amigos, o Presidente da República, de sorte a tirar da “bagunça” em que se encontram os tribunais e os demais órgãos de Justiça”.


O Presidente do Tribunal Supremo Joel Leonardo, deverá ser uma das entidades que percebeu que o Presidente angolano não presta atenção dos papeis que lhe chegam. Todos os pedidos Leonardo são aprovados incluindo o de nomeação um dirigente Carlos Cavuquila que tem processos de corrupção a decorrer na justiça angolana.

 

Em privado, Joel Leonardo – que está a ser investigado por corrupção - faz questão de lembrar que não faz nada sem o conhecimento do Presidente da República.