Luanda - O ministro da Economia e Planeamento de Angola está em digressão pela Europa acompanhado de uma delegação de alto nível. A visita de negócios iniciou na República Checa e termina amanhã em Paris, França. Antes, Mário Caetano João esteve em Berlim, na Alemanha, onde concedeu uma entrevista exclusiva à DW África

Fonte: DW

O governante espera que a agricultura angolana cresça 8% nos próximos cinco anos.


Mário Caetano João falou sobre a situação da Economia angolana a um público de empresários durante o encontro "Business Forum Angola", realizado, na sexta-feira (12.05), na Embaixada da República de Angola em Berlim. E afirmou que o objetivo da digressão à Europa é atrair parcerias e investidores, com foco especialmente no agronegócio, a exemplo da produção e exportação de grãos.

 

DW África: Foi recebido no Ministério dos Negócios Estrangeiros da Alemanha. O que foi falado neste encontro?

Mário Caetano João (MCJ): O encontro foi muito interessante. Passámos em revista as áreas de cooperação entre os dois países e há uma cooperação muito dinâmica. Também [falámos] sobre a participação de Angola na resolução dos conflitos nos Grandes Lagos e como tem sido o nosso trabalho em torno deste tema. Mas também vimos em que áreas podemos aprofundar mais a nossa cooperação. Abordámos temas novos, como a questão do hidrogénio verde, as áreas de energias renováveis, etc. Vimos também a boa experiência que tivemos com a formação dos nossos quadros cá, na Alemanha. E era uma formação de quadros não apenas para cursos [de nível] superior, mas também médio e profissional. E, neste aspeto, a secretária de Estado [alemã] disponibilizou-se em nos ajudar a formar esta força de trabalho, com cursos profissionais.


DW África: Vem também em busca de parceiros e negócios. Qual é a área em foco?

MCJ: Em foco está o agronegócio, porque, nos últimos três ou quatro anos, a agricultura tem estado a crescer em torno de 5%. E nós esperamos crescer cerca de 8% nos próximos cinco anos. Isto porque vamos injetar, com financiamentos aos operadores económicos, cerca de 1,5 milhões de dólares [ca. 1,13 milhões de euros] anualmente. Com isso, temos a certeza de que os outros setores ligados à cadeia de transformação e valor dos produtos agrícolas - por exemplo, a indústria, o transporte, o comércio - possam vir a ter uma dinâmica interessante.

Além disso, estamos a prever um crescimento de 16% para as pescas. Imagine que, na agricultura, por exemplo, temos então ingredientes para produzir ração animal. Nesse sentido, podemos ver uma dinâmica bem acelerada também [no setor] das pescas. E nos transportes esperamos ver um crescimento de 13%. Na indústria, deverá ser algo em torno dos 5%. Veremos efetivamente os outros setores da cadeia do agronegócio a serem dinamizados.

 

DW África: Qual é a razão para, neste momento, o foco estar no agronegócio, com o sub-foco na produção de grãos?

MCJ: Angola tem vantagens comparativas em relação a outras regiões no que diz respeito à produção agrícola. O grão tem valências estratégicas. Pode ser armazenado - basta ser devidamente secado. É, por isso, um produto estratégico. Os grãos são a matéria-prima para a produção animal. Com os grãos, produz-se ração animal. Não é possível ter produção animal sem esse produto: 95% da ração animal é composta por dois produtos – a soja e o milho.

 

DW África: Mas a ideia é ter a base para produção animal em Angola? Ou tornar Angola um grande produtor e exportador na área de grãos? Qual é o foco?

MCJ: O foco é a produção para consumo humano: termos grãos e deixarmos de importar. Com isso, desenvolvermos a cadeia de valor destes grãos. Com a produção de grãos, teremos a produção em escala para a indústria. Para o consumo animal, é claro que a cadeia de valor é bem mais ampla.