Luanda - A Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) em Angola, liderada pelo bispo Alberto Segunda, diz que atualmente não há obstáculos legais à reabertura dos templos, mas ainda aguarda um pronunciamento público do Estado.

Fonte: DW

Alberto Segunda explicou esta terça-feira (16.05), em conferência de imprensa, que os locais de culto ainda não abriram porque estão à espera de um "procedimento administrativo" e querem "um pronunciamento público" sobre estas questões por parte do Estado angolano.

 

"Entendemos que todos os templos deveriam já estar abertos e acreditamos que vão abrir, de forma gradual, até por conta do estado crítico dos edifícios", disse o bispo da IURD, já que alguns destes, ao longo dos três anos, "ficaram degradados devido a chuvas e falta de manutenção."


Em novembro de 2019, dissidentes da IURD em Angola acusaram a direção brasileira de crimes financeiros, racismo, discriminação e abuso de autoridade, entre outros, e constituíram uma ala reformista, encabeçada por Valente Bizerra Luís, entretanto reconhecida pelo Governo angolano como legítima representante do movimento religioso fundado por Edir Macedo.

Na sequência, foram constituídos arguidos quatro membros da liderança da IURD, que foram absolvidos em março de 2022, da maioria das acusações, exceto o ex-responsável Honorilton Gonçalves, condenado a três anos de prisão, de pena suspensa, pelo crime de violência física e psicológica.

A sentença, que transitou em julgado em 21 de dezembro de 2022, determinou também o desbloqueio das contas e restituição dos bens arrolados ao processo, nomeadamente os templos que tinham sido apreendidos pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de Angola e lacrados por determinação legal.


"Muitas notícias falsas"

Na conferência de imprensa, Alberto Segunda salientou ainda que a IURD é autónoma em Angola e dirigida 100% por angolanos. "Contamos com cerca de cem pastores, todos de nacionalidade angolana, rejeitamos a ideia de se tratar de uma ala brasileira", disse.

O bispo criticou as "muitas notícias falsas" contra a igreja cujo objetivo é manchar o nome das entidades e desafiou o advogado David Mendes - que representou o ramo dissidente no processo movido contra os líderes da IURD - a provar "onde há corrupção", salientando que a igreja "é contra essas práticas" e anunciando que vai intentar uma queixa-crime contra o advogado.

Em entrevista exclusiva ao correspondente da DW África Borralho Ndomba, o bispo da IURD decreve a atitude de David Mendes com as seguintes palavras: "Nós prometemos processar o advogado da ala da reforma pelas difamções e calúnias. E o mais grave é quando ele tenta ligar a IURD ao Estado. Não fica bem a um advogado desse nível."

David Mendes tinha acusado o Governo de enviar a polícia para impedir a realização de um culto e agredir fiéis dissidentes da IURD.

A DW tentou ouvir a reação de David Mendes, mas o advogado, ex-depudado e comentador da TV Zimbo não estava contactável até ao fecho desta edição.