Lisboa – De todos os elementos da rede de extorsão instalada no Tribunal Supremo e que está a ser investiga pela Procuradoria-Geral da República, o Juiz Desembargador Salomão Raimundo Kulanda, é até a presente data o único que ainda não foi notificado para prestar declarações, apesar do seu nome estar na lista das suspeitas de peculato.

Fonte: Club-k.net

A ESPOSA DO AMIGO É PROCURADORA

De acordo com fontes do Club-K, o envio da notificação ao Juiz “Salu” Kulanda tem vindo a ser atrapalhada por força da grande amizade existente entre o mesmo e o director da Direção de Investigação e Acção Penal (DNIAP), Wanderley Bento Mateus (foto).

 

 

Joel Leonardo, o líder do grupo também nunca foi ouvido por gozar de imunidades e do apoio pessoal do Presidente da República João Lourenço, mas foi alvo de buscas no seu gabinete. A primeira vez impediu que a operação se realizasse, alegando que os magistrados da DNIAP não tinham competências para o efeito. Aceitaria poucos dias depois, após condicionar que o assunto não deveria ser do conhecimento de nenhum jornalista. Antes das buscas mudou todos os computadores do Tribunal Supremo.


Em finais de Fevereiro, a PGR constituiu arguido Isidro Coutinho João, o ‘braço direito’ do presidente Joel Leonardo. Tem notificado outros elementos da referida rede de extorsão instalada no Tribunal Supremo. Isidro Coutinho João fez-se acompanhar por Carlos Salombongo, o advogado da referida.

 

A antiga financeira do Tribunal Supremo, Irina Isabel Gomes Martins Apolinário, foi também notificada. Porém, por se encontrar foragida em Portugal, fez-se representar, numa das convocatórias pelo seu pai, a fim de explicar o pagamento de mais de 100 milhões de kwanzas que Joel Leonardo ordenou para a sua empresa ULONGUIÇO. A referida empresa recebe pagamentos e trabalhos de limpeza e de jardinagens que nunca foram realizados no Tribunal Supremo.

 

Salomão Kulanda, é o único elemento da rede de Joel Leonardo que o DNIAP, está com dificuldades de notificar devido as relações de amizade com Wanderley Bento Mateus.

 

De acordo com apurações os magistrados da PGR, revelam-se decididos em constituir Kulanda, como arguido por crime de peculato mesmo que a medida vá contra a vontade do seu superior Wanderley Mateus.

 

A esposa do Juiz Salomão Kulanda, é também procuradora do DNIAP, e referenciada como a figura que reencaminha casos ao advogado Carlos Salombongo, que encabeça o trafico de sentenças no Tribunal Supremo. Para além de advogado, Salombongo é igualmente primo de Joel Leonardo.

 

O Juiz Salomão Raimundo Kulanda, está a concorrer para o concurso curricular de Presidente do Tribunal de Contas. Por estar a ser investigado pela PGR, o prestigiado jurista angolano Jaime Joaquim José, declarou nesta terça-feira aos microfones da Radio Despertar
que o Juiz Salomão Kulanda, deveria declarar-se impedido enquanto durar as investigações.

 

O jurista levantou uma segunda alternativa recomendando que a comissão de júri, deve afastar Salomão Raimundo Kulanda, para que o mesmo esteja a disposição da justiça, que tem em mãos o processo (Número Único do Processo 7898/2023 - DNIAP), que investiga os escândalos de corrupção envolvendo a rede de Joel Leonardo.


Nascido no planalto central, “Salú” Kulanda, foi quadro da Polícia Nacional no passado. Estudou direito e tornou-se Juiz de direito no Tribunal Provincial do Huambo e de Viana. Em 2019, o Presidente do Tribunal Supremo Joel Leonardo, seu primo, fez dele Juiz Desembargador exercendo as funções equiparadas a um Secretário Geral do CSMJ. Desde que passaram a trabalhar juntos, o primo “Salú” Kulanda, passou a ser identificado como alguém que estará com um rendimento desproporcional ao seu ordenado, tais como duas casas em Portugal morando numa residência de alto padrão.

 

É igualmente, o juiz que a quem o Presidente do Supremo mandou produzir um circular numero 10/CICGT.CSMJ/2022, com o tema “solicitação de transferência”, na qual ordena todos os tribunais a depositarem as arrecadações para uma conta bancaria no banco BCI, controlada por Joel Leonardo. O propósito foi o de controlar diretamente os fundos da corte suprema angolana.

 

Tal como referido, o novo candidato a Presidente do Tribunal de Contas é frequentemente citado como ligado a rede de Joel Leonardo acusada de ter negociado a “morte” de um processo crime (No 5196/19) que envolve altos responsáveis do governo provincial do Huambo condenados por peculato em Março de 2020. Quando o assunto subiu – por via do recurso – para o Supremo, o jurista “Salú” Kulanda, foi citado como a entidade do gabinete de Joel Leonardo que terá negociado com os réus resultando no anulamento do processo. Os réus, por sua vez, foram devolvidos a liberdade ficando os bens e fundos desviados do Estado.